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'Este é o melhor momento para abolir o visto entre Brasil e EUA'

Especialistas do setor de turismo dizem que o fim da exigência do documento em viagens de turismo e negócios seria benéfica a ambos os países

Aeroporto nos EUA: sem burocracia do visto, entrada de turistas brasileiros seria muito maior (Getty Images)

Aeroporto nos EUA: sem burocracia do visto, entrada de turistas brasileiros seria muito maior (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 18 de março de 2011 às 18h03.

São Paulo - A visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Brasil neste fim de semana aumenta as especulações sobre a possibilidade de os governos conversarem sobre o fim da exigência de visto para transitar entre os dois países. No que depender dos esforços da U.S. Travel Association, organização que representa o setor de turismo nos EUA, o assunto vai, no mínimo, entrar na pauta. "O momento é mais que apropriado (para abolir o visto). É uma oportunidade única para ambos os lados, algo muito significativo", diz, Luiz Moura, vice-presidente de Mercados Internacionais da U.S. Travel.

O Ministério das Relações Exteriores não confirma se o tema será abordado por Obama e a presidente Dilma Rousseff quando eles se encontrarem neste sábado (19), em Brasília. Mas, segundo Moura, o presidente norte-americano, no mínimo, está ciente dos desejos da instituição. A representante do turismo norte-americano encaminhou uma carta à Casa Branca solicitando que os líderes de Brasil e Estados Unidos tratassem do assunto.

A maior reivindicação da U.S. Travel é que o Brasil seja incluído no programa Visa Waiver, criado pelo governo dos Estados Unidos para desburocratizar a entrada de estrangeiros no país. Pelas regras do Visa Waiver, viagens de negócios e lazer entre os Estados Unidos e qualquer país beneficiado pelo acordo são dispensadas da apresentação do visto, desde que durem menos de 90 dias. Atualmente 36 nações fazem parte do programa.

O especialista diz que, para fazer parte do Visa Waiver, alguns critérios são exigidos. O primeiro deles é o da rejeição do visto, que acontece quando o governo norte-americano suspeita do pedido feito por algum brasileiro. "Geralmente o visto é rejeitado quando há indícios de que o turista pode se instalar como imigrante ilegal. A embaixada dos Estados Unidos já confirmou que o Brasil entrou no padrão quanto a este critério há muito tempo. Os índices de rejeição de visto baixaram bastante."

O segundo critério é o tempo de permanência dos brasileiros nos Estados Unidos. Os norte-americanos avaliam se o período de estadia do turista é muito superior ao informado ao departamento de imigração na chegada. "O Brasil também tem uma boa imagem quanto a este critério", afirma Moura.


Por último vem a questão mais delicada, a da imigração ilegal. "Ao contrário do que se pensa o Brasil também melhorou muito neste aspecto. Nos anos 1980 e 1990, o sonho de muitos era tentar a vida 'na América'. Muitos brasileiros eram pegos tentando entrar nos Estados Unidos ilegalmente, mas isto diminuiu bastante. Hoje em dia, a situação econômica favorável no Brasil faz deste um assunto encerrado."

Descomplicar

Segundo Mauro Moisés, presidente da Embratur, autarquia do Ministério do Turismo que cuida da promoção do Brasil no exterior, se a burocracia do visto não existisse, o fluxo de turistas entre Brasil e Estados Unidos, que já é grande, seria ainda maior. Ele diz que, em 2009, o Brasil recebeu 1.3 milhão de visitantes da União Europeia, para a qual não há exigência de visto. Já a quantidade de turistas norte-americanos foi menos que a metade, 600 mil, com a obrigação de apresentar visto.

No Brasil, tirar um visto de turismo, por exemplo, exige uma boa dose de paciência e algum dinheiro. Atualmente, o tempo de espera pela entrevista no Consulado dos Estados Unidos em São Paulo é de 111 dias. No Rio de Janeiro, são necessários 110 dias (este tempo costuma variar, de acordo com a época). E a entrevista só é agendada mediante o pagamento de uma taxa de 38 reais, mais o valor referente ao visto que se deseja. No caso documento para turismo, a quantia é de 140 dólares.

"É claro que o número de visitantes não depende só disso, mas o visto, seja para negócios ou lazer, dá trabalho para tirar tanto aqui quanto nos Estados Unidos. E impacta no custo da viagem. Uma multinacional que decide fazer uma convenção no Brasil tem que levar em conta as despesas que terá com os vistos dos funcionários. Se o documento fosse abolido nestes casos, o contato entre os países seria muito maior, e a promoção do Brasil no exterior, ainda melhor", diz Moisés.

Segundo Luiz Moura, da U.S. Travel Association, a extinção do visto beneficiaria os turistas de negócios e lazer em mais de 95% das viagens entre os dois países. "Este assunto tem tudo para estar na pauta da visita de Obama e ser aprovado, se houver vontade política dos dois lados. Se você tem isso, contorna os outros problemas."

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