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"Estamos discutindo qual será o meu partido", diz Meirelles

Dono de apenas 2% das intenções de votos, ministro da Fazenda disse que tem feito pesquisas para medir o seu potencial de crescimento

Meirelles: "Eu não sou candidato a vice. Não tenho interesse" (Ueslei Marcelino/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de fevereiro de 2018 às 16h28.

Última atualização em 25 de fevereiro de 2018 às 16h37.

Brasília - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu que poderá sair do PSD para ser candidato à Presidência da República. O destino preferido, até agora, é o MDB. Dono de apenas 2% das intenções de votos, Meirelles disse, porém, que tem conversado "com vários partidos" e feito pesquisas qualitativas para medir o seu potencial de crescimento.

"A questão que estamos discutindo é qual será o meu partido. Kassab vai se posicionar em relação a fatos concretos: ter um candidato a presidente da República ou ter candidato a vice-governador de São Paulo. No caso, ele próprio", afirmou Meirelles ao Estado.

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A referência ao ministro de Ciência, Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab, não foi à toa. Chefe do PSD, Kassab negocia para ele a vaga de vice na provável chapa a ser liderada pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), ao governo paulista. Em troca, o PSD está disposto a apoiar a candidatura do governador tucano Geraldo Alckmin ao Palácio do Planalto, mesmo tendo Meirelles como presidenciável.

O sr. já sondou marqueteiros, como Duda Mendonça, para fazer sua campanha. O que falta para definir a candidatura?

De fato, tenho um assessor que conversou com Duda Mendonça, com Eduardo Fischer, com o próprio Fábio Veiga, que eu contratei para fazer o Twitter e o Facebook, e com outros. Estou fazendo pesquisas qualitativas que mostram o potencial de crescimento e vamos avaliar o cenário. Não tomo decisões por um lampejo. Fiz um curso de 30 dias, muito tempo atrás, sobre tomada de decisões. Chamava-se Odisseia. Decisões instintivas tendem a ser erradas.

O PSD, seu partido, deve apoiar a candidatura do governador Geraldo Alckmin (PSDB) por causa de um acerto em São Paulo. Diante disso, o sr. pode se filiar ao MDB do presidente Temer?

Eu tenho conversado com vários partidos. Evidentemente, o MDB tem grande tempo de TV, mas primeiro tenho de tomar a decisão. A questão que estamos discutindo é qual será o meu partido. Tive ótimas conversas com Kassab (ministro Gilberto Kassab). Ele vai se posicionar em relação a fatos concretos: ter um candidato a presidente da República ou ter candidato a vice-governador de São Paulo. No caso, ele próprio.

O sr. disse ao Estado que uma eventual candidatura do presidente Temer não inviabiliza a sua. Mas o sr. e ele não disputam o mesmo eleitorado?

É absolutamente plausível ter dois candidatos. Nada impediria e verificaríamos quem iria para o segundo turno ou não. Dito isso, acho que a melhor estratégia é ter um único candidato para representar esse programa de reformas que está sendo conduzido. Eu e o presidente estamos juntos nesse projeto e vamos chegar a um acordo.

Pode haver uma chapa pura do MDB, tendo o sr. de vice?

Eu não sou candidato a vice. Não tenho interesse. Já fui convidado para ser candidato a vice da Dilma (Rousseff), em 2010, e do Aécio (Neves), em 2014.

O sr. fala em um candidato único da coligação, mas o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quer disputar. Além disso, embora o PSDB não seja mais da base aliada, o governador Alckmin é do mesmo espectro, de centro. Acha possível unir todos esses partidos?

Vai depender de os candidatos terem a disposição de fazer uma composição. Eu tenho e o presidente Temer também. Os outros eu não sei.

Ainda não se sabe se o ex-presidente Lula poderá ser candidato do PT. No outro extremo, de direita, está o deputado Jair Bolsonaro (PSC). Se o centro político não se arrumar logo, não perderá espaço?

A candidatura (de centro) colocada de fato na mesa é a do Geraldo Alckmin. O Rodrigo Maia está dentro dessa discussão se é candidato. Certamente haverá um candidato apoiado pelo governo. O mais provável é ser o presidente ou eu próprio.

No Planalto se diz que o candidato da base deve defender o "legado do governo". Mas o sr. defenderia o presidente das denúncias que pesam contra ele?

Com toda certeza. Trabalho com ele e acredito que o presidente tem feito uma administração excelente. Sou parte dela. Se for candidato, defenderei. Não tenho dúvida.

O sr. defende o fim do auxílio-moradia?

Eu abri mão. De fato, no meu caso, não preciso. É uma questão complexa. A regra precisa ser melhorada para não configurar privilégio.

A economia dá alguns sinais de melhora, mas o sr. não capitaliza isso. Como pretende se tornar conhecido?

Esperamos criar 2,5 milhões de novos empregos neste ano. A inflação está sob controle. Se os fatos são favoráveis, isso facilita muito a comunicação.

Até agora, o seu discurso é voltado para o ajuste fiscal, um tema árido para a campanha. Qual será a sua plataforma social?

A melhor política social que existe é a criação do emprego. Além disso, vamos reforçar e, se necessário, ampliar o Bolsa Família. Recurso para a saúde é fundamental, e, para tanto, é necessário crescimento e aumento da arrecadação. A reforma do ensino médio também foi muito importante. As coisas estão todas interligadas e a economia está no centro.

Mas o teto de gastos mostra que não é suficiente só arrecadação para garantir recursos a determinadas áreas. Em saúde, por exemplo, o que houve foi o congelamento das despesas.

A emenda do teto preserva o piso de investimento em saúde e educação. Mas é fundamental aprovar a reforma da Previdência para poder gerar recursos adicionais.

Só que, com a intervenção na segurança do Rio, não se pode votar a reforma da Previdência, uma bandeira que o sr. Perdeu...

A intervenção no Rio é uma prioridade, mas vai terminar em um certo momento. Aí a Previdência deverá ser votada. Se não for neste governo, será no próximo e o resultado da eleição passará a ser mais importante ainda.

Essa intervenção não é uma faca de dois gumes? Ninguém sabe como vai ser, pode dar errado e, além disso, muitos interpretaram a medida como eleitoreira.

Não tem interesse eleitoral. Eu acredito que a intervenção tem todas as condições para ser bem sucedida. O general Braga Netto é muito competente. Agora, qualquer decisão de governo tem riscos.

Ao que tudo indica, essa campanha será marcada por denúncias. O sr. não teme se tornar alvo pelo fato de ter presidido o Conselho de Administração da J&F?

Isso não é um problema porque minha carreira é inquestionável. Não é sujeita a nenhum tipo de dúvida ou problema e não há segredo no mercado financeiro de São Paulo. Qualquer pessoa sabe que meu trabalho ali (na J&F) era exclusivamente dedicado à construção da plataforma digital do Banco Original, na marginal do Pinheiros, e não na do Tietê (onde fica a sede da J&F Investimentos). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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