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Fauna brasileira registra 1.051 espécies em extinção

"A situação não piorou. O universo analisado quintuplicou, daí o aumento da lista", afirmou Marcelo Marcelino, responsável pela coordenação do trabalho

Tatu-bola: a situação piorou, por exemplo, para o animal (ONG A Caatinga)
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Da Redação

Publicado em 22 de maio de 2014 às 17h24.

Brasília - Avaliação do Risco de Extinção da Fauna Brasileira, um estudo desenvolvido por 929 especialistas entre 2010 e 2014, mostra que atualmente 1.051 espécies de animais estão ameaçadas de extinção.

Na primeira edição, de 2003, eram 627. "A situação não piorou. O universo analisado quintuplicou, daí o aumento da lista", afirmou o diretor de pesquisa, avaliação e monitoramento de biodiversidade do Instituto Chico Mendes, Marcelo Marcelino, responsável pela coordenação do trabalho.

Ao todo, foram avaliadas 7.647 espécies. Do total, 11 foram consideradas extintas, 121 tiveram sua situação agravada. A situação piorou, por exemplo, para o tatu-bola.

"Seu habitat, a caatinga, vem sofrendo uma redução. Além disso, a espécie é muito vulnerável à caça", completou. Para outras 126, a ameaça foi reduzida, mas ainda persiste.

O trabalho mostra que 77 espécies saíram da situação de risco - entre elas, a baleia Jubarte. Em 2012, foram contabilizados 15 mil indivíduos, quantidade significativamente maior do que os 9 mil encontrados em 2008.

Duas espécies dos macacos uacaris e o peixe-grama também saíram da situação de perigo.

Os números foram apresentados hoje pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

Além do balanço, ela anunciou um pacote de medidas para tentar preservar a fauna brasileira. Entre as ações, está a moratória da pesca e comercialização da piracatinga, por cinco anos.

A regra, que começa a valer a partir de janeiro de 2015, tem como objetivo proteger o boto vermelho e jacarés, que são usados como isca.

"Vamos criar um grupo para tentar encontrar alternativas a essa prática", afirmou Izabella.

A pesca acidental e comercialização de tubarão-martelo e lombo-preto também estão proibidas, a partir da agora.

As duas medidas foram adotadas em parceria com o Ministério da Pesca e Aquicultura.

Izabella anunciou também a criação de uma força-tarefa de fiscalização, formada pelo Ibama, ICMBio e Polícia Federal para combater a caça de fauna ameaçada, como peixe-boi da Amazônia, boto cor-de-rosa, arara azul de lear, onça pintada, tatu-bola, tubarões, arraias de água doce e a extensão da bolsa verde para comunidades em situação de vulnerabilidade econômica em regiões consideradas relevantes para conservação de espécies ameaçadas de extinção.

A bolsa será no valor de R$ 100 mensais.

O voo imponente do gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus) está em risco. O apacamim, como também é conhecido, é um predador de topo do reino animal e é considerado pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) como espécie quase ameaçada. Sua alimentação é composta por várias espécies de aves - tais como araras, papagaios, maitacas, tucanos, macucus e pombas -, mamíferos - entre eles, gambás, quatis e porcos-espinho - e répteis, como grandes lagartos.
  • 2. Jararacuçu (Bothrops jararacussu)

    2 /13(Octavio Campos Salles)

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    A Jararacuçu (Bothrops jararacussu) é uma das maiores responsáveis por acidentes envolvendo pessoas picadas por cobras. Também conhecida como surucucu, a víbora venenosa pode medir até 2 metros de comprimento - e tem capacidade de dar um bote com a distância dela mesma. Pequenos roedores e aves são o cardápio predileto das jararacuçus adultas. Já as jovens se alimentam de pequenos anfíbios, minhocas e alguns insetos.
  • 3. Mono-carvoeiro (Brachyteles arachnoides)

    3 /13(Octavio Campos Salles)

  • O maior macaco da América do Sul está ameaçado. Também conhecido como muriqui-do-sul, o mono-carvoeiro ( Brachyteles arachnoides) foi listado pela IUCN como espécie ameaçada de extinção devido, principalmente, à caça. Existem menos de 1.300 indivíduos no mundo e estima-se que haja um declínio de 20% da população até 2050, por conta da perda de habitat. Dócil, vive em pequenos grupos e alimenta-se de folhas, frutas e flores. O primata também é candidato à mascote das Olimpíadas de 2016.
  • 4. Sapo-de-chifre (Proceratophrys boiei)

    4 /13(Octavio Campos Salles)

    Não é à toa que ele se chama sapo-de-chifre (Proceratophrys boiei). O par de apêndices cutâneos acima dos olhos é uma característica distintiva dessa espécie endêmica no Brasil, com população estável. Apesar de ter aspecto de sapo, o animal é, na verdade, uma rã. Sua alimentação é baseada em besouros e grilos, mas também pode incluir outros anuros.
  • 5. Orquídea Encyclia bulbosa

    5 /13(Octavio Campos Salles)

    Certamente, você já viu mais de uma espécie de orquídea, já que a família dessas plantas é uma das maiores existentes. Elas apresentam formas, cores e tamanhos variados, e estão presentes em todos os continentes, exceto na Antártida. Mas, provavelmente, esta espécie da foto, a Encyclia bulbosa, você nunca viu. Isso porque é uma planta que vive em áreas úmidas de montanha, no Sul e no Sudeste do Brasil. Floresce em outubro, e é perfumada.
  • 6. Araponga (Procnias nudicollis)

    6 /13(Octavio Campos Salles)

    O canto é alto e estridente. Parece até o som da batida de um martelo em uma bigorna. É assim que é descrito o grito da araponga (Procnias nudicollis), também conhecida como "a voz da Mata Atlântica". Na foto, Octavio Campos Salles registrou um macho, já que são brancos, com a garganta e os lados da cabeça esverdeados, enquanto as fêmeas são totalmente esverdeadas. Considerada vulnerável pela IUCN, a espécie é muito perseguida pelo tráfico de aves.
  • 7. Jatobá (Hymenaea courbaril)

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    O jatobá (Hymenaea courbaril) é um gigante da floresta. Pode medir entre 30 e 45 metros de altura e o tronco pode chegar a dois metros de diâmetro. No Brasil, ocorre da região Norte até a Sudeste e é encontrada em altitudes de até 900 metros acima do nível do mar. Segundo Magno Branco, doutor em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos, o jatobá é uma das árvores que mais retira CO2 da natureza, assim como a figueira e o jequitibá.
  • 8. Perereca Phyllomedusa distincta

    8 /13(Octavio Campos Salles)

    Endêmica do Brasil, a espécie de perereca Phyllomedusa distincta aparece na região Sudeste, especialmente entre o estado de São Paulo e o Rio Grande do Sul. Apesar de ser uma espécie muito comum, a população está diminuindo, aponta a IUCN. O anfíbio é, geralmente, encontrado em arbustos próximos de áreas com água em florestas úmidas primárias e secundárias. Na foto, a perereca está sobre uma flor de helicônia (Heliconia velloziana).
  • 9. Araçari-poca (Selenidera maculirostris)

    9 /13(Octavio Campos Salles)

    O fotógrafo conseguiu retratar uma fêmea de araçari-poca (Selenidera maculirostris) enquanto se alimenta dos coquinhos do palmito-juçara (Euterpe edulis), palmeira ameaçada de extinção. Enquanto fêmeas da espécie possuem penas marrons, machos têm cabeça, garganta e peito pretos. O bico dos dois apresenta manchas visíveis. A pequena ave - que mede pouco mais de 30 centímetros de comprimento e pesa, aproximadamente, 170 gramas - se alimenta de frutos, brotos e insetos.
  • 10. Cachoeira do Ouro Fino

    10 /13(Octavio Campos Salles)

    Cercada de mata primária, a bela Cachoeira do Ouro Fino fica dentro do Parque do Zizo, em Tapiraí/SP. A Reserva Natural protege 300 hectares de floresta no alto da Serra de Paranapiacaba. A Mata Atlântica do parque se encontra em avançado estado de conservação, sem espécies introduzidas.
  • 11. Tangarás (Chiroxiphia caudata)

    11 /13(Octavio Campos Salles)

    Este registro de Salles revela tangarás (Chiroxiphia caudata) em display reprodutivo. Também conhecido como tangará-dançarino, graças à "dança" de exibição que os machos fazem para as fêmeas. Eles se enfileiram em um galho e, um de cada vez, realizam acrobacias. Enquanto machos têm plumagem azul-celeste, cauda preta e coroa vermelha vibrante, fêmeas são verde-escuras, com cauda mais longa que a dos machos. Machos jovens possuem coloração verde-oliva, mas se diferem das fêmeas pela coroa vermelha na cabeça.
  • 12. Pica-pau-de-cabeça-amarela (Celeus flavescens)

    12 /13(Octavio Campos Salles)

    Este aqui é famoso: o pica-pau-de-cabeça-amarela (Celeus flavescens) também é conhecido como pica-pau-amarelo. Lembrou da série de livros de Monteiro Lobato? A característica mais marcante da espécie é o vistoso topete amarelo. É uma ave pequena, de até 30 centímetros, com cabeça e face amarelas. Os machos ainda têm uma faixa vermelha no rosto. Insetos - além de suas larvas e ovos -, frutas e bagas compõem sua alimentação.
  • 13. Veja agora os 20 países do mundo com pior desempenho ambiental em 2014

    13 /13(Getty Images)

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