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Empresas eram escolhidas antes da licitação, diz delator do Rio

O empreiteiro Ricardo Pernambuco Júnior, dono da Carioca Engenharia firmou um acordo de colaboração premiada com a Justiça

Gestão Cabral: delator contou que as empreiteiras se reuniam, previamente, para discutir os detalhes das licitações (Daniel Munoz/Reuters)

Gestão Cabral: delator contou que as empreiteiras se reuniam, previamente, para discutir os detalhes das licitações (Daniel Munoz/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 4 de setembro de 2017 às 21h25.

As empresas que seriam escolhidas para fazer grandes obras durante a gestão do ex-governador Sergio Cabral já estavam definidas antes da licitação.

A revelação é do empreiteiro Ricardo Pernambuco Júnior, dono da Carioca Engenharia, que depôs nesta segunda-feira (4) ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, que investiga os desdobramentos da Operação Lava Jato no Rio.

"A Carioca é uma empresa aqui do Rio de Janeiro e tinha uma relação com o ex-governador Cabral. No início do governo, lançaram esses dois programas, o PAC das Favelas e o Arco Metropolitano, e nós nos colocamos como pretendentes desses programas. Estive no Palácio Guanabara com o ex-secretário de governo Wilson Carlos, que me comunicou qual seriam as empresas que participariam do PAC Favelas", disse Pernambuco.

O empresário firmou um acordo de colaboração premiada com a Justiça. Ele contou que as empreiteiras se reuniam, previamente, para discutir os detalhes das licitações, incluindo qualificações técnicas que acabavam direcionando o certame para determinadas empresas.

"Essas empresas se reuniam e passavam a trabalhar na qualificação técnica do edital, para permitir uma diminuição de sua competitividade. E isso aconteceu, tanto é que quem apresentou as propostas e foram qualificados foram os consórcios que teriam sido indicados como vencedores da licitação", disse o colaborador

Segundo o empreiteiro, coube a sua empresa parte das obras na Rocinha, como contrapartida aos valores anteriormente pagos. "Foi feito um acerto, em fevereiro de 2008, com o Wilson Carlos, que a Carioca participasse com valores mensais sobre os contratos que viria a ganhar. Em março, a Carioca repassava valores de R$ 200 mil mensais ao governo", disse o dono da Carioca.

Também foram ouvidas mais seis pessoas, algumas colaboradoras da Justiça, envolvidas no processo que investiga os pagamentos de propinas a políticos por empreiteiras. Procurada, a defesa do ex-governador Cabral negou as afirmações do empreiteiro.

"O ex-governador nunca esteve em reunião para tratar de propinas com quem quer que seja ou permitiu que alguém o fizesse usando o seu nome".

 

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