(Eduardo Frazão/Exame)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 8 de janeiro de 2021 às 13h23.
Última atualização em 8 de janeiro de 2021 às 14h11.
O governo de São Paulo decidiu, nesta sexta-feira, 8, alterar algumas regras da quarentena no estado para deixar a mudança para fases mais difícil. Com isso, colocou 13 regiões na fase 3 amarela, e outras quatro regiões na fase 2 laranja. A escala vai de 1 vermelha - a mais restrita - até a 5 azul. A quarentena entra em vigor na segunda-feira, 11, e tem validade até dia 5 de fevereiro.
Isso significa que 90% da população do estado está na fase 3 amarela da quarentena, e 10% ficaram na fase 2 laranja. Na fase 3 amarela, o comércio pode abrir com 40% da capacidade, com algumas especificações de horário, sendo mais restrito no período noturno (veja abaixo).
A Grande São Paulo está nesta fase 3 amarela desde o começo de dezembro, e só teve alteração no horário máximo de abertura do comércio e de shoppings, que passou de 12 horas para 10 horas por dia.
Apesar de ter reduzido o horário de funcionamento na fase 3 amarela, na fase 2 laranja a abertura foi no sentido oposto e ficou mais flexível. Setores, como os bares e salões de beleza, que antes estavam proibidos de funcionar, agora podem abrir. A capacidade do comércio aumentou, de 20% para 40% (veja abaixo).
Ficaram na fase 2 laranja as regiões de Presidente Prudente, Marília, Sorocaba e Registro, estas três últimas ficaram com atividades mais restritas em relação à última classificação.
Além das mudanças no funcionamento do comércio, o comitê de saúde alterou critérios de classificação. Entre as novidades está na taxa de ocupação de leitos de UTI. Uma região vai para a fase 2 laranja, por exemplo, assim que atingir 70% de taxa de ocupação de leitos de UTI, antes era 75%.
A quarentena estava prevista para ser alterada no estado na quinta-feira, 7, mas o governador João Doria (PSDB) decidiu adiar a atualização por conta do anúncio de eficácia de 78% da vacina do Butantan/Sinovac em casos leves da doença nos testes realizados no Brasil.
A decisão de deixar mais rígida a quarentena, especialmente no período noturno, ocorre uma semana depois das festas de fim de ano, período em que diversos especialistas de saúde alertaram sobre aglomerações e que o resultado seria uma explosão de casos. O tempo de manifestação dos sintomas de covid-19 logo após o contato com o vírus se dá em até 14 dias, por isso, os números devem subir ainda mais nos próximos dias.
O estado São Paulo tem um total de 1.528.952 casos confirmados e 48.029 mortes causadas pela covid-19, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde. A média diária de novos casos está em 7.552 e se mantém neste patamar desde o começo de dezembro. Somente nos últimos três dias, os casos confirmados ficaram acima de 12.000, número comparado ao pico da doença no estado, no meio de 2020.
A taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 63% no estado e em 65% na Grande São Paulo. Todo o estado tem um total de 5.000 pessoas internadas em leitos de UTI.
Antes do Natal, o Centro de Contingência da Covid-19 do estado de São Paulo chegou a emitir uma carta se mostrando preocupado com as aglomerações das festas de fim de ano.
No período de festas, o governo de São Paulo decidiu deixar por poucos dias a quarentena mais restrita em todas as regiões. O objetivo do governo estadual foi frear o avanço da covid-19, que registou um aumento de 68% nos casos da doença no mês de dezembro. Mas os números apontam que a estratégia não se mostrou eficaz.
A Grande São Paulo está com uma taxa de ocupação de leitos de UTI de 65%. A média diária de internações (somando enfermaria e UTI) está em 758 uma das mais altas desde o começo de novembro. A média de casos está em 2.889, quase o dobro do registrado há dois meses.
Em algumas regiões do interior os dados são mais preocupantes. Em Sorocaba, a ocupação de leitos de UTI está com 74%, e a média diária de novas internações é de 56, valor que se mantém há um mês e é similar ao registrado no pico, em julho. Somente na quinta-feira, 7, foram registradas 70 internações, um dos mais altos números desde o início da pandemia.