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Estratégia de Temer envolve diálogo com CNI e Fiesp

Temer acredita que o governo e o PT ainda podem atrapalhar se conseguirem "equilibrar o debate" com a sociedade, já que ele pretende implantar medidas de austeridade


	Fiesp: Temer deve contar com a ajuda de Paulo Skaf, presidente da entidade, e se aproximar de outros órgãos patronais.
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Fiesp: Temer deve contar com a ajuda de Paulo Skaf, presidente da entidade, e se aproximar de outros órgãos patronais. (.)

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Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2016 às 08h04.

Brasília - O vice-presidente Michel Temer vai passar a semana em São Paulo para acertar a estratégia de seu governo após a Câmara autorizar a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Depois de dedicar os últimos dias para negociar em Brasília com deputados votos pelo afastamento da petista, o peemedebista quer ampliar contatos com agentes do setor produtivo e empresarial.

Ciente de que não terá muito tempo para dar respostas à crise, ele estuda a formação de um Ministério que lhe dê respaldo político imediato.

Para tanto, quer consultar sociedade civil, mercado e partidos do Congresso. A avaliação é a de que se desenha a busca por um programa com base consensual.

Temer e seu grupo vão intensificar as conversas com representantes de vários setores a fim de coletar o sentimento e as sugestões de propostas para tirar o País da crise.

Na lista de interlocutores estão entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial.

Na relação com o empresariado, o vice também deve contar com ajuda do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que é filiado ao PMDB e foi candidato a governador de São Paulo pelo partido em 2014.

O dirigente deverá ser, no entanto, um empecilho para qualquer proposta de aumento de tributos. Em 2015, a Fiesp liderou um campanha contra o recriação da CPMF.

Programa

A formulação de um novo programa de governo será realizada simultaneamente aos desdobramentos do processo de impeachment no Senado.

Conforme revelou o Estadão.com.br, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), trabalha com a possibilidade de a votação no plenário ocorrer apenas em setembro.

A expectativa de parte da cúpula do Senado é de que a Comissão Especial que tratará sobre o tema finalize as atividades em 10 de maio. Renan entende que é preciso ter "cautela" e que o trâmite do impeachment na Casa deve seguir estritamente o que prevê o regimento.

No grupo de Temer, a avaliação é de que, até a votação da Comissão Especial, é preciso construir credibilidade perante os agentes econômicos e adquirir o mínimo de popularidade para conseguir tomar as medidas que são necessárias para o controle da crise econômica.

Entre as ideias já aventadas pelo vice estão a redução e a fusão de ministérios. Trata-se de uma proposta antiga do PMDB, mas que sempre enfrentou dificuldades de ser aplicada, pois os partidos não querem ceder.

Um aliado de Temer que já ocupou cargo no Ministério de Dilma defende que o PMDB ceda espaço aos aliados. "O PMDB terá a Presidência da República, não pode ter tudo.  Caso contrário, cometerá o mesmo erro do PT", avaliou.

Ele lembrou ainda que, para passar na Câmara, o impeachment contou com o voto de 19 partidos.

Temer e seus aliados acreditam que o governo e o PT ainda podem atrapalhar se conseguirem "equilibrar o debate" com a sociedade. A crise econômica é muito "aguda" e ele precisará "tomar medidas impopulares" num momento de "conflagração política".

Comunicação

Nesse sentido, o vice vai investir numa estratégia de comunicação para convencer a imprensa internacional de que um eventual governo dele é "legítimo e constitucional".

Ontem, em São Paulo, Temer se reuniu com o ex-ministro Moreira Franco para discutir o assunto. Ele levou para a conversa o ex-ministro Thomas Traumann (Secretaria de Comunicação).

A ideia é marcar uma série de entrevistas com veículos internacionais, nos moldes do que fizeram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff antes da votação do processo de impeachment na Câmara.

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