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Embaixada da China revida sobre parceria Brasil-EUA no 5G: "discriminação"

O Brasil participará da iniciativa Clean Network, que pode excluir empresas chinesas do 5G. Nos bastidores, a Huawei se prepara para entrar na Justiça

Keith Krach, subsecretário americano, em Brasília: China respondeu à declaração de que a Huawei é a "espinha dorsal" de um Estado de vigilância (Adriano Machado/Reuters)
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Carolina Riveira

Publicado em 12 de novembro de 2020 às 08h38.

Última atualização em 12 de novembro de 2020 às 10h07.

Após visita de autoridades americanas a Brasília e a intenção do governo brasileiro de participar de uma aliança que limitaria o espaço a companhias chinesas no 5G, a embaixada chinesa no Brasil respondeu.

"O que os EUA chamam de 'redes limpas' é discriminação, excludente e político", disse a embaixada em um comunicado divulgado nesta quinta-feira em suas redes sociais (leia a íntegra abaixo).

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O governo brasileiro se comprometeu a apoiar a chamada Clean Network (Rede Limpa, em tradução livre), programa dos Estados Unidos que, na prática, limita o avanço de empresas chinesas na tecnologia 5G .

Segundo o comunicado chinês, a aliança é um pretexto americano para "promover guerra fria tecnológica e bullying digital" e "implementar distúrbios na parceria sino-brasileira".

Segundo o jornal de Hong Kong South China Morning Post, os chineses teriam ficado irritados com a declaração do subsecretário americano Keith Krech, que afirmou em Brasília que a Huawei é "a espinha dorsal do Estado de vigilância" da China.

O acordo sobre o 5G entre Brasil e EUA foi firmado em visita ao Brasil nesta semana de Krach, que é subsecretário para Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente do Departamento de Estado dos EUA.

"Acreditamos que a maioria dos países, incluindo o Brasil, vão tomar decisões objetivas de forma independente e autônoma, e por consequência, criar regras de mercado e ambiente de negócios com parâmetros abertos, imparciais e não discriminatórios para empresas da China e de outras nacionalidades", dizem as autoridades chinesas no comunicado.

As autoridades americanas não precisaram exatamente como deve ser a participação do Brasil na Clean Network. "Não posso falar pelo governo brasileiro. Eles decidem como vão lidar com isso. Eles podem fazer várias coisas, como regulação, conversas com empresas de telecomunicações, o que quer que seja. Achamos ótimo que eles tenham se comprometido [com a Clean Network]", disse Krach.

Huawei pode entrar na Justiça

As declarações e a aproximação do Brasil com os EUA no tema do 5G levaram a Huawei a contratar um escritório especializado com atuação em Brasília para se preparar para um cenário de litígio, segundo fontes ouvidas pelo jornal O Globo.

O Brasil tem previsto para o ano que vem seu leilão do 5G, que estava marcado para este ano mas foi adiado -- a previsão é que aconteça entre abril e maio do ano que vem. A Huawei é uma das líderes globais na tecnologia e infraestrutura das redes de 5G.

Apesar de uma série de novos celulares serem lançados neste ano já com 5G, a infraestrutura ainda precisará ser implementada no Brasil para que a tecnologia avance.

Com a guerra comercial entre China e EUA, pode haver uma batalha judicial sobre o tema, no Brasil e em vários países. Na Suécia nesta semana, o país decidiu por suspender seu leilão da tecnologia depois de a Huawei obter uma liminar na Justiça que autorizava sua participação no fornecimento de equipamentos.

O cenário não deve mudar com a eleição do democrata Joe Biden nos EUA. Em última entrevista no Brasil nesta quarta-feira, Krach disse que a postura americana com relação à China deve permanecer.

Sem mencionar especificamente o presidente eleito Joe Biden — o governo Trump ainda não reconhece a vitória do opositor —, o subsecretário disse que a preocupação com a atuação da China é compartilhada por democratas e republicanos nos EUA.

"Ambos os lados entendem as questões estratégicas do 5G e as implicações que isso terá. É uma grande mudança de paradigma. Republicanos e democratas entendem que a Huawei é uma extensão do braço de vigilância da China", disse.

(Com Agência O Globo)

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