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Fukuyama: Brasil vive 'ponto de inflexão'

Historiador diz que nova classe média é "setor privado muito melhor educado que a geração de seus pais já que viveram a estabilidade e exigem mais dos governos"

O historiador Francis Fukuyama em foto de 21 de outubro de 2002 (©afp.com / Eric Feferberg)
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Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2016 às 15h47.

Washington - O Brasil, imerso em uma histórica onda de protestos por melhorias sociais, está em um "ponto de inflexão" a partir do qual poderá se beneficiar de reformas para obter um maior desenvolvimento ou se estancar, estimou nesta sexta-feira o historiador americano Francis Fukuyama.

"Acredito que um país como o Brasil está em um ponto de inflexão muito interessante porque tem uma nova classe média", disse Fukuyama durante entrevista coletiva em Washington sobre governabilidade e instituições públicas na América Latina.

Segundo Fukuyama, a classe média tradicional do Brasil dependia muito do Estado, base para a corrupção e o clientelismo no país.

Precisamente, as denúncias contra a corrupção na classe governante são o ingrediente principal das manifestações em massa que ocupam as ruas de centenas de cidades do Brasil, associadas à exigência de melhores serviços públicos e contra os gastos com a Copa do Mundo em detrimento da saúde e da educação.

De acordo com Fukuyama, a nova classe média brasileira, filha do contínuo desenvolvimento econômico das últimas duas décadas no Brasil, é um "setor privado muito melhor educado que a geração de seus pais, já que viveram a estabilidade e exigem mais dos governos".

A presidente Dilma Rousseff, surpreendida inicialmente pelos protestos, tentava esta semana conter a insatisfação popular com uma proposta de referendo sobre as reformas políticas.

Fukuyama, que organizou este ano um livro de artigos de diversos autores sobre "a brecha do desenvolvimento entre América Latina e Estados Unidos", comparou a crise brasileira aos processos sociais que se forjaram nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha há mais de um século.

"Foi através da formação de coalizões entre a classe média que os novos atores sociais, que não tinham voz no sistema vigente, tentaram obter esta voz".

Mas no caso do Brasil, o futuro das manifestações, de seus promotores e do país se definirá de duas maneiras, dependendo da resposta do Estado, previu Fukuyama durante palestra na sede do Banco Interamericano de Desenvolvimento, em Washington.

Os manifestantes "podem ser ameaçados ou podem pedir reformas sob a liderança apropriada e acredito que isto determinará se o Brasil nos próximos 25 ou 30 anos vai se parecer mais com o sul da Itália ou a Grécia ou com a Grã-Bretanha e os Estados Unidos após suas reformas", concluiu.

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Washington - O Brasil, imerso em uma histórica onda de protestos por melhorias sociais, está em um "ponto de inflexão" a partir do qual poderá se beneficiar de reformas para obter um maior desenvolvimento ou se estancar, estimou nesta sexta-feira o historiador americano Francis Fukuyama.

"Acredito que um país como o Brasil está em um ponto de inflexão muito interessante porque tem uma nova classe média", disse Fukuyama durante entrevista coletiva em Washington sobre governabilidade e instituições públicas na América Latina.

Segundo Fukuyama, a classe média tradicional do Brasil dependia muito do Estado, base para a corrupção e o clientelismo no país.

Precisamente, as denúncias contra a corrupção na classe governante são o ingrediente principal das manifestações em massa que ocupam as ruas de centenas de cidades do Brasil, associadas à exigência de melhores serviços públicos e contra os gastos com a Copa do Mundo em detrimento da saúde e da educação.

De acordo com Fukuyama, a nova classe média brasileira, filha do contínuo desenvolvimento econômico das últimas duas décadas no Brasil, é um "setor privado muito melhor educado que a geração de seus pais, já que viveram a estabilidade e exigem mais dos governos".

A presidente Dilma Rousseff, surpreendida inicialmente pelos protestos, tentava esta semana conter a insatisfação popular com uma proposta de referendo sobre as reformas políticas.

Fukuyama, que organizou este ano um livro de artigos de diversos autores sobre "a brecha do desenvolvimento entre América Latina e Estados Unidos", comparou a crise brasileira aos processos sociais que se forjaram nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha há mais de um século.

"Foi através da formação de coalizões entre a classe média que os novos atores sociais, que não tinham voz no sistema vigente, tentaram obter esta voz".

Mas no caso do Brasil, o futuro das manifestações, de seus promotores e do país se definirá de duas maneiras, dependendo da resposta do Estado, previu Fukuyama durante palestra na sede do Banco Interamericano de Desenvolvimento, em Washington.

Os manifestantes "podem ser ameaçados ou podem pedir reformas sob a liderança apropriada e acredito que isto determinará se o Brasil nos próximos 25 ou 30 anos vai se parecer mais com o sul da Itália ou a Grécia ou com a Grã-Bretanha e os Estados Unidos após suas reformas", concluiu.

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