Brasil

Funcionários depõem em inquérito sobre empresas ligadas a Cabral

O inquérito investiga suposto esquema de lavagem de dinheiro por meio de empresas de fachada para dar aparência de legalidade a dinheiro de propina

Cabral: o ex-governador é um dos acusados (Valter Campanato/Agência Brasil)

Cabral: o ex-governador é um dos acusados (Valter Campanato/Agência Brasil)

AB

Agência Brasil

Publicado em 19 de outubro de 2017 às 17h52.

Prestaram depoimentos hoje (19) ao juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara da Justiça Federal no Rio de Janeiro, responsável por inquéritos da Operação Lava Jato no estado, três ex-funcionários de Sérgio Cabral e de outros denunciados.

Eles falaram sobre, aparentemente sem prestação de serviços, à Survey Mar e Serviços Ltda e o uso de seus nomes como "laranja" na propriedade de empresas.

O inquérito investiga suposto esquema de lavagem de dinheiro por meio de empresas de fachada para dar aparência de legalidade a dinheiro de propina.

Os acusados são o ex-governador Sérgio Cabral, o dono da FW Engenharia, Flávio Werneck; o contador da FW, Alberto Conde; a ex-mulher de Sérgio Cabral, Susana Neves; o irmão do ex-governador, Maurício Cabral; e Carlos Miranda, um dos envolvidos, que não ocupava cargo no governo.

A denúncia se refere ao uso da empresa Survey Mar e Serviços Ltda, ligada a Flávio Werneck, para dar aparência lícita ao pagamento em propina.

O ex-sócio da Survey, Paulo Rezende da Silva, disse que entrou como sócio da empresa a pedido de Alberto Conde por ser, na época, casado com a neta dele, com quem tem uma filha.

Porém, Silva negou qualquer participação nos esquemas e informou que nunca fez nenhuma movimentação ou autorização financeira ou tratou de serviços ligados à empresa.

Segundo Silva, o endereço que consta como sede da Survey, em Guapimirim, na verdade é um sítio da família Conde, que chegou a frequentar em ocasiões de festas ou fins de semana, sem nenhuma atividade empresarial.

Já a ex-secretária pessoal de Cabral, Sonia Ferreira Baptista, disse que trabalhou para o ex-governador com cargo comissionado, na época em que Cabral foi parlamentar, mas desde que ele deixou o Senado, passou a ser secretária particular e cuidava dos assuntos domésticos dele.

Ela afirmou que se reportava a Carlos Miranda, que ordenava os pagamentos necessários, inclusive para a ex-esposa de Cabral.

"Eu me reportava ao senhor Carlos Miranda, ficava em um escritório, e tudo que eu precisava que fosse pago, passava pra ele e ele mandava pagar. Ttratava de despesas pessoais da Suzana, geria às vezes pagamento de funcionários da Araras [empresa de consultoria de Suzana], seguro dos carros, IPVA. Quando quebrava um carro, eu cuidava de pagar a franquia do seguro. Eu entregava dinheiro a ela e ela pagava, dinheiro que eu pegava com o Carlos Miranda".

Segundo a ex-secretária, Miranda solicitava eventualmente a emissão de notas fiscais em nome da empresa Araras Empreendimentos, de Suzana, para ser paga pela FW.

Sonia disse que entrou como sócia da empresa LRG, de propriedade de Miranda, a pedido dele, mas que nunca foi informada ou autorizou qualquer movimentação em nome da empresa.

A ex-secretária da FW, Nádia Lubi Martins de Oliveira, disse que pegava notas fiscais em nome da Survey no escritório de contabilidade de Conde, a mando de Flávio Werneck, e ordenava os pagamentos.

Ela confirmou que tinha contato telefônico com Sonia, que cobrava pagamentos em atraso das notas da Araras.

Os três prestaram depoimento na condição de testemunha.

Acompanhe tudo sobre:GovernadoresJustiçaOperação Lava JatoPolíticos brasileirosSergio Moro

Mais de Brasil

Barroso afrouxa regra para câmeras da PM em SP, mas exige uso obrigatório em comunidades

Trens e metrô terão tarifa mais alta a partir de janeiro; saiba quando e valores

PM afasta policial que atirou à queima-roupa em rapaz em São Paulo

Tarifa de ônibus em SP será de R$ 5,00; veja quando passa a valer