Brasil

EUA minimizam risco de contágio por zika nas Olimpíadas

Segundo o CDC, mesmo em um hipotético cancelamento dos jogos, ainda haveria 99,75% de chances de transmissão do vírus por viagens internacionais


	Zika: os casos devem diminuir durante o inverno
 (Marvin Recinos / AFP)

Zika: os casos devem diminuir durante o inverno (Marvin Recinos / AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de junho de 2016 às 10h31.

Washington -- O número de estrangeiros que irão ao Brasil durante os Jogos representa apenas 0,25% do total de pessoas que se deslocarão por avião durante o ano para e entre regiões afetadas pela zika. Isso significa que mesmo em um hipotético cancelamento da Olimpíada, ainda haveria 99,75% de chances de transmissão do vírus por viagens internacionais.

Os dados foram calculados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), o organismo do governo dos Estados Unidos responsável pelo monitoramento e combate à zika. "O número de visitantes que o Brasil receberá representa proporção baixa do total de viajantes", disse Ardath Grills, da Divisão de Migração Global e Quarentena do CDC.

Além disso, dados históricos de infecção de dengue, transmitida pelo mesmo mosquito da zika, indicam redução significativa dos casos nos meses de inverno. "O risco de transmissão de zika durante a Olimpíada é muito baixo", observou Grills. Diante desse cenário, o CDC concluiu que não são necessários o adiamento ou mudança do local da Olimpíada.

A ameaça da zika não impedirá Alana Nichols de participar dos Jogos Paralímpicos em setembro. "Sei que o Comitê Olímpico dos EUA tomará conta de nós. Também não estou planejando engravidar no futuro próximo". Mas a atleta perguntou à repórter se há informações sobre o período em que o vírus permanece no organismo após uma pessoa ser infectada.

A pergunta de Alana reflete a incerteza provocada pelo desconhecimento de muitos dos impactos de longo prazo da zika. Apesar das dúvidas, ela vai ao Brasil, como quase todos os atletas norte-americanos. A Olimpíada e a Paralimpíada são o topo de suas carreiras e só ocorrem de quatro em quatro anos.

Vencedora de medalhas de ouro nos Jogos de 1976 e 1980, a ginasta aposentada Nadia Comaneci estará no Rio para atuar como comentarista. Aos 54 anos, ela disse não estar preocupada com o vírus zika. "Não vi nenhum atleta realmente apreensivo com isso. Se estiverem preocupados, eles usarão repelente", disse. "Muitos que competirão neste ano não conseguirão fazer o mesmo em quatro anos. É uma oportunidade única".

O nadador Andrew Gemmell, de 25 anos, participou dos Jogos de Londres e espera se qualificar para competir no Brasil. "Zika é algo que eu não posso controlar. Esperamos quatro anos para competir nesse palco. O que mais podemos esperar como atletas?", perguntou Gemmell, que não é casado nem tem filhos.

Por enquanto, o único atleta norte-americano que desistiu de participar da Olimpíada por causa da zika foi o ciclista Tejay van Garderen, cuja mulher está grávida. Em fevereiro, a goleira Hope Solo disse que se os Jogos ocorressem naquele momento, ela não iria. Até agora, ela não anunciou a sua decisão final.

Vencedora de medalhas em quatro Olimpíadas, Jackie Joyner-Kersee disse que os atletas tomarão as precauções necessárias contra a zika. "Não acredito que o Comitê Olímpico Internacional ou o Comitê Olímpico dos Estados Unidos colocariam nossos atletas em risco".

Diretor da Divisão de Ética Médica da Universidade de Nova York, Arthur Caplan foi um dos organizadores da carta que 150 cientistas enviaram no mês passado à Organização Mundial de Saúde (OMS) pedindo o adiamento ou transferência dos Jogos. Caplan considera improvável que isso ocorra, mas defendeu discussão transparente do tema. "Assim, todos poderão estar conscientes do que sabemos e não sabemos sobre o vírus".

Acompanhe tudo sobre:DoençasEstados Unidos (EUA)Olimpíada 2016OlimpíadasPaíses ricosZika

Mais de Brasil

Senado aprova autonomia na gestão financeira da PPSA, a estatal do pré-sal

Assassinato de delator do PCC é 'competência do estado', afirma Lewandowski

Alesp aprova proibição de celulares em escolas públicas e privadas de SP

Geração está aprendendo menos por causa do celular, diz autora do PL que proíbe aparelhos em escolas