Governo precisa resgatar credibilidade fiscal em 2011, diz Tendências
Economia Felipe Salto afirma que o cumprimento da meta de superávit primário no ano passado só foi obtido por causa de manobras fiscais
Da Redação
Publicado em 31 de janeiro de 2011 às 13h24.
São Paulo - O governo vai excluir os investimentos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) para anunciar o cumprimento da meta de superávit primário em 2010. Trata-se de um resultado fiscal frágil, cheio de manobras.
A análise é do economista da Tendências Consultoria Felipe Salto, que participou nesta segunda-feira (31) do programa “Momento da Economia”, na Rádio EXAME.
“O governo lançou mão de uma série de manobras fiscais, a chamada contabilidade criatividade, incluindo subterfúgios, receitas adicionais, uma manobra de 32 bilhões de reais da Petrobras, receitas futuras da Eletrobrás para o BNDES, depósitos judiciais, enfim, uma série de medidas que inflaram as receitas. Com isso tenta-se produzir uma falsa impressão de que, mesmo expandindo os gastos, o resultado fiscal vai bem”, diz Salto.
O especialista em contas públicas avalia que o esforço efetivo do governo precisa voltar a refletir a informação prestada pela meta fiscal. “Daqui pra frente, se esse regime de metas de superávit primário quiser voltar a ter algum objetivo prático relevante, essas práticas de contabilidade criativa vão precisar ser completamente abandonadas.”
Para 2011, a prioridade é resgatar a credibilidade da política fiscal. “Nós acreditamos que o esforço fiscal efetivo do governo, que no ano passado foi de 1,87% do PIB, precise subir para 3% em 2011. Para isso, o contingenciamento será entre 54 bilhões de reais e 56 bilhões de reais. Provavelmente o orçamento de investimentos vai precisar sofrer algum corte, o que não é de todo ruim porque o orçamento sempre fica acima daquilo que é executado. É só o governo melhorar um pouco o nível de eficiência.”
Na entrevista (para ouvi-la na íntegra, clique na imagem acima), o economista da Tendências Consultoria explica, em detalhes, as manobras fiscais do governo e analisa o impacto dos gastos públicos na missão do Banco Central de combater a inflação.