Para empresários, fim do ciclo de alta dos juros foi tardio
Fecomercio, CNI e Fiesp criticam demora do BC em interromper elevações da taxa Selic e defendem cortes nas próximas reuniões do Copom
Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2010 às 23h01.
São Paulo - A interrupção no ciclo de alta dos juros promovida pelo Banco Central nesta quarta-feira (1/09) era esperada pela indústria e pelo comércio. Mesmo assim, os representantes destes setores criticaram a demora da autoridade monetária para tomar esta decisão. O presidente em exercício da Confederação Nacional da Industria (CNI), Robson Andrade, afirmou que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em manter os juros em 10,75% ao ano "frustrou as expectativas" da entidade.
"Esperávamos que o ciclo de redução dos juros começasse na reunião que terminou há pouco", disse Andrade. Estas previsões se baseavam na mudança de cenário registrada nos últimos meses.
Para o presidente da CNI, com a desaceleração dos preços dos alimentos em junho e julho, a inflação medida pelos índices oficiais deve se manter dentro da meta fixada pelo Banco Central para 2010. "O cenário interno, associado a um quadro internacional incerto, criou condições para a reversão da trajetória de elevação dos juros", avaliou Andrade.
Na visão de Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), a decisão em manter a Selic em 10,75% foi uma "parada técnica" que deveria ter sido tomada há quatro meses. "Os aumentos de juros foram completamente equivocados", afirma.
Szajman argumenta que a alta da inflação observada no primeiro trimestre do ano ficou restrita àquele momento. "Na prática, teria sido muito mais adequado não ter promovido aumento da Selic no início do ano."
O discurso da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) é o mesmo. Para o presidente da entidade, Benjamin Steinbruch, a sequência de reajustes da Selic tem sido "equivocada" desde abril, quando o ciclo de alta iniciou.
"Tivemos uma desnecessária alta de juros e, agora, essa tendência é suspensa pelo organismo do Banco Central. Restam os ganhadores e os perdedores de sempre. Ganharam os que recebem rendimentos financeiros e perderam os consumidores e empresas que pagam mais pelo crédito utilizado", afirmou.
Os empresários defendem que o BC deveria começar a promover cortes nos juros na próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 19 e 20 de outubro.
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