João Doria: "O que de pior pode haver para o Brasil é a pulverização, aí estaremos sob o risco de termos no futuro um presidente da extrema esquerda ou da extrema direita" (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de maio de 2018 às 19h33.
São Paulo - O ex-prefeito João Doria, pré-candidato do PSDB ao governo de São Paulo, se manifestou em favor de uma união do centro na eleição presidencial de 2018.
Visando apoio do PRB em torno da pré-candidatura de Geraldo Alckmin ao Palácio do Planalto, Doria participou de evento com Flávio Rocha em São Paulo nesta quarta-feira, 30, e disse ser preciso evitar a pulverização na corrida presidencial.
Em evento na capital paulista para anunciar o apoio do PRB ao PSDB na corrida estadual, Doria pregou a necessidade de PSDB, PRB, MDB, PSD, DEM, PP e PTC se unirem desde já em torno de uma "candidatura convergente" do centro para chegar ao segundo turno das eleições presidenciais.
"O que de pior pode haver para o Brasil é a pulverização, aí estaremos sob o risco de termos no futuro um presidente da extrema esquerda ou da extrema direita", disse Doria, citando que se referia a Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSL).
Ao falar que estará em eventos políticos de Flávio Rocha, o ex-prefeito disse que será um "palanque do Brasil", e não de um ou outro partido. As pré-candidaturas de Alckmin e Rocha, destacou, "não são diferentes, são convergentes."
Além disso, Doria disse que andará ao lado do deputado federal Celso Russomanno (PRB-SP), seu adversário na eleição municipal de 2014, entendendo que ele é um puxador de votos no Estado.
O tucano se negou, porém, a declarar se pretende votar em Alckmin, seu padrinho político e presidenciável do partido, ou em Flávio Rocha, seu amigo de três décadas, como declarou, na eleição presidencial. "Voto é na hora certa. Dia 7 de outubro você saberá."
O presidente nacional do PRB, Marcos Pereira, e o pré-candidato Flávio Rocha também reforçaram a defesa pela união do centro nas eleições, e disseram que o cabeça de chapa deve ser escolhido em julho com base em intenções de voto, popularidade e rejeição.
Há duas semanas, Pereira conversou com os presidentes dos partidos de centro que lançaram pré-candidatos defendendo que as legendas estivessem unidas desde já, mas que não houve convergência.
Na avaliação do PRB, mesmo que Alckmin seja o candidato do campo mais bem posicionado nas pesquisas - apesar de ainda patinar nas sondagens - a rejeição do tucano é um ponto negativo, o que abre espaço para nomes como Flávio Rocha. "Propusemos isso, mas acharam melhor não fazer um movimento agora", afirmou o presidente do PRB.
Doria procurou destacar que a aliança em São Paulo não se condiciona ao cenário nacional, apesar de defender a união de candidaturas de centro ao Planalto. No Estado, ele calcula já ter 18 minutos e 41 segundos de propaganda no rádio e na TV por causa dos apoios de PSD, PRB e PTC.
Presente no evento, o ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, presidente licenciado do PSD, relativizou a frustração de uma parcela do eleitorado e antigos aliados de Doria com o tucano após ele ter renunciado à Prefeitura para entrar na corrida estadual.
"Evidentemente que em 15 meses não dá para cumprir todos os compromissos, que estão sendo cumpridos por Bruno Covas [atual prefeito] e vão ser realizados até o final do mandato."
O anúncio da aliança entre PSDB e PRB em São Paulo, além do tom político, também teve apelo religioso, já que o partido de Marcos Pereira é ligado a igrejas evangélicas. Flávio Rocha, em seu discurso, disse que se inspirou em João Doria por ser empresário e decidir entrar na política.
"Foi como se Deus tivesse gritado no meu ouvido: levanta dessa cadeira, que você tem uma missão a cumprir", disse o empresário, que emendou em seguida: "Eis-me aqui, João!".