Flávio Bolsonaro é chamado a depor sobre suposto vazamento na PF
Suspeita é que o senador e filho do presidente demitiu assessor após ter informações sigilosas de inquérito em andamento na operação Furna da Onça
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de junho de 2020 às 19h03.
Última atualização em 19 de junho de 2020 às 19h15.
O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro intimou o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) a prestar depoimento na investigação que apura supostos vazamentos da Polícia Federal sobre a Operação Furna da Onça. Além de Flávio, serão ouvidos os advogados Ralph Hage Vianna e Christiano Fragoso.
A investigação faz parte do procedimento aberto para apurar declarações feitas pelo ex-aliado do governo, o empresário e pré-candidato à prefeitura do Rio, Paulo Marinho (PSDB), de que o filho mais velho do presidente foi previamente avisado da operação que trouxe à tona as movimentações atípicas nas contas de seu ex-assessor Fabrício Queiroz, preso nesta quinta-feira, 18.
O ex-funcionário de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio foi citado em um relatório do antigo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf), o que arrastou o então deputado para o centro de uma investigação criminal sobre suposto esquema de desvio de salários em seu gabinete, a chamada 'rachadinha'.
Marinho afirma que, segundo relato do próprio Flávio, um delegado da Polícia Federal avisou das investigações pouco depois do primeiro turno das eleições daquele ano e informou que membros da Superintendência da PF no Rio adiariam a operação para não prejudicar a disputa de Jair Bolsonaro (sem partido) no segundo turno.
Em virtude do foro por prerrogativa de função, o Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial no Rio solicitou que o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, encaminhe a intimação. Flávio terá 30 dias, a contar do recebimento, para marcar o depoimento.
O advogado de Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef, dono da casa onde Fabrício Queiroz foi encontrado, classificou a revelação de Marinho como uma 'cortina de fumaça'. Já o próprio Flávio disse que a acusação é uma 'invenção' e afirmou que o empresário tem interesse em prejudicá-lo, já que é seu suplente no Senado Federal.