Brasil

Fracasso do Mais Médicos faz governo contratar cubanos

Anúncio da contratação de 4 mil médicos cubanos seguiu os mesmos parâmetros acertados em maio pelo ministro Antonio Patriota


	Saúde: acordo para a vinda dos médicos cubanos envolve os ministérios da Saúde do Brasil e de Cuba e a Organização Pan-americana de Saúde
 (Michele Tantussi/Bloomberg)

Saúde: acordo para a vinda dos médicos cubanos envolve os ministérios da Saúde do Brasil e de Cuba e a Organização Pan-americana de Saúde (Michele Tantussi/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2013 às 18h58.

Brasília - Três meses depois de desautorizar o anúncio feito pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, o governo volta atrás. O anúncio da contratação de 4 mil médicos cubanos nesta quarta-feira, 21, seguiu os mesmos parâmetros acertados em maio durante a visita do chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez, em maio - na época, com 6 mil profissionais. O acordo foi negado logo depois por causa da repercussão negativa.

A reação de médicos, da oposição e mesmo de parte da população, que via na vinda dos cubanos uma simpatia com a ilha de Fidel, fez o governo minimizar a questão, descartar o acordo e desautorizar o anúncio de Patriota. A conversa, no entanto, era muito mais antiga: havia começado na visita da presidente Dilma Rousseff a Havana, em janeiro de 2012.

Uma das dificuldades era justamente o acordo ter que ser feito com o governo cubano, que usa os seus médicos como produto de exportação e meios de obter divisas. O salário baixo pago aos cubanos, que podia dificultar sua sobrevivência no país, e as notícias de que parte deles é formada de "fiscais", que controlam os demais médicos, era mais uma dificuldade para vender o pacote cubano. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, mudou o discurso, afirmando que o Brasil buscaria estrangeiros, com foco em portugueses e espanhóis, e que a inscrição seria individual, o que tiraria Cuba da lista.

No entanto, o fracasso do Mais Médicos em atrair profissionais brasileiros e estrangeiros tornou mais fácil justificar o acordo. No início deste mês, Padilha já falava em voltar a conversar com os cubanos. Hoje, afirmou: "Nós vamos fazer todo o possível para prover a população com atendimento médico de qualidade".

O acordo para a vinda dos médicos cubanos envolve os ministérios da Saúde do Brasil e de Cuba e a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), que fará o contrato com a ilha de Fidel Castro. De acordo com Padilha, o Brasil repassará à Organização exatamente a mesma quantia que pagará aos médicos brasileiros: R$ 10 mil por mês, mais até R$ 30 mil de custos de mudança, em um contrato total de R$ 511 milhões até fevereiro de 2014.

A diferença é que os cubanos verão uma pequena parte desse dinheiro. Todos os recursos serão entregues ao governo cubano, que fará o pagamento - em média, em outros contratos semelhantes, 30% do recebido pelo governo cubano. Padilha, no entanto, afirma que não cabe ao governo brasileiro questionar isso e que não sabe qual será o salário dos cubanos. O representante da OPAS no Brasil, Joaquín Molina, responsável direto pela negociação, também disse não saber quanto ganhariam os cubanos. "A preocupação do ministério é que esses profissionais tenham qualidade para fazer o atendimento, tenham condições de atender bem a população", afirmou o ministro, lembrando que os profissionais receberão moradia e alimentação dos municípios onde irão trabalhar.

Acompanhe tudo sobre:Mais MédicosMédicosSaúdeSaúde no BrasilSUS

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP