Gestão Doria estuda definir áreas controladas para uso de drogas
Neste domingo, policiais fizeram uma operação na Praça Santa Isabel, contra usuários de drogas; Horas depois, eles já haviam retornado ao local
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de junho de 2017 às 07h39.
Última atualização em 12 de junho de 2017 às 12h40.
São Paulo - A Prefeitura e o governo de São Paulo realizaram ontem uma nova ação para a retirada de dependentes químicos e limpeza, desta vez na Praça Princesa Isabel, região central. Horas depois, os usuários já haviam retornado ao local e, segundo o Município, serão impedidos de montar tendas e barracas.
O coordenador do programa Redenção, o psiquiatra Arthur Guerra, disse ao Estado que estuda a possibilidade de, no futuro, haver áreas controladas para o consumo de droga na cidade.
A afirmação foi feita por Guerra após a operação, ao explicar o funcionamento das estruturas de acolhimento da Prefeitura.
"Hoje disponibilizamos 150 lugares em contêineres e mais 120 lugares em abrigos para que os usuários possam passar a noite e tomar uma canja. Eles não são obrigados a se tratar, se quiserem podem chegar lá drogados, o que ainda não dá é para usar a droga no local. Mas quem sabe, no futuro, passe a poder." O Estado apurou que um dos obstáculos para a decisão é como lidar com o tráfico de drogas.
Com 550 PMs, a ação da Força Tática e do Choque começou às 5 horas, quando os agentes cercaram a praça. Ao perceber a movimentação, parte dos usuários e traficantes da nova Cracolândia passou a seguir em direção à estação da Luz e ao Elevado João Goulart, abandonando as barracas montadas desde 21 de maio, quando houve a ação policial que os tirou da antiga Cracolândia.
Viaturas bloqueavam as Avenidas Rio Branco e Duque de Caxias quando o helicóptero da PM sobrevoou pela primeira vez a área, às 6h25, e mais viciados saíram.
Fogueiras - acesas para espantar o frio (a temperatura média à noite foi de 8,7°C) - foram alimentadas pelos dependentes. O fogo atingiu barracos e se espalhou. A PM acionou os bombeiros e o Choque entrou na praça.
Os policiais percorreram toda a praça em meia hora. Homens do Choque, com escudos, avançaram sem resistência dos que ainda estavam lá. Um viciado acordou no meio do fogo, com queimaduras no braço, e foi socorrido. Agentes da Prefeitura limparam a área.
Três pessoas foram detidas: dois traficantes e um usuário acusado de agredir um jornalista. Denilson dos Santos, de 23 anos, e Elenilson Lopes da Silva, de 39 anos, carregavam 774 gramas de crack, R$ 1.596 e uma balança. Foram levados ao Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) e autuados por tráfico.
Na Avenida Rio Branco, um viciado aguardava o fim da limpeza para ver se recuperava uma carroça, abandonada às pressas. "Só deu tempo de pegar o cobertor e uma rapadura", disse, se recordando depois que salvara a cadeira de metal acolchoada em que estava sentado.
Atendimento
O alojamento para acolhimento em contêineres teve baixa demanda. Apenas quem havia pernoitado no local continuou por lá. Às 9 horas, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito João Doria, ambos do PSDB, foram à praça, para onde os dependentes voltaram depois de circular pelo centro.
A estratégia, segundo a Prefeitura, era espalhar os viciados para facilitar a abordagem dos agentes de saúde e o encaminhamento para tratamento.
"Este é um trabalho permanente, não vai resolver (o problema) do dia para noite. Quando há concentração você facilita a vida do traficante, atrai pessoas e dificulta a abordagem", afirmou Alckmin. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.