Esta é a gênese da inimizade entre Bolsonaro e Jean Willys
Não é de hoje que Bolsonaro e Jean Willys protagonizam - juntos - cenas polêmicas. Veja as mais memoráveis
Valéria Bretas
Publicado em 21 de abril de 2016 às 06h00.
São Paulo – A cusparada do deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) na cara do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) - durante a votação do pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) – está dando o que falar nesta semana.
A inimizade, contudo, não vem de hoje. Ela remonta ao confronto de posicionamentos opostos na Câmara dos Deputados.
De um lado está Bolsonaro: um ex-capitão do Exército que não economiza falas polêmicas em relação a pautas de direitos humanos. Ainda assim, foi o deputado federal mais votado do estado do Rio de Janeiro nas eleições de 2014 e já acumula 25 anos ininterruptos no Congresso Nacional.
Do outro, Jean Wyllys: o ex-BBB – também eleito pelo RJ - está em seu segundo mandato na Câmara dos Deputados e foi eleito com mais de 144 mil votos na última eleição. Em sua alçada, o deputado defende direitos humanos e os direitos LGBT.
1. O início de tudo
O confronto de opiniões começou em meados de 2011 durante uma audiência sobre segurança pública na Câmara.
Bolsonaro fez críticas ao projeto do governo federal em distribuir material anti-homofobia nas escolas. Em resposta, Wyllys disse que se sentiu ofendido.
Bolsonaro retrucou: O problema é seu. Eu não teria orgulho de ter um filho como você – em referência a orientação sexual do deputado.
Desde então, outros momentos elencaram as desavenças entre os congressistas.
2. A polêmica do kit anti-homofobia
Por mais de uma vez, Jair Bolsonaro fez panfletagem contra o material anti-homofobia em escolas e residências cariocas.
Meninos e meninas, alunos do 1º Grau, serão emboscados por grupos de homossexuais fundamentalistas, levando aos nossos inocentes estudantes a mensagem de que ser gay ou lésbica é motivo de orgulho para a família brasileira, afirmava o texto de um dos panfletos.
A prática do congressista gerou bate-boca com Wyllys, que é autor do projeto. De lá para cá, sobram alfinetadas entre os parlamentares nas sessões da Câmara.
Veja o trecho de uma delas proferida em junho de 2012:
Jean: Há uma violência simbólica do próprio Estado contra os homossexuais, na medida em que os exclui de direitos. E faz parte dessa violência simbólica o conjunto de discursos que demoniza, que desqualifica, que desumaniza os homossexuais.
Ao fim da palavra, Wyllys pediu para se retirar da audiência - Bolsonaro assumiria a palavra naquele momento.
Jair: Fique aqui, Jean. Fique aqui. Vamos tomar um chopinho, hoje à noite.
Quero cumprimentar a Comissão por esta audiência pública e lamentar a fuga de duas pessoas daqui, que me parece discursaram em causa própria.
O que está em jogo neste País é a esculhambação da família. É isso o que está em jogo. E são tão covardes que atacam logo as criancinhas, a partir dos 3, 4, 5 anos de idade.
Em reunião no dia 29 de junho de 2011, foi cravada uma nova discussão entre os dois. Veja algumas passagens:
Bolsonaro: Um partido que defende o ‘kit gay’ não tem moral para representar ninguém!
Há alguém do PSOL aqui dentro? Algum Parlamentar? Há um Parlamentar aqui. Inclusive vou mostrar uma fita em que V.Exa. [Jean Wyllys] está respondendo que não fica chateado quando é chamado de veado. Isso, logicamente, não engrandece o nosso Parlamento.
Wyllys: Quero dizer que os pais e mães de LGBTs neste País não têm orgulho de seus filhos é ofender a dignidade dessas famílias, que são famílias e que devem ser, portanto, protegidas e tuteladas pelo Estado contra a violência simbólica e o estímulo ao ódio praticados pelo Deputado Jair Bolsonaro.
Então, é nesse sentido que eu tenho orgulho de ser chamado de veado por um outro veado; não, pelo senhor. O senhor tem que levar a boca antes mesmo de pronunciar essa palavra.
3. Um desafeto senta ao lado
No dia 7 de abril do ano passado, em um voo que partia do Rio de Janeiro com destino a Brasília, Jean Wyllys ocupava uma poltrona ao lado do assento que, segundo Bolsonaro, tinha sido agendado para ele.
Ao ver que seu desafeto público iria sentar ali, o deputado do PSOL trocou de lugar.
A cena foi devidamente filmada pelo parlamentar do PSC:
São Paulo – A cusparada do deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) na cara do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) - durante a votação do pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) – está dando o que falar nesta semana.
A inimizade, contudo, não vem de hoje. Ela remonta ao confronto de posicionamentos opostos na Câmara dos Deputados.
De um lado está Bolsonaro: um ex-capitão do Exército que não economiza falas polêmicas em relação a pautas de direitos humanos. Ainda assim, foi o deputado federal mais votado do estado do Rio de Janeiro nas eleições de 2014 e já acumula 25 anos ininterruptos no Congresso Nacional.
Do outro, Jean Wyllys: o ex-BBB – também eleito pelo RJ - está em seu segundo mandato na Câmara dos Deputados e foi eleito com mais de 144 mil votos na última eleição. Em sua alçada, o deputado defende direitos humanos e os direitos LGBT.
1. O início de tudo
O confronto de opiniões começou em meados de 2011 durante uma audiência sobre segurança pública na Câmara.
Bolsonaro fez críticas ao projeto do governo federal em distribuir material anti-homofobia nas escolas. Em resposta, Wyllys disse que se sentiu ofendido.
Bolsonaro retrucou: O problema é seu. Eu não teria orgulho de ter um filho como você – em referência a orientação sexual do deputado.
Desde então, outros momentos elencaram as desavenças entre os congressistas.
2. A polêmica do kit anti-homofobia
Por mais de uma vez, Jair Bolsonaro fez panfletagem contra o material anti-homofobia em escolas e residências cariocas.
Meninos e meninas, alunos do 1º Grau, serão emboscados por grupos de homossexuais fundamentalistas, levando aos nossos inocentes estudantes a mensagem de que ser gay ou lésbica é motivo de orgulho para a família brasileira, afirmava o texto de um dos panfletos.
A prática do congressista gerou bate-boca com Wyllys, que é autor do projeto. De lá para cá, sobram alfinetadas entre os parlamentares nas sessões da Câmara.
Veja o trecho de uma delas proferida em junho de 2012:
Jean: Há uma violência simbólica do próprio Estado contra os homossexuais, na medida em que os exclui de direitos. E faz parte dessa violência simbólica o conjunto de discursos que demoniza, que desqualifica, que desumaniza os homossexuais.
Ao fim da palavra, Wyllys pediu para se retirar da audiência - Bolsonaro assumiria a palavra naquele momento.
Jair: Fique aqui, Jean. Fique aqui. Vamos tomar um chopinho, hoje à noite.
Quero cumprimentar a Comissão por esta audiência pública e lamentar a fuga de duas pessoas daqui, que me parece discursaram em causa própria.
O que está em jogo neste País é a esculhambação da família. É isso o que está em jogo. E são tão covardes que atacam logo as criancinhas, a partir dos 3, 4, 5 anos de idade.
Em reunião no dia 29 de junho de 2011, foi cravada uma nova discussão entre os dois. Veja algumas passagens:
Bolsonaro: Um partido que defende o ‘kit gay’ não tem moral para representar ninguém!
Há alguém do PSOL aqui dentro? Algum Parlamentar? Há um Parlamentar aqui. Inclusive vou mostrar uma fita em que V.Exa. [Jean Wyllys] está respondendo que não fica chateado quando é chamado de veado. Isso, logicamente, não engrandece o nosso Parlamento.
Wyllys: Quero dizer que os pais e mães de LGBTs neste País não têm orgulho de seus filhos é ofender a dignidade dessas famílias, que são famílias e que devem ser, portanto, protegidas e tuteladas pelo Estado contra a violência simbólica e o estímulo ao ódio praticados pelo Deputado Jair Bolsonaro.
Então, é nesse sentido que eu tenho orgulho de ser chamado de veado por um outro veado; não, pelo senhor. O senhor tem que levar a boca antes mesmo de pronunciar essa palavra.
3. Um desafeto senta ao lado
No dia 7 de abril do ano passado, em um voo que partia do Rio de Janeiro com destino a Brasília, Jean Wyllys ocupava uma poltrona ao lado do assento que, segundo Bolsonaro, tinha sido agendado para ele.
Ao ver que seu desafeto público iria sentar ali, o deputado do PSOL trocou de lugar.
A cena foi devidamente filmada pelo parlamentar do PSC: