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Escolas com aula atrasada são última consequência do "Rio sem água"

Depois da geosmina, o detergente: problemas com abastecimento de água afetam cariocas desde o início do ano

Estação de tratamento de Guandu, no Rio: volta às aulas na capital fluminense foram atrasadas pela crise no abastecimento (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Estação de tratamento de Guandu, no Rio: volta às aulas na capital fluminense foram atrasadas pela crise no abastecimento (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 6 de fevereiro de 2020 às 06h43.

Última atualização em 6 de fevereiro de 2020 às 06h52.

São Paulo — Se nada mais dar errado, as 1.500 escolas municipais do Rio de Janeiro começam as aulas nesta quinta-feira 6. O retorno acontece um dia depois do previsto, em mais um efeito da crise no abastecimento da água que tomou conta do estado em pleno verão.

Até o início desta semana, a crise parecia ter começado a normalizar após afastamento de responsáveis pelo saneamento e um novo método de limpeza da água oferecida aos moradores. Mas a desconfiança passou a crescer novamente nesta segunda-feira 3: uma análise encontrou detergente na Estação de Tratamento do Guandu, que abastece 70% da população da região metropolitana.

A substância teria sido levada para lá pelas chuvas. A consequência foi 14 horas de fornecimento interrompido, o que levou ao adiamento em um dia do ano escolar, já que muitas escolas estavam sem água.

Mais um episódio de um caso que começou ainda no início do ano, quando os cariocas começaram a relatar um gosto, cheiro e aspecto estranho na água que saía da torneira.

A Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio (Cedae) disse que o motivo era uma enzima chamada geosmina, produzida por algas, e que não havia risco à saúde. O diretor de saneamento foi afastado, a demanda por água mineral disparou, e até a polícia acabou investigando o caso. A solução para limpar a água foi uma mistura de carvão com argila.

Além da paralisação no abastecimento no começo da semana e os sucessivos problemas desde janeiro, um novo momento bizarro ocorreu também nesta terça-feira 4, quando deputados estaduais sabatinaram Bernardo Pegoraro Sarreta, nome indicado pelo governador Wilson Witzel para um cargo na Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico (Agenersa), que tem a fiscalização da Cedae entre suas atribuições.

Sarreta não sabia responder as perguntas mais básicas sobre seu trabalho e teve o nome rejeitado; um processo de indicações políticas para cargos técnicos na Cedae tem sido apontado como um dos culpados pela crise.

Paralelo a tudo isso, vem sendo debatido o edital de privatização da Cedae. De acordo com o BNDES, que estrutura o modelo, o edital será aberto a potenciais investidores no fim deste ano. Pelo ritmo dos acontecimentos, é difícil imaginar tudo que pode acontecer com a água carioca até lá.

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