Favela Criativa desenvolve talentos em comunidades do Rio
Secretaria de Cultura lança o Favela Criativa, programa que se baseia na ideia de que existe um celeiro de talentos entre os jovens das favelas
Da Redação
Publicado em 26 de junho de 2014 às 08h44.
Rio de Janeiro -A Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro lança hoje (26) o Programa Favela Criativa, voltado para jovens das favelas cariocas.
“A gente tem, naturalmente, um foco de ação muito grandes nas favelas onde há unidades de Polícia Pacificadora ( UPP )”, disse à Agência Brasil a secretária estadual de Cultura, Adriana Rattes.
O programa se baseia na ideia de que existe nessas comunidades um celeiro de talentos e potências criativas entre os jovens, disse Adriana.
Trata-se, segundo ela, de uma “garotada com muita capacidade de realização, muita criatividade, muito interesse em se expressar por meio da arte e da cultura e em trabalhar com isso. Muita capacidade, inclusive, de pensar sua vida a partir da profissionalização nessas áreas”.
Nesse sentido, o Favela Criativa pretende ajudar a desenvolver esses talentos e a promover a articulação dos jovens com o restante da produção cultural e artística da capital.
O programa quer também articular a cidade com o que está sendo feito nas comunidades, integrando o potencial criativo jovem das favelas à cena artística e cultural do Rio de Janeiro e do Brasil.
O programa tem vigência prevista até 2016, mas a secretária espera que ele possa ter continuidade no próximo governo.
Fruto de parceria entre o Poder Público e a iniciativa privada, o Favela Criativa conta com recursos de R$ 14 milhões, oriundos de várias fontes, que incluem o Banco Interamericano de Desenvolvimento, o Ministério da Cultura, o Programa de Eficiência Energética da Agência Nacional de Energia Elétrica, a própria secretaria e a distribuidora de energia Light.
A secretária acredita, entretanto, que a dotação orçamentária do Favela Criativa poderá ser ampliada no decorrer do tempo.
“Eu acredito que os recursos investidos neste momento podem potencializar e atrair novos recursos”.
Ela confia que nos próximos anos, a partir do momento em que o trabalho ganhar uma dinâmica própria, o setor privado poderá aumentar seu apoio e o governo definirá novos recursos orçamentários.
Três eixos foram estabelecidos para a primeira fase do programa.
O primeiro trata da formação artística dos jovens.
“Porque é importante que a gente qualifique essa garotada, para que ela tenha as ferramentas capazes de proporcionar o desenvolvimento do talento que já tem naturalmente”, explicou a secretária.
A intenção é criar um circuito cultural que dê visibilidade e incentive a produção cultural das favelas.
O segundo eixo é o da economia criativa. Adriana Rattes lembrou que um dos maiores desafios hoje para a inserção das favelas cariocas na vida cotidiana e formal da cidade e do estado é a geração de emprego e renda.
O programa oferece cursos de formação cultural e empreendedorismo, além de consultorias e serviços de acompanhamento a projetos e feiras de negócios.
O último eixo se refere ao fomento às manifestações artístico-culturais nas comunidades, disponibilizando recursos por meio de editais públicos.
“Porque a gente precisa aproximar os patrocinadores, os investidores e os consumidores desse tipo de atividade e da manifestação cultural que está sendo pensada e produzida pelos jovens. Porque é preciso financiamento para a produção cultural de qualquer lugar, não só das favelas”, destacou.
O novo programa do governo fluminense prevê a concessão de bolsas em cursos variados ligados à área de cultura, dentro da necessidade de qualificação desses jovens talentos.
Adriana Rattes deixou claro, porém, que o programa “não tem a visão paternalista sobre a produção dos jovens. Pelo contrário.O programa parte da premissa de que há um grande e valioso celeiro de talentos para as artes e para a cultura em geral, de criatividade, nesses lugares. E a gente quer oferecer a oportunidade para que eles se formem e se desenvolvam com excelência”.
O lançamento do novo programa será feito na Biblioteca Parque de Manguinhos, na zona norte do Rio.
Está prevista também, durante o evento, a inauguração do Cineteatro Eduardo Coutinho, cujo nome homenageia o cineasta e documentarista brasileiro assassinado no início deste ano pelo filho.
O cineteatro oferecerá programação de cinema e artes cênicas dentro do Programa Favela Criativa.