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Emissário de Renan me passou a perna, diz Paulo Roberto

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras afirmou que o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) ficou devendo R$ 800 mil para ele


	Paulo Roberto Costa: segundo ele, o deputado Aníbal Gomes disse que estava "representando" o senador Renan Calheiros
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Paulo Roberto Costa: segundo ele, o deputado Aníbal Gomes disse que estava "representando" o senador Renan Calheiros (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de março de 2015 às 15h00.

São Paulo - Em depoimento complementar à força-tarefa da Operação Lava Jato, prestado no início de fevereiro deste ano, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) ficou devendo R$ 800 mil para ele.

O dinheiro teria sido prometido a Costa, primeiro delator da Lava Jato, para que ele ajudasse o Sindicato Nacional dos Mestres de Cabotagem e Contramestres em Transportes Marítimos a resolver um impasse com a Petrobras.

O depoimento do ex-diretor foi gravado em vídeo pela força tarefa da Lava Jato.

"Ele (Anibal) me procurou para poder agilizar o processo. Porque eu podia chegar lá e dizer: 'Não vou ver isso. Talvez daqui a um ano.' Eu podia fazer isso. Eu falei: 'tá bom, Anibal, vamos ver isso'", contou o delator.

"O Aníbal falou: 'Paulo, esse aqui, se a gente conseguir resolver esse assunto aqui, você vai ter um ganho aqui de R$ 800 mil. Só que ele nunca me deu esse valor. Ele me passou a perna."

Segundo Costa, o deputado Aníbal Gomes disse que estava "representando" o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). O ex-diretor disse que acabou não recebendo nada por sua atuação no caso.

Ele afirmou também que não houve sobrepreço no ajuste com o Sindicato e nem conversa entre ele e Renan. A tratativa, contou o delator, teria sido feita diretamente com Anibal, suposto emissário do senador, em uma reunião entre os dois no Rio.

"Obviamente que se a minha parte era R$ 800 mil, a parte dele era muito maior", disse Costa. "Quando ele falou que R$ 800 mil era para mim, o restante era para o grupo deles. Ele não me falou ‘Renan’. Eu subentendi."

O deputado foi prefeito de Aracaú (CE) no período de 1989 a 1993.

Ferrenho defensor da família Calheiros no Congresso, Aníbal Gomes empregou em seu gabinete, como assessor, o filho mais novo do presidente Senado Rodrigo Rodrigues Calheiros.

No ano passado, a Petrobras informou que o sindicato solicitava que a Transpetro patrocinasse um curso para que contramestres pudessem se formar mestres de cabotagem. O curso não foi realizado.

Após seu nome ser citado pela primeira vez na Operação Lava Jato, no início de março, o deputado se pronunciou assim:

"O senador Renan Calheiros é meu companheiro de partido e uma das nossas principais lideranças, o conheço desde o meu primeiro mandato, que se iniciou em 1995. Quanto a citada interlocução com o Sindicato Nacional dos Mestres de Cabotagem em Transportes Marítimos, junto ao Dr. Paulo Roberto e Dr. Sérgio Machado, não lembro. Somos sempre procurados por sindicatos para agilização de seus processos, e se algum dia fiz gestão nesse sentido não precisaria oferecer propina a ninguém, seria uma solicitação institucional. Rodrigo Calheiros, filho do Senador Renan trabalhou em meu gabinete de 2008 a 2011, como assessor parlamentar."

"Ressalto que nunca fui interlocutor do Senador Renan, nem de quem quer que seja, junto a qualquer órgão, e que todas as minhas reivindicações são feitas dentro de relações institucionais e de minha total responsabilidade. Nunca me envolvi em irregularidades junto a Petrobras, ou qualquer outra Estatal, de natureza direta ou indireta."

"Conheci o dr. Paulo Roberto há alguns anos, já como Diretor da Petrobras, engenheiro de carreira, muito atencioso e reconhecido junto aos funcionários daquela instituição como um gestor competente e respeitado."

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