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FHC diz que espera que Dilma faça mais concessões

Em palestra, ex-presidente lembrou que para dar um salto tecnológico e enfrentar o mercado, o país precisou de tecnologia nova, capital novo e privatizações

Fernando Henrique Cardoso: "E que ela [Dilma Rousseff] faça mais concessões, porque até agora não foi assim, ficou paralisado" (Magdalena Gutierrez/Divulgação Fundação iFHC)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de novembro de 2013 às 15h41.

Barueri - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comentou nesta quinta-feira, 28, a declaração da presidente Dilma Rousseff de que o modelo das concessões de infraestrutura era dela.

Em palestra, ele lembrou que para dar um salto tecnológico e enfrentar o mercado, o país precisou de tecnologia nova, capital novo e privatizações. "Agora graças a deus retomaram. Ontem ouvi a presidente Dilma Rousseff dizer que a concessão é dela. Tomara que seja", comentou.

"E que ela faça mais concessões, porque até agora não foi assim, ficou paralisado", disse FHC. Ele citou o chamado custo Brasil e disse que o governo atual "levou um susto" e resolveu "aderir ao que deveria ter feito há dez anos para ver se vai mais depressa, abrindo espaço para o capital privado, sendo mais estável na regulação".

Ele mencionou que o governo brasileiro contudo ainda não conseguiu retirar dos "mecanismos regulatórios e das grandes unidades de produção estatal da influência dos partidos políticos", o que, segundo o ex-presidente, é um cupim que corrói a capacidade nacional.

Fernando Henrique defendeu ainda que o Brasil dê um "salto de qualidade" nos serviços e que seja superada a diferença "entre o que se diz e o que se é". "Há momentos da história em que é preciso ter clareza, visão e força política para levar adiante algumas transformações. Há momentos em que os países engatam e vão sozinhos. Nós estamos desengatando", criticou.

Segundo ele, é preciso "reinventar um futuro para o Brasil e não ficarmos contentes e criar um Brasil virtual que não é real". O descompasso entre o que é dito sobre o país e o que ele realmente é gerou os protestos, comentou. "O salto que temos que dar é de qualidade", disse. Cardoso disse ainda que houve crescimento de renda, mas afirmou que a renda ainda é baixa no Brasil. "Vai ver o que significa nova classe média, é nada em termos de capacidade de renda", afirmou.

Uma semana depois da prisão de petistas condenados no processo do mensalão, o tucano disse também que "não basta enriquecer, precisamos de um país decente".

Segundo ele, isso implica em respeito às instituições e retomada da meritocracia. Durante sua palestra, FHC afirmou que há questões "soft" para serem resolvidas no país, uma delas é o respeito às leis. "Vejam a dificuldade agora mesmo esses dias de aplicar a lei para todos", comentou.

Economia

Ele mencionou que a participação do setor primário cresceu muito e que o setor industrial deixou de exportar, além de dizer que a economia brasileira é muito fechada. "Estamos um pouco encurralados em nós mesmos. Por mais que seja grande nosso mercado, não é suficiente", disse.

Para FHC, o país está "quase competente e quase confiável" e há uma desorganização das expectativas. "Tudo o que não podemos deixar acontecer é a ideia de que o país foi bem, mas depois parou." Segundo ele, é melhor crescer 4% ao ano, do que 2% em um ano, 10% no outro, negativo no terceiro".

O ex-presidente disse ainda que nos últimos 20 anos, de 1992 a 2012, todos os indicadores sociais melhoraram, mas o PIB vive um "ziguezague" muito grande. Ele afirmou também que o desemprego não aumenta por uma questão demográfica: a pressão sobre o mercado de trabalho diminuiu. "O que é mais preocupante é que o crescimento da produtividade deriva muito mais do fator emprego do que da tecnologia", afirmou FHC, que alertou ainda para o risco de o país esbarrar na armadilha de crescimento médio.

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Barueri - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comentou nesta quinta-feira, 28, a declaração da presidente Dilma Rousseff de que o modelo das concessões de infraestrutura era dela.

Em palestra, ele lembrou que para dar um salto tecnológico e enfrentar o mercado, o país precisou de tecnologia nova, capital novo e privatizações. "Agora graças a deus retomaram. Ontem ouvi a presidente Dilma Rousseff dizer que a concessão é dela. Tomara que seja", comentou.

"E que ela faça mais concessões, porque até agora não foi assim, ficou paralisado", disse FHC. Ele citou o chamado custo Brasil e disse que o governo atual "levou um susto" e resolveu "aderir ao que deveria ter feito há dez anos para ver se vai mais depressa, abrindo espaço para o capital privado, sendo mais estável na regulação".

Ele mencionou que o governo brasileiro contudo ainda não conseguiu retirar dos "mecanismos regulatórios e das grandes unidades de produção estatal da influência dos partidos políticos", o que, segundo o ex-presidente, é um cupim que corrói a capacidade nacional.

Fernando Henrique defendeu ainda que o Brasil dê um "salto de qualidade" nos serviços e que seja superada a diferença "entre o que se diz e o que se é". "Há momentos da história em que é preciso ter clareza, visão e força política para levar adiante algumas transformações. Há momentos em que os países engatam e vão sozinhos. Nós estamos desengatando", criticou.

Segundo ele, é preciso "reinventar um futuro para o Brasil e não ficarmos contentes e criar um Brasil virtual que não é real". O descompasso entre o que é dito sobre o país e o que ele realmente é gerou os protestos, comentou. "O salto que temos que dar é de qualidade", disse. Cardoso disse ainda que houve crescimento de renda, mas afirmou que a renda ainda é baixa no Brasil. "Vai ver o que significa nova classe média, é nada em termos de capacidade de renda", afirmou.

Uma semana depois da prisão de petistas condenados no processo do mensalão, o tucano disse também que "não basta enriquecer, precisamos de um país decente".

Segundo ele, isso implica em respeito às instituições e retomada da meritocracia. Durante sua palestra, FHC afirmou que há questões "soft" para serem resolvidas no país, uma delas é o respeito às leis. "Vejam a dificuldade agora mesmo esses dias de aplicar a lei para todos", comentou.

Economia

Ele mencionou que a participação do setor primário cresceu muito e que o setor industrial deixou de exportar, além de dizer que a economia brasileira é muito fechada. "Estamos um pouco encurralados em nós mesmos. Por mais que seja grande nosso mercado, não é suficiente", disse.

Para FHC, o país está "quase competente e quase confiável" e há uma desorganização das expectativas. "Tudo o que não podemos deixar acontecer é a ideia de que o país foi bem, mas depois parou." Segundo ele, é melhor crescer 4% ao ano, do que 2% em um ano, 10% no outro, negativo no terceiro".

O ex-presidente disse ainda que nos últimos 20 anos, de 1992 a 2012, todos os indicadores sociais melhoraram, mas o PIB vive um "ziguezague" muito grande. Ele afirmou também que o desemprego não aumenta por uma questão demográfica: a pressão sobre o mercado de trabalho diminuiu. "O que é mais preocupante é que o crescimento da produtividade deriva muito mais do fator emprego do que da tecnologia", afirmou FHC, que alertou ainda para o risco de o país esbarrar na armadilha de crescimento médio.

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