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Erick, filho trans de Wilson Witzel, se diz "usado" pelo pai na campanha

"Pedi ao Wilson para não me citar na campanha dele, mas ele quebrou isso", disse o filho do candidato em entrevista ao jornal O Globo

O candidato ao Governo do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (Divulgação/Facebook)

João Pedro Caleiro

Publicado em 25 de outubro de 2018 às 17h06.

Última atualização em 25 de outubro de 2018 às 18h10.

São Paulo - Erick Witzel é um dos quatro filhos do ex-juiz Wilson Witzel (PSC) , que despontou para a liderança nas pesquisas para o governo do Rio de Janeiro e é o favorito para vencer.

Ontem, o jornal carioca O Globo publicou uma entrevista em que Erick, de 24 anos, critica o pai por ter exposto seu nome e sua transexualidade na campanha:

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"Pedi ao Wilson para não me citar na campanha dele, mas ele quebrou isso. Não vou mais aceitar este tipo de exploração de pessoas como eu. Principalmente ele, para se promover de uma coisa que não é verdade. Muita gente veio me dizer: “que bom você ter um pai que é muito bacana com você”. Tenho muito respeito por ele, mas não existe todo este carinho que ele diz ter por mim. É sujo você usar alguém. Eu me senti usado por ele nas entrevistas que ele deu."

Procurado pelo GLOBO, Witzel afirmou que "tem a maior admiração pelo que o filho é" e que avisou a ele pessoalmente, em encontro em fevereiro, que ia se candidatar e que jamais o esconderia.

"Ele pediu que eu dissesse que tinha 3 filhos, o que rechacei imediatamente, dizendo que tenho 4 filhos, que os amo igualmente e que tenho orgulho do que cada um estava se tornando. Desde então, nós nos falamos e sempre reiterei que jamais o esconderia."

Entrevistas

O candidato viria a falar do filho em ocasiões como uma entrevista para a rádio CBN no dia 12 de setembro. Após dizer que "esse negócio de ideologia de gênero" não é tema de ensino, entrou na questão familiar:

"Eu tenho um filho trans, e a gente discutiu em casa. Meus três filhos hoje chamam o meu filho de Erick - ele era Erika -, e a gente convive muito bem com isso".

Erick diz ao jornal que cinco dias depois dessa entrevista, ligou para o pai e mandou mensagem no WhatsApp reiterando que não queria ser citado. O pai respondeu "ciente" e eles não mais se falaram.

Ao jornal, Erick diz que pai e filho nunca conversaram abertamente sobre a transição, mas que Wilson sempre teve preocupação em explicar para os outros filhos o que estava acontecendo.

O jovem diz que sempre prezou pela discrição, que as pessoas não sabiam que ele era trans e que teme a violência:

"Tenho medo de que algo me aconteça. A população trans é aquela que morre muito cedo e morre muito feio. Agora não vou ficar mais quieto." Perguntado se vai votar no pai, ele desconversou:

"Ele representa o PSC e toda a bancada conservadora. Nossas visões de política são completamente diferentes. Prefiro não responder a essa pergunta."

Erick é microempresário na confecção de queijos veganos e está de licença do restaurante de um hotel cinco estrelas da Zona Sul do Rio de Janeiro, onde trabalha como cozinheiro.

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