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Equipe de Minas e Energia deve sair se ministro entregar cargo

O ministro Fernando Coelho Filho é bem visto especialmente por empresários e técnicos do setor elétrico, após adotar uma agenda pró-mercado

Fernando Coelho Filho: "Minha impressão hoje é que o ministro fica", disse fonte (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Fernando Coelho Filho: "Minha impressão hoje é que o ministro fica", disse fonte (Tomaz Silva/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 22 de maio de 2017 às 17h06.

São Paulo - Importantes técnicos do alto escalão do Ministério de Minas e Energia deverão deixar os cargos, se o ministro Fernando Coelho Filho, do PSB, abandonar o governo, disse à Reuters nesta segunda-feira uma fonte com conhecimento direto do assunto.

O ministro é bem visto especialmente por empresários e técnicos do setor elétrico, após adotar uma agenda pró-mercado com ênfase na privatização de subsidiárias da Eletrobras.

Especialistas defenderam em evento no final da semana passada a continuidade do trabalho da atual gestão do Ministério de Minas e Energia, que vem falando também em reformular a regulamentação do setor.

O PSB, por outro lado, defende que Coelho Filho deixe o governo, após a divulgação de conversa gravada entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista.

No áudio, Temer teria dado aval à compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Há ainda outros relatos de ilegalidades feitos pelo empresário, o que disparou uma crise política no país.

"A equipe não ficaria com outro ministro, o sentimento é esse. A equipe entende que o ministro ofereceu condições para o trabalho, e as pessoas estão dispostas a continuar desde que as condições sejam mantidas... o ministro tem o poder de articulação política que um técnico não teria", disse a fonte à Reuters.

O ministro trouxe para o ministério técnicos como Paulo Pedrosa, atual secretário-executivo da pasta, e Fábio Lopes Alves, secretário de Energia Elétrica.

A fonte, que falou sob a condição de anonimato, afirmou ainda que a permanência ou não no cargo será uma "escolha pessoal" do ministro.

"Minha impressão hoje é que o ministro fica", disse.

A assessoria de imprensa do Ministério de Minas e Energia não respondeu imediatamente pedidos de comentário sobre a permanência de Coelho Filho.

O presidente do PSB, Carlos Siqueira, disse à Reuters que já cobrou um posicionamento de Coelho Filho e que foi aberto um processo na comissão de ética do partido para decidir sobre uma punição, caso ele continue no cargo, que poderia ser desde uma advertência até expulsão da legenda.

"Espero que ele tome sua decisão rápida... se ele resolver fazer esse enfrentamento, faremos até as últimas consequências... o partido está todo revoltado com ele, todas militâncias partidárias, todos dirigentes. Afinal de contas, ele usa o nome do partido para estar lá", disse.

O PSB decidiu pedir a renúncia do presidente Michel Temer e apoiar a realização de eleições diretas.

Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo nesta segunda-feira disse que Coelho Filho enviou mensagem a colegas de legenda na qual apontou que irá tomar sua decisão até quarta-feira, após reuniões com a bancada na Câmara e no Senado.

"Na semana passada, ele me ligou, conversamos e ele disse que ia decidir em 24 horas. Já passaram mais de 72 horas e ele até agora está apegado ao cargo", disse Siqueira.

Futuro incerto

Segundo a fonte próxima ao alto escalão do ministério, se a equipe técnica de Minas e Energia decidir pela saída, deverá haver um prazo para realizar uma transição para um sucessor.

"Precisariam ficar uns 30 dias, para fazer a transição, mas certamente não ficariam (mais tempo)", disse.

A fonte, no entanto, disse confiar que ainda será possível retomar a agenda de reformas que a pasta vinha tentando impor, tanto no setor elétrico quanto no de petróleo.

"É importante não perder essa agenda... a agenda do país é uma agenda que se impõe, o país tem que avançar nas reformas, e nesse setor (Minas e Energia) temos a mesma condição do país", disse a fonte.

"Claro que estamos em um momento de entender o que vai acontecer... o que não podemos como país é ficar sangrando seis meses, aí é um cenário horroroso", disse.

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