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Fim da tradição? Casamento civil e religioso despencou no Brasil em duas décadas

União consensual ultrapassou a cerimônia tradicional pela primeira vez na história do país, segundo Censo 2022

Entre pessoas com 60 anos ou mais, o casamento tradicional chega a 31,8%. (santypan/Thinkstock)

Entre pessoas com 60 anos ou mais, o casamento tradicional chega a 31,8%. (santypan/Thinkstock)

Luanda Moraes
Luanda Moraes

Colaboradora

Publicado em 5 de novembro de 2025 às 10h00.

O casamento civil e religioso, aquele que acontece na igreja e é registrado em cartório, deixou de ser a forma mais comum de união no Brasil. Os dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira, 5, mostram que essa modalidade caiu de 49,4% em 2000 para 37,9% em 2022.

Pela primeira vez, a união consensual — quando o casal mora junto sem formalizar a relação — ultrapassou o casamento formal. No levantamento mais recente, 38,9% das pessoas em união conjugal viviam dessa forma.

Registro civil ganha destaque entre casais

O casamento só religioso, sem passar pelo cartório, também despencou no período de quase duas décadas. De acordo com o IBGE, esse tipo de união passou de 4,4% em 2000 para 2,6% em 2022.

Por outro lado, a única modalidade que cresceu foi o casamento só no civil, sem passar por cerimônia religiosa. Esse modelo passou de 17,5% em 2000 para 20,5% em 2022, mas ainda assim não compensou a queda do casamento tradicional completo.

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Quanto maior a renda, mais casamento formal

De acordo com os dados do IBGE, a formalização da união está diretamente ligada ao bolso dos brasileiros. Para quem ganha cinco salários mínimos ou mais, o casamento civil e religioso atingiu 54,3% das uniões em 2022.

Já entre quem recebe até meio salário mínimo, apenas 24,2% optaram pela cerimônia tradicional. A diferença mostra que casar oficialmente ainda é uma escolha mais acessível para quem tem melhor condição financeira.

Brancos e idosos predominam com o método tradicional

O recorte de raça também mostra que há uma disparidade entre os brasileiros, com predominância de pessoas brancas formalizando a união da forma tradicional.

Entre esse grupo, o casamento civil e religioso é a escolha de 46% dos casais, enquanto entre pardos e pretos são de apenas 31,6% e 32,5%, respectivamente. Para indígenas, a proporção é ainda menor, ficando em 20,3%.

Vale destacar que a idade também pesa nessa decisão. Entre pessoas com 60 anos ou mais, o casamento tradicional chega a 31,8%. Já na faixa de 30 a 39 anos, esse número despenca para 17,8%, mostrando que os mais jovens preferem a união consensual.

Como esperado, a manutenção do casamento formal está diretamente ligado com pessoas religiosas. Entre católicos, segundo os dados, 40% escolheram o casamento civil e religioso, enquanto os evangélicos têm percentual parecido, com 40,9%.

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