Ex-prefeito de Campinas vira réu na lava jato
O juiz federal Sérgio Moro aceitou denúncia da força-tarefa da Operação Lava Jato contra Hélio de Oliveira Santos (PDT) por crime de lavagem de dinheiro
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de outubro de 2016 às 13h03.
São Paulo - O juiz federal Sérgio Moro aceitou ontem (21) denúncia da força-tarefa da Operação Lava Jato contra o prefeito cassado de Campinas (SP) Hélio de Oliveira Santos, também conhecido como Dr. Helio (PDT), por crime de lavagem de dinheiro. Ele passa a ser réu, em Curitiba, junto com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o ex-presidente do Banco Schahin Sandro Tordin, os empresários Natalino Bertin e Armando Peralta e o publicitário Giovane Favieri.
Os seis foram denunciados no dia 18 acusados de lavagem de dinheiro envolvendo cerca de R$ 4,2 milhões. Segundo os investigadores, o valor é provenientes de um empréstimo fraudulento no valor total de R$ 12 milhões, concedido formalmente em outubro de 2004 pelo Banco Schahin ao pecuarista José Carlos Bumlai, mas que foi, de fato, para o pagamento de dívidas do PT.
Segundo Moro, "há, em cognição sumária, prova documental, decorrente do rastreamento bancário, de que cerca de metade do valor do empréstimo milionário percorreu o caminho afirmado pelo MPF".
O processo é um desdobramento das investigações sobre a operação financeira, que já rendeu duas ações penais na Lava Jato. Desta vez, a força-tarefa identificou que parte dos R$ 12 milhões teria sido utilizada para quitar gastos de campanha do então candidato à prefeitura de Campinas Dr. Hélio, em 2004.
Apesar de ser do PDT, naquele ano ele foi apoiado pelo PT no segundo turno, após o candidato petista ser derrotado no primeiro turno. Segundo a Lava Jato, parte dos recursos obtidos pelo partido via Bumlai fora usados para pagar empresas de publicidade que prestaram serviços para Dr. Hélio no segundo turno das eleições.
O empréstimo no Banco Schahin nunca foi pago por Bumlai, sendo que como contrapartida, segundo o Ministério Público Federal, a Schahin obteve um contrato de US$ 1,6 bilhão para operação de um navio-sonda da Petrobrás. Esta operação já rendeu a Bumlai uma condenação de nove anos e 10 meses de prisão por gestão fraudulenta de instituição financeira e corrupção.
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.