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'Fluminense' era a senha para repasse da Odebrecht ao PDT

Código foi definido entre o tesoureiro do PDT e o ex-diretor da Odebrecht Ambiental, responsável por negociar a adesão do partido na chapa Dilma-Temer

Odebrecht: nomes de jogadores do Fluminense eram códigos para recebimento de repasse de caixa 2 (Mariana Bazo/Reuters)

Odebrecht: nomes de jogadores do Fluminense eram códigos para recebimento de repasse de caixa 2 (Mariana Bazo/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de março de 2017 às 16h31.

Brasília -- Com a escalação do Fluminense em mente, um emissário da Odebrecht bate à porta do escritório do tesoureiro do PDT, Marcelo Panela, na Avenida Nilo Peçanha, centro do Rio, em 2014.Nas mãos, o funcionário carrega um pacote com R$ 1 milhão, deixado no local somente depois de mencionar e ouvir como resposta o nome de um jogador do tricolor carioca. No universo das negociações de repasses de caixa 2 para a compra de apoio da legenda em 2014, essa era a senha e a contrassenha utilizadas para a efetivação de repasses ao PDT.

O código foi definido previamente entre o tesoureiro e o ex-diretor da Odebrecht Ambiental Fernando Reis, responsável por negociar a adesão do PDT na chapa presidencial de Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014. O primeiro encontro entre os dois ocorreu numa cafeteria em São Conrado, também no Rio. A partir daí, Reis passou a ser chamado pelo codinome Canal. A escolha da citação do nome de um jogador do Fluminense seria uma sugestão de Panela, torcedor fanático do time carioca, assim como o presidente da legenda, Carlos Lupi.

Após acertos, pacotes foram entregues em ao menos quatro ocasiões, nos dias 4 e 11 de agosto e 1 e 9 de setembro de 2014. A cada ida do emissário foi deixado no escritório R$ 1 milhão, em espécie, oriundo de caixa 2.

Segundo declarações de Reis ao ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman Benjamin, a quantia poderia ter chegado a R$ 7 milhões, valor que foi autorizado a negociar com integrantes do PDT. Mas ficou em R$ 4 milhões porque, após a primeira oferta, não houve questionamentos. O montante serviria para garantir, além do apoio político do PDT, o tempo de TV, de cerca de 51 segundos. Pelo acerto, cada segundo adicionado pelo PDT à chapa presidencial do PT custou R$ 78 mil.

Segundo Reis, o pedido para que negociasse o ingresso do PDT na chapa foi feito pelo ex-diretor da Odebrecht Alexandrino Alencar. E ocorreu após Marcelo Odebrecht, herdeiro e ex-presidente do grupo, informá-lo que o ex-ministro Guido Mantega cobrava repasses para outras legendas da base aliada.

Por meio de nota, o presidente do PDT, Carlos Lupi, chamou as declarações de Reis ao TSE de calúnias. "É importante esclarecer que o ônus da prova cabe ao acusador. O PDT vai agir no âmbito da Justiça." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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