França confiante que vai vender Rafales ao Brasil
Governo francês voltou a defender o caça, apesar de Lula ter dito que deixará compra para o próximo governo
Da Redação
Publicado em 8 de dezembro de 2010 às 15h53.
Paris - O governo francês confia na venda ao Brasil do caça Rafale em uma licitação bilionária, apesar do anúncio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que deixará a decisão para a sucessora Dilma Rousseff.
"Temos confiança", declarou o porta-voz do governo francês, Francois Baroin, ao fim do conselho de ministros.
"Li as declarações de Lula citadas pela imprensa, mas não comento. Temos confiança", acrescentou.
Em uma entrevista à TV Brasil, que teve trechos divulgados na terça-feira pela Agência Brasil, Lula anunciou que não decidirá sobre a compra dos aviões de combate, em uma disputa entre a francesa Dassault, a americana Boeing com o F/A-18 Super Hornet e a sueca Saab com o Gripen NG.
"É uma dívida muito grande, é uma dívida a longo prazo para o Brasil. Eu poderia assinar e fazer um acordo com a França, mas não vou fazer", disse Lula.
O resultado da licitação que oscila entre quatro e sete bilhões de dólares ficará nas mãos de Dilma Rousseff, que assumirá a presidência em 1º de janeiro de 2011.
Em setembro de 2009, durante uma visita oficial ao Brasil, o presidente francês Nicolas Sarkozy anunciou que a França venderia o Rafale ao país.
Em seu editorial desta quarta-feira, o jornal francês Le Monde afirma que o anúncio de Lula poderia "dar um golpe no Rafale" e considera que é uma "má notícia para a Dassault".
"O fabricante de aviões francês corre o risco, caso a presidente eleita abra uma nova licitação, de não ser o favorito", disse o Le Monde, antes de assegurar que seus rivais Boeing e Saab "multiplicaram as pressões para desacreditar a oferta francesa".
A França até hoje não conseguiu exportar o caça. O Le Monde lembra as tentativas frustradas com Holanda, Coreia do Sul, Cingapura e Marrocos.
Lula afirmou que o avião francês era o favorito e que a Dassault se comprometeu a transferir a tecnologia. Mas a Aeronáutica prefere a versão sueca, segundo a imprensa brasileira.