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Os políticos citados na delação de Machado. Temer é um deles

Ex-presidente da Transpetro afirma que Michel Temer e outros 20 políticos teriam pedido doações a ele sabendo que origem seria ilegal

Sergio Machado, presidente da Transpetro (.)

Talita Abrantes

Publicado em 15 de junho de 2016 às 19h19.

São Paulo – Em sua delação premiada, cujo sigilo foi retirado nesta terça-feira, oo ex-presidente da Transpetro Sergio Machado cita mais  de 20 políticos de sete partidos - entre eles o presidente interino Michel Temer (PMDB).

Segundo o delator, o hoje presidente em exercício teria pedido a ele doações de campanha para Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo em 2012. Essa é a primeira vez que Temer aparece em uma depoimento da operação Lava Jato .

Machado afirma que os políticos que o procuravam não citavam a palavra  "propina", mas tinham conhecimento que o dinheiro viria de empresas com contratos com a Transpetro - e, portanto, de origem e intenção ilegal.

No caso específico de  Temer, Machado afirma que "o contexto da conversa deixava claro que o que Michel Temer estava ajustando com o depoente era que ele solicitasse recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma de doação oficial para a campanha de Chalita" - que hoje é secretário de Educação da prefeitura de São Paulo.

Segundo o depoente, ambos teriam acertado o repasse de 1,5 milhão de reais em doação da Queiroz Galvão para o diretório nacional do PMDB. A negociação teria sido feita em setembro de 2012 na Base Aérea de Brasília (DF).

Cúpula do PMDB

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Machado ainda afirmou que sua indicação à estatal teria partido dos peemedebistas Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá, José Sarney e Edison Lobão - que, segundo ele, teriam também recebido propina por meio de doações oficiais ou dinheiro em espécie.

De acordo com ele, durante o período em que presidiu a estatal, teria repassado 100 milhões de reais em propina ao PMDB. Desse total, 32 milhões de reais seriam só para Renan Calheiros, presidente do Senado. Outros 18,5 milhões de reais teriam ido para Sarney.

Aécio e outros políticos

O ex-presidente da Transpetro conta ainda que, em 1998, teria participado de um esquema de captação e distribuição de propinas com o intuito de viabilizar a candidatura do hoje senador Aécio Neves (PSDB-MG) à presidência da Câmara dos Deputados. O plano era eleger a maior bancada possível.

Junto com o hoje senador e com Teotônio Vilela, então presidente nacional do PSDB, Machado teria arrecadado 7 milhões de reais - R$ 4 milhões teriam vindo da campanha de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) à reeleição. De acordo com ele, Aécio teria ficado com 1 milhão de reais.

Os outros políticos citados por Machado teriam sido destinatários de propina repassada por ele via doação oficial.

Veja a lista completa de políticos citados:
PolíticoPartidoCargo atual
Michel TemerPMDB-SPPresidente da República em exercício
Gabriel ChalitaPMDB-SPSecretário da Educação da Prefeitura de SP
Renan CalheirosPMDB-ALPresidente do Senado
José SarneyPMDB-APEx-presidente da República
Edison LobãoPMDB-MASenador
Jader BarbalhoPMDBSenador
Henrique Eduardo AlvesPMDB-RNSenador
Garibaldi AlvesPMDB-RNSenador
Walter AlvesPMDB-RNDeputado Federal
Eduardo BragaPMDB-AMSenaddor
Valdir RauppPMDB-ROSenador
Teotônio Vilela FilhoPMDB-ALEx-senador
Vilta do RegoPMDB-PBMinistro do TCU
Romero JucáPMDB-RRSenador
Luis SérgioPT-RJDeputado Federal
Edson SantosPT-RJDeputado Federal
Jorge BittarPT-RJEx-deputado federal
Ideli SalvattiPT-SCEx-ministra do governo Dilma
Cândido VaccarezzaPT-SPDeputado Federal
José Agripino MaiaDEM-RNSenador
Felipe MaiaDEM-RNDeputado Federal
Jandira FeghaliPCdoB-RJDeputada federal
Francisco DornellesPP-RJGovernador em exercício do RJ
Heráclito FortesPSB-PIDeputado Federal
Luiz Carlos Mendonça de BarrosEx-ministro das Comunicações de FHC
Sergio Guerra*PSDB-PEEx-senador
Aécio NevesPSDB-MGSenador

* Morto em 2014.

“Quando [esses políticos] o procuravam conheciam o funcionamento do sistema; que, embora a palavra propina não fosse dita, esses políticos sabiam, ao procurarem o depoente, não obteriam dele doação com recursos do próprio, enquanto pessoa física, nem da Transpetro, e sim de empresas que tinham relacionamento contratual com a Transpetro”, diz o texto do depoimento.

"Quando chamava uma empresa para instrui-la a fazer doação oficial a um político, o depoente sabia que isso não era lícito e qu a empres fazia a doação em razão dos contratos que tinha com a Transpetro", afirma.

Quem é Sérgio Machado

Até pouco tempo, o cearense Sérgio Machado ostentava em seu currículo o “feito” de ser o mais longevo presidente da história da Transpetro, o braço logístico da Petrobras.

A trajetória de 11 anos e 4 meses no comando da estatal foi interrompida em novembro de 2014, quando ele pediu licença do cargo após ter seu nome envolvido no escândalo de corrupção da petroleira, investigado pela Operação Lava Jato. Três meses depois, ele pediu renúncia.

Hoje, entra para a história como o homem cujas gravações (e revelações) apavoram Congresso e Palácio do Planalto.

Por ora, diálogos gravados por ele mesmo já derrubaram dois ministros do governo interino de Michel Temer (PMDB), o senador Romero Jucá (PMDB), e Fabiano Silveira, do Ministério da Transparência.

Peemedebista desde 2002, Machado começou sua carreira política como tucano. Entre 1991 e 1995, foi deputado federal pelo PSDB. Na legislatura seguinte (1995 – 2002), assumiu uma cadeira no Senado, onde foi líder do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Veja outros detalhes sobre a trajetória política dele.

Com a palavra, os citados

Em nota, o presidente em exercício, Michel Temer, afirmou que "Em toda vida pública, o presidente em exercício Michel Temer sempre respeitou os limites legais para buscar recursos para campanhas eleitorais.Jamais permitiu arrecadação fora dos ditames da lei, seja para si, para o partido e, muito menos, para outros candidatos que apoiou em disputas. É absolutamente inverídica a versão de que teria solicitado recursos ilícitos ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado".

Também em nota, o senador Aécio Neves afirma que as acusações são falsas. "Qualquer pessoa que acompanha a cena política brasileira sabe que, em 1998, sequer se cogitava a minha candidatura à presidência da Câmara dos Deputados, o que só ocorreu muito depois. Essa eleição foi amplamente acompanhada pela imprensa e se deu exclusivamente a partir de um entendimento político no qual o PSDB apoiaria o candidato do PMDB à presidência do Senado e o PMDB apoiaria o candidato do PSDB à presidência da Câmara dos Deputados. A afirmação feita não possui sequer sustentação nos fatos políticos ocorridos à época", diz.

Segundo sua assessoria de imprensa, o deputado Luis Sérgio confirma que recebeu doações legais da Queiroz Galvão e que não sabia da relação de Sérgio Machado com as empresas.

Ao jornal Folha de S. Paulo, o deputado Cândido Vaccareza afirmou que Machado nunca arrecadou para as campanhas dele e de que seu nome teria sido citado de maneira genérica.

Em nota, o senador Valdir Raupp repudia o teor da delação de Machado e "afirma que nunca solicitou ao delator doações para campanhas eleitorais. Portanto, são mentirosas e descabidas as citações feitas ao seu nome".

Em nota, o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros afirma: “Não participei da campanha de reeleição do presidente Fernando Henrique, muito menos na função de coordenador, como apontado pelo delator. Com a morte do ex-ministro Sérgio Motta, minha função como ministro foi levar a cabo o processo de privatização do sistema Telebrás. Logo após ter cumprido com êxito essa missão deixei o governo.”

* Atualizado às 18h para inclusão do posicionamento dos citados.

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São Paulo – Em sua delação premiada, cujo sigilo foi retirado nesta terça-feira, oo ex-presidente da Transpetro Sergio Machado cita mais  de 20 políticos de sete partidos - entre eles o presidente interino Michel Temer (PMDB).

Segundo o delator, o hoje presidente em exercício teria pedido a ele doações de campanha para Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo em 2012. Essa é a primeira vez que Temer aparece em uma depoimento da operação Lava Jato .

Machado afirma que os políticos que o procuravam não citavam a palavra  "propina", mas tinham conhecimento que o dinheiro viria de empresas com contratos com a Transpetro - e, portanto, de origem e intenção ilegal.

No caso específico de  Temer, Machado afirma que "o contexto da conversa deixava claro que o que Michel Temer estava ajustando com o depoente era que ele solicitasse recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma de doação oficial para a campanha de Chalita" - que hoje é secretário de Educação da prefeitura de São Paulo.

Segundo o depoente, ambos teriam acertado o repasse de 1,5 milhão de reais em doação da Queiroz Galvão para o diretório nacional do PMDB. A negociação teria sido feita em setembro de 2012 na Base Aérea de Brasília (DF).

Cúpula do PMDB

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Machado ainda afirmou que sua indicação à estatal teria partido dos peemedebistas Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá, José Sarney e Edison Lobão - que, segundo ele, teriam também recebido propina por meio de doações oficiais ou dinheiro em espécie.

De acordo com ele, durante o período em que presidiu a estatal, teria repassado 100 milhões de reais em propina ao PMDB. Desse total, 32 milhões de reais seriam só para Renan Calheiros, presidente do Senado. Outros 18,5 milhões de reais teriam ido para Sarney.

Aécio e outros políticos

O ex-presidente da Transpetro conta ainda que, em 1998, teria participado de um esquema de captação e distribuição de propinas com o intuito de viabilizar a candidatura do hoje senador Aécio Neves (PSDB-MG) à presidência da Câmara dos Deputados. O plano era eleger a maior bancada possível.

Junto com o hoje senador e com Teotônio Vilela, então presidente nacional do PSDB, Machado teria arrecadado 7 milhões de reais - R$ 4 milhões teriam vindo da campanha de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) à reeleição. De acordo com ele, Aécio teria ficado com 1 milhão de reais.

Os outros políticos citados por Machado teriam sido destinatários de propina repassada por ele via doação oficial.

Veja a lista completa de políticos citados:
PolíticoPartidoCargo atual
Michel TemerPMDB-SPPresidente da República em exercício
Gabriel ChalitaPMDB-SPSecretário da Educação da Prefeitura de SP
Renan CalheirosPMDB-ALPresidente do Senado
José SarneyPMDB-APEx-presidente da República
Edison LobãoPMDB-MASenador
Jader BarbalhoPMDBSenador
Henrique Eduardo AlvesPMDB-RNSenador
Garibaldi AlvesPMDB-RNSenador
Walter AlvesPMDB-RNDeputado Federal
Eduardo BragaPMDB-AMSenaddor
Valdir RauppPMDB-ROSenador
Teotônio Vilela FilhoPMDB-ALEx-senador
Vilta do RegoPMDB-PBMinistro do TCU
Romero JucáPMDB-RRSenador
Luis SérgioPT-RJDeputado Federal
Edson SantosPT-RJDeputado Federal
Jorge BittarPT-RJEx-deputado federal
Ideli SalvattiPT-SCEx-ministra do governo Dilma
Cândido VaccarezzaPT-SPDeputado Federal
José Agripino MaiaDEM-RNSenador
Felipe MaiaDEM-RNDeputado Federal
Jandira FeghaliPCdoB-RJDeputada federal
Francisco DornellesPP-RJGovernador em exercício do RJ
Heráclito FortesPSB-PIDeputado Federal
Luiz Carlos Mendonça de BarrosEx-ministro das Comunicações de FHC
Sergio Guerra*PSDB-PEEx-senador
Aécio NevesPSDB-MGSenador

* Morto em 2014.

“Quando [esses políticos] o procuravam conheciam o funcionamento do sistema; que, embora a palavra propina não fosse dita, esses políticos sabiam, ao procurarem o depoente, não obteriam dele doação com recursos do próprio, enquanto pessoa física, nem da Transpetro, e sim de empresas que tinham relacionamento contratual com a Transpetro”, diz o texto do depoimento.

"Quando chamava uma empresa para instrui-la a fazer doação oficial a um político, o depoente sabia que isso não era lícito e qu a empres fazia a doação em razão dos contratos que tinha com a Transpetro", afirma.

Quem é Sérgio Machado

Até pouco tempo, o cearense Sérgio Machado ostentava em seu currículo o “feito” de ser o mais longevo presidente da história da Transpetro, o braço logístico da Petrobras.

A trajetória de 11 anos e 4 meses no comando da estatal foi interrompida em novembro de 2014, quando ele pediu licença do cargo após ter seu nome envolvido no escândalo de corrupção da petroleira, investigado pela Operação Lava Jato. Três meses depois, ele pediu renúncia.

Hoje, entra para a história como o homem cujas gravações (e revelações) apavoram Congresso e Palácio do Planalto.

Por ora, diálogos gravados por ele mesmo já derrubaram dois ministros do governo interino de Michel Temer (PMDB), o senador Romero Jucá (PMDB), e Fabiano Silveira, do Ministério da Transparência.

Peemedebista desde 2002, Machado começou sua carreira política como tucano. Entre 1991 e 1995, foi deputado federal pelo PSDB. Na legislatura seguinte (1995 – 2002), assumiu uma cadeira no Senado, onde foi líder do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Veja outros detalhes sobre a trajetória política dele.

Com a palavra, os citados

Em nota, o presidente em exercício, Michel Temer, afirmou que "Em toda vida pública, o presidente em exercício Michel Temer sempre respeitou os limites legais para buscar recursos para campanhas eleitorais.Jamais permitiu arrecadação fora dos ditames da lei, seja para si, para o partido e, muito menos, para outros candidatos que apoiou em disputas. É absolutamente inverídica a versão de que teria solicitado recursos ilícitos ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado".

Também em nota, o senador Aécio Neves afirma que as acusações são falsas. "Qualquer pessoa que acompanha a cena política brasileira sabe que, em 1998, sequer se cogitava a minha candidatura à presidência da Câmara dos Deputados, o que só ocorreu muito depois. Essa eleição foi amplamente acompanhada pela imprensa e se deu exclusivamente a partir de um entendimento político no qual o PSDB apoiaria o candidato do PMDB à presidência do Senado e o PMDB apoiaria o candidato do PSDB à presidência da Câmara dos Deputados. A afirmação feita não possui sequer sustentação nos fatos políticos ocorridos à época", diz.

Segundo sua assessoria de imprensa, o deputado Luis Sérgio confirma que recebeu doações legais da Queiroz Galvão e que não sabia da relação de Sérgio Machado com as empresas.

Ao jornal Folha de S. Paulo, o deputado Cândido Vaccareza afirmou que Machado nunca arrecadou para as campanhas dele e de que seu nome teria sido citado de maneira genérica.

Em nota, o senador Valdir Raupp repudia o teor da delação de Machado e "afirma que nunca solicitou ao delator doações para campanhas eleitorais. Portanto, são mentirosas e descabidas as citações feitas ao seu nome".

Em nota, o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros afirma: “Não participei da campanha de reeleição do presidente Fernando Henrique, muito menos na função de coordenador, como apontado pelo delator. Com a morte do ex-ministro Sérgio Motta, minha função como ministro foi levar a cabo o processo de privatização do sistema Telebrás. Logo após ter cumprido com êxito essa missão deixei o governo.”

* Atualizado às 18h para inclusão do posicionamento dos citados.

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