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Em encontro com Lula, centrais debatem salário mínimo, reforma tributária e estrutura sindical

Lula também assinou um despacho que cria um grupo de trabalho interministerial para formular, em até 90 dias, uma política de valorização do salário mínimo

Governo Lula: o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, afirmou que os trabalhadores não querem a volta do chamado imposto sindical (Roque de Sá/Agência Senado/Flickr)

Governo Lula: o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, afirmou que os trabalhadores não querem a volta do chamado imposto sindical (Roque de Sá/Agência Senado/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de janeiro de 2023 às 14h38.

Última atualização em 18 de janeiro de 2023 às 14h55.

Líderes de centrais sindicais apresentaram demandas em encontro com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quarta-feira, 18. Em discursos de reivindicações divididas entre as sindicais foram abordados temas como salário mínimo, reajuste do imposto de renda, reforma da estrutura de sindicatos e até mesmo "revogaço" da reforma trabalhista.

O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, afirmou que os trabalhadores não querem a volta do chamado imposto sindical. Ele defendeu uma reforma da estrutura de sindicatos no Brasil, para combater a "pulverização" das entidades.

"Destacamos a necessidade de se resolver definitivamente o financiamento da atividade sindical. Os trabalhadores não estão pedindo de volta o imposto sindical. Queremos que o trabalhador tenha a negociação valorizada, queremos que trabalhadores decidam em assembleias o que pagam a sindicatos", disse Torres, em fala durante encontro.

Segundo o sindicalista, é preciso haver uma união das centrais para evitar a proliferação de entidades. "Propomos uma unidade das centrais sindicais, junto com todo o movimento sindical, porque precisamos fortalecer o movimento sindical", defendeu.

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Dentre as reivindicações feitas, o presidente da NCST, José Reginaldo Inácio, pediu a correção da tabela do imposto de renda e de uma "reforma tributária solidária". Tal reforma, segundo ele, deve atingir especialmente "quem ganha mais e grandes fortunas", paralelamente à desoneração "dos mais humildes" e microempresas.

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, enalteceu a importância da retomada do Ministério do Trabalho, sob gestão de Luiz Marinho. Em discurso de abertura, Nobre pediu para que o Trabalho tenha centralidade na estratégia de desenvolvimento do País. "Sabemos que os empregos de qualidade que a gente tanto sonha e precisa eles não vão ser consequência só da política econômica", declarou, pedindo que o Trabalho atue em colaboração com outras Pastas.

Lula desceu a rampa com os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e Marinho, e foi recebido ao som de "olê, olê, olê, olá, Lula, Lula" e "Lula, guerreiro, do povo brasileiro".

Lula sentou-se ao lado de Rui, Marinho e líderes de centrais sindicais. Estão no evento também o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, representando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que cumpre agenda em Davos o secretário-geral da Presidência, Márcio Macedo, a ministra da Gestão, Esther Dweck, e a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS).

Política de valorização do salário mínimo

Lula também assinou um despacho que cria um grupo de trabalho interministerial para formular, em até 90 dias, uma política de valorização do salário mínimo. O ato ocorreu em cerimônia com lideranças de centrais sindicais, realizada na manhã desta quarta-feira, 18, no Palácio do Planalto.

O GT envolverá pastas como a da Fazenda, Trabalho, Planejamento, Previdência, Secretaria-Geral, Casa Civil e Indústria e Comércio. Segundo o despacho, o grupo terá 45 dias, prorrogáveis pelo mesmo período, para apresentar a política.

O governo discute qual será o novo valor do salário mínimo deste ano, que atualmente está em R$ 1.302, conforme orçamento de 2023 que foi elaborado pelo governo Bolsonaro, mas será executado pela gestão de Lula.

Conforme mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), inicialmente, o reajuste seria para R$ 1.320, o que geraria custo anual de R$ 7,016 bilhões para os cofres federais.

O presidente, no entanto, estuda atualmente aumentar o valor para acima disso. As centrais sindicais defendem R$ 1.343. Como também mostrou o Broadcast em reportagem publicada nesta quarta-feira, o reajuste para o valor pretendido pelas entidades pode gerar despesa extra na faixa dos R$ 15 bilhões para o governo.

O aumento para além dos R$ 1.320 encontra resistência no Ministério da Fazenda, devido ao cenário de déficit fiscal nas contas públicas.

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