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Em um mês, governo não avança na compra de seringas e agulhas

O Ministério da Saúde fez um pregão para adquirir mais de 300 milhões de unidades, e fracassou, conseguindo apenas 3% do esperado. Indústria está preocupada

Vacina da Pfizer (Siphiwe Sibeko/Reuters)

Vacina da Pfizer (Siphiwe Sibeko/Reuters)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 5 de janeiro de 2021 às 00h00.

Última atualização em 5 de janeiro de 2021 às 09h06.

No começo de dezembro, a indústria de insumos médicos questionou o governo federal sobre um cronograma de vacinação contra a covid-19 para fornecer os equipamentos necessários para uma campanha nacional, como seringas e agulhas. Um mês depois, o cenário não mudou muito.

Na semana passada, o Ministério da Saúde fez um pregão para adquirir mais de 300 milhões de seringas e agulhas, mas fracassou, conseguindo apenas 3% do esperado.

Em entrevista exclusiva à EXAME, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para a Saúde (Abimed), Fernando Silveira Filho, diz que o pregão foi fracassado porque o governo federal subestimou os preços e considerou agulhas e seringas como itens separados.

Na noite segunda-feira, 4, o Ministério da Saúde anunciou que irá requisitar os estoques excedentes dos fabricantes de seringas e agulhas do país como parte dos preparativos para a campanha de vacinação.

"Isso, enquanto não se concluiu o processo licitatório normal, que será realizado o mais breve possível. Essa requisição visa a atender às necessidades mais prementes para iniciar o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19", disse a pasta por meio da assessoria de imprensa.

A pasta disse ainda que aguarda a informação sobre as quantidades disponíveis em estoque e que pretende iniciar o pregão para compra desses insumos "o mais rápido possível".

Em uma outra tentativa em avançar no tema, o governo resolveu restringir a exportação de seringas e agulhas. A decisão foi publicada em 31 de dezembro por meio de portaria da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia.

Fernando Silveira explica que a exportação não é muito expressiva no país e que esta medida não ajuda a melhorar o estoque nacional. Veja os principais trechos da entrevista.

Há um mês o setor não tinha um pedido do governo federal para a compra de seringas e de agulhas. Com os pregões que ocorreram na semana passada, a situação melhorou?

Achamos que em um mês essa situação iria evoluir, mas as questões ficaram um pouco mais confusas. O que ocorre é que nem está definido quais serão as vacinas que serão adotadas no Brasil. Não tem nenhuma aprovação, a disponibilidade de vacina, e temos de ver como isso vai impactar na indústria de insumos. A questão dos insumos ficou embaralhada. É difícil fazer qualquer avaliação de cenário para o futuro agora.

Quer dizer que não houve avanço?

Infelizmente sim, o fato de não ter um elemento tão crítico para fazer a campanha de imunização só potencializa o agravamento. A situação vai ficando comprometida com o tempo. Nossa expectativa é de que o governo retome a licitação rapidamente.

Como o setor avaliou a tentativa de compra de seringas e agulhas do governo federal na semana passada?

A formulação de preços feita pelo governo deixou de levar em consideração as bases atuais de mercado. Outra questão foi que alguns dos itens estavam considerando só a seringa, sem considerar a agulha, e os dois insumos são um conjunto. A análise teve alguma distorção.

A medida de barrar a exportação da indústria nacional afeta o setor?

O maior volume já é para o mercado local. Não é isso que vai solucionar o problema de uma possível falta de insumos. A gente sempre se posiciona no sentido de liberdade econômica e de livre concorrência. E ter esta barreira pode gerar impacto negativo, em um momento muito conturbado. É importante que o diálogo seja muito aberto.

(Com Reuters)

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