Eduardo Leite, governador do RS: com uma economia representando cerca de 6,5% do PIB nacional, o estado, que enfrentou a maior catástrofe climática de sua história, inicia um novo capítulo. (Governo do RS/Divulgação)
EXAME Solutions
Publicado em 27 de novembro de 2024 às 17h05.
Última atualização em 2 de dezembro de 2024 às 18h01.
Após as devastadoras enchentes de 2024, o Rio Grande do Sul inicia uma nova fase com o Plano Rio Grande, um programa de reconstrução e adaptação às mudanças climáticas. Sob a liderança do governador Eduardo Leite, o plano prevê investimentos em infraestrutura, fortalecimento da economia local e promoção da sustentabilidade, com foco em projetos de longo prazo que integram o eixo Rio Grande do Sul do Futuro.
A iniciativa, que conta com a participação ativa da sociedade civil, busca construir um estado mais resiliente e preparado para enfrentar os desafios vindouros.
Diante do cenário imposto pelas recentes enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul, o governo do estado lançou o Plano Rio Grande, um programa abrangente que visa não apenas reconstruir as áreas afetadas, mas também fortalecer a resiliência do estado frente a eventos extremos.
Um dos eixos centrais do plano, o Rio Grande do Sul do Futuro, concentra-se em projetos de longo prazo que visam transformar a realidade do estado.
O Rio Grande do Sul do Futuro reúne 41 projetos que têm como objetivo principal a reconstrução do estado por meio de obras, por exemplo, os Sistemas de Proteção de Cheias Jacuí (em de Eldorado do Sul), com investimento de R$ 531 milhões e ordem de início prevista para fevereiro de 2025, e Arroio Feijó (em Alvorada e Porto Alegre), investimento R$ 2,5 bilhões e ordem de início em maio de 2025.
Além disso, o plano prevê investimentos no reforço da rede de energia, na criação de uma estrutura dedicada à segurança de barragens e emergências climáticas, e nos incentivos à retomada da economia local. A transversalidade é um dos pilares do programa, envolvendo diversos órgãos e entidades estaduais. A participação da sociedade civil, no Conselho do Plano Rio Grande, com 182 representações, e no Comitê Científico de Adaptação e Resiliência Climática, colegiado com atribuições consultivas e propositivas, composto por especialistas e pesquisadores de diversas áreas, também é fundamental para possibilitar a efetividade das ações.
Para garantir que os investimentos na reconstrução sigam sendo realizados, o Executivo Estadual criou um fundo específico, o Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs). Grande parte dos recursos do fundo advém da suspensão da dívida do RS com a União, que resultarão em R$ 14 bilhões até o fim do período da suspensão, que é de 36 meses, de maio de 2024 a abril de 2027.
O detalhamento dos investimentos e respectivos projetos foram divulgados em um documento nomeado Plano de Investimentos do Plano Rio Grande, e serão acompanhados pela Secretaria da Reconstrução Gaúcha, pasta criada em maio deste ano com esse objetivo.
O diferencial do Plano Rio Grande está na sua abordagem estratégica e de longo prazo: ao invés de se limitar a ações emergenciais, o programa busca construir um estado mais resiliente e preparado para enfrentar crises no clima. A ciência e a tecnologia desempenham um papel fundamental nesse processo, orientando a tomada de decisões e a implementação de soluções inovadoras.
No site do projeto é possível conferir todos os detalhes de cada um dos 41 projetos do plano de reconstrução, adaptação e resiliência climática “Rio Grande do Sul do Futuro”.
Em recente entrevista à EXAME, Eduardo Leite — que esteve no Japão e na China em busca de investidores para o RS — destacou que a reconstrução do estado após as tragédias climáticas é sua prioridade, refletindo um esforço contínuo para recuperar as áreas afetadas e melhorar as condições de infraestrutura.
A intenção é aprender com a expertise japonesa em defesa civil, considerada referência global, para implementar soluções que previnam desastres semelhantes no futuro.
“Muitos dizem que a enchente aconteceu e passou. Mas para nós, que somos agentes públicos, e para muitas pessoas da comunidade, esta não é a realidade. Vão levar muitos anos para que consigamos voltar a uma vida normal. Por isso, todos os projetos que pensamos dentro do governo precisam ser pensados à luz do Plano Rio Grande”, ressaltou Marjorie Kauffman, secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado também em entrevista à EXAME, dessa vez durante a COP29.
Com uma economia representando cerca de 6,5% do PIB nacional, o Rio Grande do Sul, após enfrentar a maior catástrofe climática de sua história, que atingiu quase 95% dos municípios, inicia um novo capítulo.
Ao anunciar o Plano Rio Grande, o governo enfatiza a necessidade de olhar para o futuro e construir um legado para as próximas gerações. Com um investimento previsto de até R$ 200 bilhões em projetos de longo prazo, o estado busca não apenas reconstruir o que foi perdido, mas também fortalecer sua infraestrutura, diversificar sua economia e se tornar mais resiliente.