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Exército revê prática da gestão Bolsonaro e não pretende 'celebrar' golpe de 64

Comandante da Força, o general Tomás Paiva, teria alegado que "o normal" seria não existir, referindo-se à mensagem tradicionalmente lida nos últimos quatro anos de governo Bolsonaro

Exército: O general Júlio César Arruda foi exonerado após somente 23 dias no comando do Exército (Rafaela Biazi/Unsplash)

Exército: O general Júlio César Arruda foi exonerado após somente 23 dias no comando do Exército (Rafaela Biazi/Unsplash)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 3 de março de 2023 às 13h39.

O Exército Brasileiro decidiu que não irá divulgar a Ordem do Dia com nota alusiva ao 31 de março de 1964 este ano. A decisão foi divulgada pela colunista Carla Araújo, do UOL. Comandante da Força, o general Tomás Paiva, teria alegado que "o normal" seria não existir, referindo-se à mensagem tradicionalmente lida nos últimos quatro anos de governo Bolsonaro. A informação foi confirmada pelo Estadão. Em nota, o Centro de Comunicação Social do Exército destacou que "em 2023, não haverá Ordem do Dia sobre o assunto."

A mudança também é simbólica para a nova gestão. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabou substituindo a liderança do Exército após os atos golpistas deflagrados no dia 8 de janeiro. O general Júlio César Arruda foi exonerado após somente 23 dias no comando do Exército.

Conforme mostrou o Estadão, a demissão do comandante se deu por um acúmulo de fatores, como a recusa em permitir prisões no acampamento em frente ao Quartel General do Exército após os ataques na Praça dos Três Poderes, e sua resistência em exonerar o tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, conhecido como "coronel Cid".

Histórico

A mensagem divulgada pelo Exército com alusão ao golpe militar passou a ser divulgada em 2019, no primeiro ano de governo de Jair Bolsonaro. Segundo o porta-voz da Presidência da República na época, o general Otávio Santana do Rêgo Barros, o então presidente não considerava o 31 de março de 1964 como um golpe militar. Bolsonaro teria determinado ao Ministério da Defesa que fizesse as "comemorações devidas" para a data.

As alegações de Bolsonaro eram compatíveis com seu discurso sobre a ditadura militar (1964-1985). O ex-presidente ficou conhecido após proferir falas defendendo o período e homenageando o general Carlos Alberto Brilhante Ustra, uma das figuras mais opressoras do regime, chefe de operações do DOI-CODI de São Paulo, entre 1970 a 1974.

Em 2011, a então presidente Dilma Rousseff, torturada pelo regime ditatorial, orientou aos comandantes da Aeronáutica, do Exército e da Marinha a suspensão de qualquer atividade para lembrar a data nas unidades militares. Nos primeiros mandatos do governo Lula, os comunicados chegaram a ser divulgados, mas foram interrompidos em 2007.

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