Jair Bolsonaro: segundo levantamento da Fenaj, o presidente fez ao menos um ataque à imprensa a cada três dias neste primeiro ano de governo (Adriano Machado/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 20 de dezembro de 2019 às 19h58.
Entidades de jornalistas condenaram nesta sexta-feira os ataques a jornalistas promovidos pelo presidente Jair Bolsonaro. Ao ser indagado sobre as investigações de "rachadinha" no gabinete de seu filho Flávio, o presidente disse ao repórter do GLOBO que ele "tem uma cara de homossexual terrível". Em nota, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) criticou o que chamou de assédio moral a profissionais de imprensa.
"Atacar jornalistas como forma de evitar prestar informações de interesse público e receber aplausos de apoiadores é ação incompatível com o respeito ao trabalho da imprensa, fundamental para a democracia".
A associação lembrou que o presidente teve atitude semelhante em "mais de uma dezena de ocasiões" ao longo do primeiro ano de mandato e que os apoiadores dele também "costumam celebrar os ataques, acentuando o clima de intimidação contra os repórteres".
A Abraji ressaltou ainda que as jornalistas são os "alvos" mais frequentes do presidente. "Segundo relatos de repórteres, Bolsonaro visa determinadas mulheres para constranger frequentemente, sempre que as vê ou é abordado por elas", relata a associação.
Segundo levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o presidente fez ao menos um ataque à imprensa a cada três dias neste primeiro ano de governo. Em nota, a Fenaj e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) consideraram os ataques uma forma de desviar a atenção das denúncias que ligam sua família e amigos a atividades criminosas.
"Completamente descontrolado devido às denúncias que ligam sua família e amigos a atividades criminosas, Bolsonaro fez ataques com teor homofóbico e pessoal aos profissionais de imprensa para tentar desviar do assunto e ganhar aplausos dos apoiadores que dividem o mesmo espaço com jornalistas."
As entidades ressaltaram que o presidente assume postura "totalmente incompatível com o cargo que ele exerce" e "desafia impunemente a Constituição Federal, ao exaltar ditaduras, homenagear torturadores e destilar todo o tipo de preconceito social, racial e de gênero".