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Ministro do TCU afirma que governo quer cercear liberdade

"Isso é tentar evitar de se discutir uma matéria que toda a sociedade tem que saber. É um cerceamento de liberdade", disse o ministro do TCU Augusto Nardes


	Augusto Nardes, ministro do TCU: "Isso é tentar evitar de se discutir uma matéria que toda a sociedade tem que saber. É um cerceamento de liberdade"
 (Wilson Dias/ABr)

Augusto Nardes, ministro do TCU: "Isso é tentar evitar de se discutir uma matéria que toda a sociedade tem que saber. É um cerceamento de liberdade" (Wilson Dias/ABr)

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Da Redação

Publicado em 5 de outubro de 2015 às 06h45.

Brasília - O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, relator do processo que julgará as contas de 2014 da presidente Dilma Rousseff, disse que a decisão do governo de pedir seu afastamento do caso tem, por objetivo, cercear o direito de liberdade da corte de contas em deliberar sobre o assunto.

À reportagem, Nardes reiterou que não liberou seu voto para ninguém, a não ser para os ministros da corte, conforme prevê o regimento do tribunal. "

Estou tranquilo, não divulguei nada. Se houve conhecimento prévio pela imprensa, não foi por mim. Além disso, essa matéria [sobre as pedaladas fiscais] já foi julgada pelo ministro José Múcio, e veio a público o seu voto", comentou Nardes.

"Esse é um trabalho coletivo, não é um trabalho só do relator. Essa matéria está sendo discutida a 90 dias."

Perguntado sobre como recebeu a notícia de ser alvo do processo movido pela Advocacia-Geral da União (AGU), Augusto Nardes disse que o governo, em vez de se explicar e responder aos questionamentos da corte, passa a atacá-lo.

"Isso é tentar cercear a liberdade e cercear o tribunal. É tentar evitar de se discutir uma matéria que toda a sociedade tem que saber. É um cerceamento de liberdade", disse o ministro.

O relator lembrou ainda que, quando era presidente do TCU, chegou a receber um pedido de suspeição contra o então ministro José Jorge, que relatava um processo sobre a polêmica refinaria de Pasadena, comprada pela Petrobras.

"Tentaram retirar José Jorge da relatoria e não conseguiram."

Segundo Nardes, mesmo com a movimentação do governo, nada muda no calendário da votação das contas, que está marcada para a próxima quarta-feira.

"Não vai ser adiada, vamos votar na próxima sessão, porque quem decide isso é o tribunal. Quem decide sobre a suspeição é o tribunal", comentou.

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