Eliseu Padilha: "nós vamos chegar de qualquer forma lá no final de 2018, temos convicção absoluta" (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 2 de junho de 2017 às 12h22.
O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou em entrevista à Rádio Gaúcha nesta sexta-feira, 2, que o governo tem "convicção absoluta" de que vai chegar até o final de 2018 com Michel Temer (PMDB) na Presidência.
Padilha disse ainda que a crise política "vem perdendo força" e que acredita que o Planalto continuará contando com o PSDB na base aliada.
"Nós vamos chegar de qualquer forma lá no final de 2018, temos convicção absoluta", disse o ministro, que justificou que o governo está tendo "vitórias e vitórias no Congresso" e citou as aprovações das sete medidas provisórias na semana passada. "Não posso admitir que não haja nenhuma crise, mas que ela já foi muito mais forte e vem perdendo força é absolutamente indiscutível."
Sobre o apoio do PSDB, Padilha disse que "no processo político, sempre temos variáveis", mas que a sigla é governo. "Acreditamos, sim, que vamos contar com o PSDB. Aliás, nós já estamos contando com o PSDB."
Questionado sobre uma eventual apresentação de denúncia contra Temer por parte da Procuradoria Geral da República (PGR), Padilha lembrou que é preciso que 2/3 da Câmara dos Deputados aprove esta denúncia antes que ela chegue ao Supremo Tribunal Federal (STF).
"Enquanto isso não acontecer, não se discute essa questão de legitimidade", disse Padilha, que lembrou que a gravação apresentada por Joesley ainda passa por perícia. "Essa denúncia se baseará nesses elementos desta fita e vamos dizer, mais uma vez, que a fita ainda se encontra sob perícia por determinação do STF."
Padilha também comentou, na entrevista, o encontro fora da agenda entre o presidente Michel Temer (PMDB) e o empresário Joesley Batista, da JBS, e disse que considera a prática "normal".
"Eu participei de jantares com dirigentes de grandes empresas, grandes grupos empresariais, inclusive de comunicação, que não estavam na agenda do presidente. Chegava de última hora, foi feito contato e foram recebidos. E essa recepção vai até tarde da noite", justificou o ministro.
Ainda segundo o ministro, o governo não teme eventual delação do deputado suplente Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor de Temer. Nesta sexta-feira, o presidente também afirmou, em entrevista à revista Istoé, que não teme qualquer delação por parte do ex-assessor.
"Ele (Temer) acha que o deputado Rodrigo Rocha Loures vai manter esse perfil ético em relação a ele, Michel, que teve durante todo esse tempo. Não há qualquer tipo de preocupação", disse o ministro, lembrando que o presidente conhece o ex-deputado há 10 anos, inclusive sua "origem familiar".
Padilha disse que não teria como opinar o motivo pelo ex-assessor ter recebido uma mala com R$ 500 mil. Rocha Loures chegou a ser flagrado, em vídeo, correndo com a quantia até um táxi. "Ele é um aliado do Palácio do Planalto, mas o Palácio do Planalto não pode sair atrás de busca de explicação pelos atos de cada uma daquelas pessoas que trabalham no governo, e atos que não dizem respeito à sua atuação como representante do governo."
Para o ministro da Casa Civil, Rocha Loures "caiu em um engodo" ao ser filmado com a mala de dinheiro. "A versão que nos chegou é que ele caiu em um engodo, que havia a necessidade de gravar ele com essa mala, com esse dinheiro."
Ministro. Sobre a Medida Provisória que confere status de ministro a Moreira Franco, alvo de investigação da Lava Jato, Padilha afirmou que o caso é "completamente diferente" de quando a presidente cassada Dilma Rousseff nomeou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil. "O ministro Moreira Franco já estava dentro do governo, praticando ações como se ministro fosse. No caso do presidente Lula, ele estava fora e iria entrar no governo."
Padilha afirmou, ainda, que "o fato de nomear alguém ministro de forma alguma significa obstrução de justiça". Com a MP, Moreira Franco mantém a prerrogativa de foro.