Garotinho: no registro, o secretário municipal de Campos dos Goytacazes resiste à transferência e diz que teme por sua vida (Renato Araújo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de novembro de 2016 às 13h55.
Última atualização em 18 de novembro de 2016 às 17h30.
Rio - Um áudio distribuído por grupos de Whatsapp registra o momento em que policiais federais anunciaram que iriam transferir o ex-governador Anthony Garotinho do Hospital Municipal Souza Aguiar para o Hospital Hamilton Agostinho Vieira de Castro, no Complexo Gericinó, em Bangu, na zona oeste, na noite da quinta-feira, 17.
No registro, o secretário municipal de Campos dos Goytacazes resiste à transferência e diz que teme por sua vida.
"Levar é o cacete. Eu não vou. Isaías do Borel, tem um monte de preso lá que foi tudo eu que botei na cadeia. Estão doidos para me levar para lá para me matar. Sabe que quarta-feira eu tenho reunião com dr. (Rodrigo) Janot para entregar o resto da quadrilha. Isso tudo foi armado. Eu não vou", reage.
A transferência foi decidida pelo juiz federal Glaucenir Silva de Oliveira, da 100ª Zona Eleitoral de Campos, depois de receber informações sobre "diversas regalias no Hospital Souza Aguiar, onde se encontra internado sob suspeita de doença ainda sequer identificada".
Leia a transcrição do diálogo do ex-governador com agentes da PF:
- Mate o homem, aqui.
- A gente só precisa te levar. Se você não fizer força, é melhor.
- Levar é o cacete. Matem o homem.Eu não vou. Isaías do Borel, tem um monte de preso lá que foi tudo eu que botei na cadeia. Estão doidos para me levar para lá para me matar. Sabe que quarta-feira eu tenho reunião com dr. Janot para entregar o resto da cadeia. Isso tudo foi armado. Eu não vou, cara.
- O senhor vai. Porque o senhor está preso com decisão judicial. Nós vamos cumprir a ordem judicial
- Me matar é uma decisão sua.
-O senhor vai. A opção vai ser sua de ir na paz, ir muito bem ou (inaudível).
Imagens feitas no momento da transferência do ex-governador, dentro do hospital Souza Aguiar, mostram que Garotinho reage com chutes, mas é contido por agentes federais. Ao mesmo tempo, gritam a também ex-governadora Rosinha Garotinho e a deputada federal Clarissa Garotinho, respectivamente, esposa e filha do político.
Na manhã desta sexta-feira, 18, Rosinha e um cardiologista particular levaram medicamentos e receberam autorização extraordinária para visitar o ex-governador, que também está sendo acompanhado por um cardiologista da Secretaria de Administração Penitenciária.