Fim do foro privilegiado volta à pauta do Supremo
ÀS SETE - Chamado “foro por prerrogativa de função” determina que quase 55.000 ocupantes de cargos públicos possam ser processados
Da Redação
Publicado em 23 de novembro de 2017 às 06h35.
Última atualização em 23 de novembro de 2017 às 07h18.
O Supremo Tribunal Federal retoma nesta quinta-feira o julgamento que determina se haverá restrições ao foro privilegiado de políticos e autoridades na vigência do mandato.
O “foro por prerrogativa de função” determina que quase 55.000 ocupantes de cargos públicos possam ser processados, a depender da posição, apenas pela Suprema Corte, pelo Superior Tribunal de Justiça ou pelos demais tribunais superiores de cada área de atuação.
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Em tempos de Operação Lava-Jato, em que a punição a políticos corruptos depende da celeridade das mais sobrecarregadas cortes do país, o foro é tido como responsável pela impunidade aos poderosos. O Supremo condenou, em quatro anos de Lava-Jato, um total de zero acusados.
Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a tendência é que os ministros do Supremo formem maioria com o relatório apresentado pelo ministro Roberto Barroso.
De acordo com o texto, políticos só terão direito ao foro privilegiado se o crime do qual forem acusados tiver sido cometido no exercício do mandato e for relacionado ao cargo que ocupam.
Há previsão, contudo, de que a tramitação da matéria seja novamente interrompida por um pedido de vista do ministro Dias Toffoli.
Pedidos de vista não têm prazo para serem devolvidos ao Plenário. A restrição do foro havia sido interrompida por Alexandre de Moraes em 1º de junho e será retomada agora.
Para pressionar Toffoli, os ministros favoráveis ao relatório articulam a antecipação do voto para assegurar maioria. Acompanharam o relatório de Barroso os ministros Marco Aurélio Mello, Rosa Weber e Cármen Lúcia. Luiz Fux e Edson Fachin, que vêm vocalizando seu descontentamento com a proteção às autoridades e sobrecarga do Judiciário, devem se somar ao grupo. O Supremo tem atualmente na fila 531 inquéritos e ações penais de pessoas com foro.
Paralelamente, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou nesta quarta-feira uma proposta própria que restringe o foro privilegiado ao presidente da República, seu vice e presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal.
Aprovada no Senado, a proposta vai a uma comissão especial antes de ir a Plenário. A tramitação pode modificar o texto, o que a mandaria de volta à outra casa do Congresso.
A pressa em aprovar a matéria no Congresso é uma tentativa dos parlamentares de retomar o protagonismo do tema. Por casuísmo ou interesse genuíno, o fato é que o avanço da pauta é uma ótima notícia para o país.