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Ernesto Araújo critica embaixador chinês após embate com Eduardo Bolsonaro

A embaixada chinesa no Brasil protestou contra o deputado após ele culpar o país pela pandemia do novo coronavírus

Ernesto Araújo: ministro afirmou que a posição de Eduardo Bolsonaro não reflete a opinião do ministério (Adriano Machado/Reuters)
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Reuters

Publicado em 19 de março de 2020 às 15h23.

Última atualização em 19 de março de 2020 às 16h28.

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo , criticou o embaixador da China no Brasil por ter retuitado em sua conta o comentário de um seguidor que chamava a família Bolsonaro de veneno, antes de dizer que as posições do deputado Eduardo Bolsonaro , filho do presidente, não refletem as do governo brasileiro.

Em uma nota divulgada em sua conta no Twitter, Araújo concentra o texto em críticas aos chineses.

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"As críticas do deputado Eduardo Bolsonaro à China, feitas também em postagens ontem à noite, não refletem a posição do governo brasileiro. Cabe lembrar, entretanto, que em nenhum momento ele ofendeu o chefe de Estado chinês. A reação do embaixador foi, assim, desproporcional e feriu a boa prática diplomática", escreveu Araújo.

O embaixador apagou o retuíte antes da nota do chanceler.

Ao compartilhar uma sequência de tuítes que indicavam a maneira que a China tratou o início da epidemia de coronavírus, Eduardo escreveu que a China era responsável pela epidemia por esconder informações, ações típicas de uma ditadura.

A embaixada da China reagiu em sua conta no Twitter e na conta pessoal do embaixador, exigindo um pedido de desculpas e afirmando que Eduardo repetia a ações de seus "amigos" norte-americanos, além de dizer que o deputado havia contraído um "vírus mental" durante a viagem a Miami.

Araújo afirma ainda que já comunicou ao embaixador a "insatisfação do governo brasileiro com seu comportamento", mas acrescenta que irá conversar com Eduardo e com o próprio embaixador para promover um "reentendimento recíproco".

De acordo com fontes ouvidas pela Reuters, o tuíte de Eduardo causa estupefação dentro do Itamaraty, mas a ordem até agora era silêncio total. O próprio Eduardo se manteve afastado da rede social desde a noite de quarta-feira, quando normalmente é extremamente ativo nas redes pela manhã.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o vice-presidente Hamilton Mourão, que é presidente do Conselho Sino-brasileiro, também disse que a fala de Eduardo não representa o governo brasileiro.

"O Eduardo Bolsonaro é um deputado. Se o sobrenome dele fosse Eduardo Bananinha, não era problema nenhum. Só por causa do sobrenome. Ele não representa o governo", disse à Folha.

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta quinta que a declaração do deputado não é motivo de estresse. Mourão tentou minimizar o impacto da declaração de Eduardo, afirmando que se trata da opinião de um parlamentar. Segundo ele o assunto não é tema de conversa entre integrantes do governo Jair Bolsonaro.

"(A declaração) não é motivo de estresse, pois a opinião de um parlamentar não corresponde à visão do governo. Nenhum membro do governo tocou nesse assunto", disse o vice-presidente ao Estado.

O vice-presidente teve papel decisivo na reaproximação do Brasil com China, após o país asiático ser alvo de declarações hostis de Bolsonaro ao longo de toda campanha eleitoral.

Já o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), chamou de "lamentável" e "irresponsável" a postagem de Eduardo. "Além do absurdo de minimizar a pandemia e convocar manifestações, ignorando protocolos mundiais de saúde, colocando em risco milhares de vidas, agora ele envergonha os brasileiros com declaração preconceituosa", afirmou Doria, reforçando que o país asiático é o principal parceiro comercial do Brasil. Só no ano passado, a China comprou US$ 65,4 bilhões em produtos brasileiros.

As declarações do governador de São Paulo fazem referência à convocação, por parte do presidente Jair Bolsonaro e seus filhos às manifestações pró-governo realizadas no domingo, 15. O presidente foi alvo de críticas depois de manter contato físico com manifestantes no Palácio do Planalto e chamar a crise provocada pelo avanço do coronavírus de "histeria".

(Com Reuters e Estadão Conteúdo)

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