Brasil

Ex-presidente do IBGE descarta interferência política

Ainda assim, Sérgio Besserman Vianna lamentou o fato de haver uma alteração no cronograma de divulgação de pesquisas


	Trabalhador do Censo, do IBGE: na quinta-feira, o instituto anunciou a suspensão da divulgação da PNAD Contínua
 (Divulgação/IBGE)

Trabalhador do Censo, do IBGE: na quinta-feira, o instituto anunciou a suspensão da divulgação da PNAD Contínua (Divulgação/IBGE)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2014 às 19h11.

Rio e Ribeirão Preto - O economista Sérgio Besserman Vianna, ex-presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), descartou a possibilidade de haver interferência política sobre o órgão, mas lamentou o fato de haver uma alteração no cronograma de divulgação de pesquisas. Nesta quinta-feira, 10, o IBGE anunciou a suspensão da divulgação da PNAD Contínua.

"Não considero a hipótese de interferência política sobre o IBGE, mas lamento a alteração no cronograma", disse Besserman. Segundo o economista, a divulgação de um cronograma prévio, preferencialmente no ano anterior, e seu cumprimento à risca, é fundamental para garantir a independência dos institutos oficiais de estatística, em todos os países.

Em ano eleitoral, isso é ainda mais importante, completou Besserman.

"Sem entrar no mérito dessa decisão recente, (alterar o cronograma) é um custo. O IBGE tem de cumprir a lei, mas cumprir o cronograma é uma regra muito importante", disse Besserman.

O economista afirma não duvidar da independência do IBGE, porque conhece e já trabalhou com muitos profissionais do corpo técnico, capazes de colocar a estatística e suas pesquisas "acima de tudo".

A decisão de alguns de colocar seus cargos à disposição, nesse caso, na visão de Besserman, poderia ter a ver com a avaliação individual de cada um sobre custos e benefícios de fazer uma alteração no cronograma.

Suspeitas

"Tradicionalmente, o IBGE sempre foi independente. Mas, quando tem de suspender uma divulgação em momento político de campanha eleitoral, levanta suspeitas. À mulher de César, não basta ser virtuosa, é preciso parecer virtuosa", avalia o sociólogo Simon Schwartzman, presidente do IBGE de 1994 a 1998.

Ainda assim, o ex-presidente do IBGE chamou atenção para o fato de a suspensão da pesquisa ter gerado discordância entre diretores e a presidente do órgão, Wasmália Bivar. A discordância poderia sugerir ingerência política.

A situação causa preocupação maior, na avaliação de Schwartzman, por conta da reputação da diretora de Pesquisas, Marcia Quintslr, que pediu exoneração do cargo por discordar da suspensão da PNAD Contínua. O sociólogo classificou a pesquisadora como dedicada, competente e respeitada no meio.

"A vida dela é o IBGE. É mais uma razão para ficar preocupado. É uma pessoa comprometida com a autonomia do instituto", disse Schwartzman.

O deputado federal e presidente do PSDB do Estado de São Paulo, Duarte Nogueira, cobrou, há pouco, uma solução urgente para a crise.

"Se o IBGE não apresentar solução coerente e racional nas próximas horas, vamos convocar a ministra do Planejamento, Miriam Belchior", disse o deputado - o instituto é vinculado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. "E espero que, antes, a ministra venha a público esclarecer o caso e retomar a pesquisa."

Acompanhe tudo sobre:EconomistasEstatísticasIBGEPNADPolítica

Mais de Brasil

Após jovem baleada, Lewandowski quer acelerar regulamentação sobre uso da força por policiais

Governadores avaliam ir ao STF contra decreto de uso de força policial

Queda de ponte: dois corpos são encontrados no Rio Tocantins após início de buscas subaquáticas

Chuvas intensas atingem Sudeste e Centro-Norte do país nesta quinta; veja previsão do tempo