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Fiesp no 1º dia útil com dois presidentes: Josué Gomes comanda reunião da sede

Reunião teve um clima de “tranquilidade”; objetivo foi discutir a criação de um comitê de governança dentro da Fiesp

Prédio da Fiesp, na avenida Paulista (Julia Moraes/Fiesp/Divulgação)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de janeiro de 2023 às 06h45.

Enfrentando um impasse em relação a quem preside a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, o empresário José Gomes ocupou a cadeira de presidente normalmente e comandou uma reunião nesta segunda-feira, 23, em que fez uma espécie de autocrítica da sua gestão, segundo relatos de executivos presentes ao encontro. Nomeado pelos opositores na sexta-feira, 20, para presidir a entidade, Elias Miguel Haddad não compareceu à sede da Fiesp na Avenida Paulista.

A reunião convocado por Josué durou mais de duas horas e teve um clima de “tranquilidade”. O objetivo foi discutir a criação de um comitê de governança dentro da Fiesp. “Foi uma reunião bem franca, em que todos puderam falar”, afirmou um executivo presente ao encontro que preferiu não se identificar. Representantes da oposição - que chegaram a votar contra as explicações do executivo na semana passada - participaram da reunião desta segunda. Cerca de 40 entidades estiveram presentes.

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Um dos pontos discutidos foi a necessidade de aumentar a participação dos integrantes de sindicatos dentro do conselho da Fiesp. “Há problemas que precisam ser superados. Temos de estar juntos de novo, porque não podemos ter essa cisão”, afirma Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). “A intenção é que ele (Josué) tenha uma aproximação, inclusive, com o Paulo Skaf tenha uma conversa séria com o Paulo, para os dois tratarem de, juntos fazerem a casa voltar a se unir.”

Um dos principais nome de oposição a Josué é Paulo Skaf, que comandou a instituição por 18 anos e patrocinou a candidatura do executivo. Os dois romperam em agosto do ano passado com o manifesto em favor da democracia divulgado nos principais jornais do País. Uma parte da entidade avaliou que a carta tinha como objetivo atingir o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), então candidato à reeleição.

Josué é visto como um nome próximo ao do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto Skaf sempre apoiou Bolsonaro.

Essa foi a primeira manifestação desde que a guerra de narrativas subiu de patamar dentro da Fiesp. Na sexta-feira, 20, o vice-presidente Elias Miguel Haddad, de 95 anos, enviou um e-mail para diretores, conselheiros e presidentes de sindicatos informando que assumira o comando da entidade de forma interina no lugar de Josué Gomes. Em nota, o executivo - herdeiro da Coteminas - rebateu seus opositores e disse que permanecia no cargo.

Elias Miguel Haddad foi considerado presidente interino até que se escolha um novo presidente. Ele chegou a cancelar o encontro deste segunda no e-mail enviado para os funcionários.

Na semana passada, Josué não esteve na assembleia que votou pela sua destituição. A defesa do empresário sempre tratou a decisão como um “golpe”. O executivo participou de uma assembleia anterior, convocada por ele para o mesmo dia, para explicar pontos questionados da sua gestão, como a acusação de que tem pouco interesse por assuntos setoriais.

Apoios

Ao longo dos últimos dias, Josué recebeu apoios de diferentes setores para permanecer no cargo. Nesta segunda-feira, o presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Robson Braga de Andrade, divulgou uma nota em favor do executivo.

“Ele tem toda a capacidade, além do respeito e do reconhecimento de seus pares, para trabalhar e elevar o potencial das indústrias paulistas e do Brasil ao patamar desejável para o crescimento e para o desenvolvimento do País”, disse Andrade.

Embora a Fiesp tenha sede em São Paulo, seus posicionamentos têm repercussão nacional. Em 2015, por exemplo, ainda presidida por Paulo Skaf, foi uma das principais vozes a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

A entidade defende pautas ligadas ao setor, como a luta pela competitividade, redução de impostos e ampliação da indústria brasileira. Além disso, tem atuado junto ao Congresso para a aprovação de pautas caras ao setor.

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