Estupro coletivo no Rio pode ter tido mais uma vítima
Um novo inquérito deve apurar se uma das testemunhas identificadas também foi vítima
Agência Brasil
Publicado em 12 de maio de 2017 às 14h55.
Última atualização em 12 de maio de 2017 às 14h55.
A quinta pessoa identificada na cena do estupro coletivo de uma adolescente na Baixada Fluminense era, na verdade, uma menina que testemunhou o crime, e que também pode ter sido vítima de violência sexual.
As informações foram dadas hoje (12) pela delegada titular da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), Juliana Emerique de Amorim.
"Ela [testemunha] já foi identificada e ouvida. É um pouco mais velha que a vítima, mas também é uma criança", disse a delegada, que não quis dar mais detalhes para não atrapalhar as investigações.
O inquérito principal, que investigava o estupro de vulnerável e a filmagem do crime, já foi concluído e o Ministério Público já apresentou a denúncia à Justiça.
Dois novos inquéritos foram instaurados para buscar os responsáveis pela divulgação do vídeo nas redes sociais e outro para investigar se a testemunha também é vítima.
O crime ocorreu no fim de abril e a divulgação do vídeo foi feita na semana passada. Quatro rapazes foram identificados cometendo o estupro, um deles era namorado da vítima.
De acordo com a delegada, o próprio namorado fez a filmagem. O vídeo tem 59 segundos de duração, mas as investigações apontam que a vítima ficou pelo menos uma hora no local.
Um adolescente que participou do crime e se apresentou na terça-feira (9) já está apreendido em uma das unidades do Departamento Geral de Ações Socioeducativas.
De acordo com a delegada, os comandantes do tráfico de drogas que dominam a área onde ocorreu o crime expulsaram os demais envolvidos. Um deles está foragido. A polícia está negociando com os responsáveis legais dos outros adolescentes que participaram do crime, incluindo o ex-namorado, para que se apresentem a uma delegacia ainda hoje.
"Se não comparecerem, iremos às ruas para cumprir os mandados de busca e apreensão", informou a titular da DCAV. Ainda segundo a delegada, o tráfico, ao saber da divulgação do vídeo, expulsou os outros três envolvidos e suas famílias da comunidade para evitar a presença da polícia na região. As investigações apontam que os rapazes não tinham envolvimento com o tráfico.
Divulgação do vídeo é crime
O delegado Rodrigo Moreira, que coordenou as diligências, disse que o crime ocorreu na residência do então namorado da vítima. A casa estava vazia e intacta, sugerindo que a família teve que fugir do local por medo de represália do tráfico.
Ainda segundo ele, algumas pessoas continuam divulgando o vídeo em redes sociais e, se identificadas, poderão responder criminalmente."Quem recebeu este vídeo, apague, porque a simples posse desse vídeo também configura crime e só serve para espezinhar cada vez mais essa adolescente, que foi vítima e continua sendo vitimizada", disse Moreira.
A delegada da DCAV informou que várias testemunhas foram ouvidas e que muitas tentaram desqualificar a vítima. "Principalmente nas comunidades mais carentes, há a tendência de se achar normal que uma criança de 11 anos, 12 anos já tenha iniciação sexual. Independentemente de consentimento, é estupro", ressaltou.
A família da vítima havia desistido de ingressar no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAM), mas as autoridades estão em conversas com os responsáveis legais da menina para que aceitem a medida protetiva. No momento, os parentes e a menina estão em local sigiloso e recebendo assistência jurídica, social e psicológica.