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Este é o real objetivo do perfil dos ministérios de Temer

Em termos partidários, Temer tem o ministério mais equilibrado desde a redemocratização. Ainda faltam mulheres e negros enquanto sobram investigados

Temer e seus ministros na primeira reunião ministerial: a equipe mais coerente com o Congresso desde a redemocratização (Agência Brasil)

Talita Abrantes

Publicado em 14 de maio de 2016 às 09h09.

São Paulo – A composição da equipe de ministros do governo interino de Michel Temer ( PMDB ) revela um objetivo claro da atual gestão: garantir uma base de apoio sólida no Congresso .

Estudo da Pulso Público revela que, ao lado da equipe do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o novo arranjo ministerial é o mais equilibrado em termos partidários desde a redemocratização.

A consultoria chegou a essa conclusão após calcular a taxa de coalescência do gabinete de Temer. Tal indicadormede a proporção entre a importância dos partidos da base aliada no Congresso e a quantidade de ministérios recebidos por cada legenda. Ele vai de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, mais proporcional é a repartição do poder entre as siglas da coalizão.

No caso do governo Temer, a taxa de coalescência está em 0,805. Durante o segundo mandato da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), não passou de 0,714 – o pior desempenho nesse quesito desde o governo Collor.

Para analistas, esse foi um dos erros que contribuíram para o enfraquecimento da petista. No segundo arranjo de seu governo, Dilma privilegiou PT e PMDB enquanto deixou para o segundo plano outras legendas importantes da sua base,cujo papel no ministério não correspondia ao seu peso no parlamento.

Neste primeiro momento, odesenho de Temer para sua equipe de ministros parece corrigir esse equívoco estrutural da gestão anterior.

“A grande preocupação de Temer parece ser a de estabelecer um governo sintonizado com o Congresso”, afirma Marcelo Issa, sócio-diretor da Pulso Público. “Essa é a principal medida que poderia ser adotada para garantir governabilidade”.

No total, 11 partidos estão representados na linha de frente do governo peemedebista. Juntos eles somam quase 70% da Câmara dos Deputados.

No total, Temer extinguiu nove pastas. Como boa parte delas  era ocupada por ministros sem filiação partidária, o governo interino elevou também o grau de partidarização de sua equipe. Hoje, 87% dos membros da equipe ministerial são ligados à legendas.

Faz sentido que, no momento atual, o peemedebista tenha se atentado a criar um governo coerente com as forças do Legislativo. Ele tem pouco tempo - bem menos do que os 180 dias de julgamento do impeachment - para mostrar a que veio. Sem apoio, dificilmente, conseguirá tirar medidas impopulares do papel - muitas delas necessárias para que a economia volte aos trilhos.

Isso explica, em partes, porque o peemedebista não considerou a repercussão na opinião pública de montar o primeiro gabinete sem representação feminina desde o  governo de Ernesto Geisel, durante a ditadura militar.

“Quem tem alguma abertura a apoiar o governo Temer, em princípio, seria tolerante a essa ausência de mulheres e negros. Esse público nos parece muito mais preocupado com os resultados objetivos dessa gestão”, diz Issa.

O mesmo não se pode dizer sobre a inclusão no time de ministros de políticos citados na Lava Jato.

Na visão do consultor, essa pode ser uma fragilidade e uma contradição em um contexto em que as ruas clamam por moralidade na política. Por enquanto, contudo, apenas os movimentos contrários ao impeachment parecem se incomodar com isso.

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Estudo da Pulso Público revela que, ao lado da equipe do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o novo arranjo ministerial é o mais equilibrado em termos partidários desde a redemocratização.

A consultoria chegou a essa conclusão após calcular a taxa de coalescência do gabinete de Temer. Tal indicadormede a proporção entre a importância dos partidos da base aliada no Congresso e a quantidade de ministérios recebidos por cada legenda. Ele vai de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, mais proporcional é a repartição do poder entre as siglas da coalizão.

No caso do governo Temer, a taxa de coalescência está em 0,805. Durante o segundo mandato da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), não passou de 0,714 – o pior desempenho nesse quesito desde o governo Collor.

Para analistas, esse foi um dos erros que contribuíram para o enfraquecimento da petista. No segundo arranjo de seu governo, Dilma privilegiou PT e PMDB enquanto deixou para o segundo plano outras legendas importantes da sua base,cujo papel no ministério não correspondia ao seu peso no parlamento.

Neste primeiro momento, odesenho de Temer para sua equipe de ministros parece corrigir esse equívoco estrutural da gestão anterior.

“A grande preocupação de Temer parece ser a de estabelecer um governo sintonizado com o Congresso”, afirma Marcelo Issa, sócio-diretor da Pulso Público. “Essa é a principal medida que poderia ser adotada para garantir governabilidade”.

No total, 11 partidos estão representados na linha de frente do governo peemedebista. Juntos eles somam quase 70% da Câmara dos Deputados.

No total, Temer extinguiu nove pastas. Como boa parte delas  era ocupada por ministros sem filiação partidária, o governo interino elevou também o grau de partidarização de sua equipe. Hoje, 87% dos membros da equipe ministerial são ligados à legendas.

Faz sentido que, no momento atual, o peemedebista tenha se atentado a criar um governo coerente com as forças do Legislativo. Ele tem pouco tempo - bem menos do que os 180 dias de julgamento do impeachment - para mostrar a que veio. Sem apoio, dificilmente, conseguirá tirar medidas impopulares do papel - muitas delas necessárias para que a economia volte aos trilhos.

Isso explica, em partes, porque o peemedebista não considerou a repercussão na opinião pública de montar o primeiro gabinete sem representação feminina desde o  governo de Ernesto Geisel, durante a ditadura militar.

“Quem tem alguma abertura a apoiar o governo Temer, em princípio, seria tolerante a essa ausência de mulheres e negros. Esse público nos parece muito mais preocupado com os resultados objetivos dessa gestão”, diz Issa.

O mesmo não se pode dizer sobre a inclusão no time de ministros de políticos citados na Lava Jato.

Na visão do consultor, essa pode ser uma fragilidade e uma contradição em um contexto em que as ruas clamam por moralidade na política. Por enquanto, contudo, apenas os movimentos contrários ao impeachment parecem se incomodar com isso.

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