Ernesto Araújo diz que ainda não definiu novo comando da Apex
Chanceler brasileiro fez um balanço das relações internacionais de Bolsonaro na celebração dos 100 primeiros dias de governo
Estadão Conteúdo
Publicado em 11 de abril de 2019 às 15h15.
Brasília — Alvo de muitos embates e polêmicas nos primeiros 100 dias de governo Jair Bolsonaro , o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo , evitou comentar os problemas enfrentados e classificou o período como "extremamente positivo". "Fizemos bem mais do que esperávamos", declarou, ao citar, por exemplo, que foi dado "novo impulso a grandes parceiros que estavam subestimados na relação".
Sobre polêmicas enfrentadas pela pasta, o ministro minimizou informando que "estamos implementando a política externa determinada pelo presidente da República, apresentada na sua campanha e que o povo brasileiro escolheu na eleição". E emendou: "A estrutura da política externa provém da estrutura democrática da eleição do presidente Bolsonaro".
Araújo evitou ainda comentar a última polêmica em sua pasta, que levou à demissão do segundo presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) somente nos pouco mais de três meses desde o início do governo. O embaixador Mario Vilalva foi afastado após classificar como "golpe" a mudança no estatuto da agência feita pelo ministro, que esvaziava seus poderes. O episódio marcou mais um capítulo da briga interna dentro da agência. De um lado do embate estava o agora ex-presidente da Apex, do outro a diretora de Negócios, Letícia Catelani, e o diretor de Gestão Márcio Coimbra, indicados por Araújo e ligados aos filhos de Bolsonaro.
"Não quero comentar isso. Já fizemos a troca, já fizemos uma nota e vamos em frente", desconversou o ministro. O chanceler disse que ainda não definiu o novo comando da presidência da Apex. "Estamos conversando com o presidente, temos alguns nomes. Em breve vamos ter uma indicação", comentou Araújo, acrescentando que não pretende afastar Marcio Coimbra e Letícia Catelani. "Diretores não serão trocados", observou ele, sem querer assegurar ainda que o próximo presidente da Apex seja um diplomata.
O chanceler comemorou ainda as boas relações com os países árabes, que teriam sido sedimentadas no jantar de quarta-feira com os 51 embaixadores de países árabes e muçulmanos, na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária, onde Bolsonaro esteve presente. Questionado se o encontro eliminou possíveis arestas criadas após aproximação do governo brasileiro com Israel, Ernesto Araújo respondeu: "totalmente eliminada. Aliás, é uma aresta hipotética, que não existia. A realidade é de excelente relação com estes países. A proposta de abrir escritório em Jerusalém mostra nova relação com Israel que será de grande produtividade em várias áreas". O ministro disse ainda que "sempre houve equilíbrio" nas relações entre os países.
O Brasil é o principal exportador de proteína bovina para o mercado árabe do mundo. Mas, na transição, quando surgiu a discussão sobre a mudança da embaixada de Tel-Aviv para Jerusalém, representantes do mundo árabe disseram que poderia haver boicote aos produtos brasileiros.