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Em dois anos, Mais Médicos teve 774 desistências

Nos primeiros sete meses do ano, 337 médicos abandonaram o programa, segundo o Ministério da Saúde, média de 1,6 por dia


	Mais Médicos: nos primeiros sete meses do ano, 337 médicos abandonaram o programa, segundo o Ministério da Saúde, média de 1,6 por dia
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Mais Médicos: nos primeiros sete meses do ano, 337 médicos abandonaram o programa, segundo o Ministério da Saúde, média de 1,6 por dia (REUTERS/Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2015 às 14h55.

Sorocaba - O programa Mais Médicos do governo federal completa dois anos de funcionamento efetivo na quarta-feira, 23, enfrentando um aumento no número de desistências.

Nos primeiros sete meses do ano, 337 médicos abandonaram o programa, segundo o Ministério da Saúde, média de 1,6 por dia.

Desde que o programa foi lançado, em 2013, e em todo o ano passado, 361 médicos deixaram o programa - média de 0,75 por dia.

Os números não incluem a saída de 76 médicos cubanos em todo o período, o que eleva o total de evasão para 774 profissionais.

De acordo com o Ministério, os desistentes representam uma parcela pequena, ante 18,2 mil médicos que permanecem no programa, dos quais 11,4 mil cubanos. A maioria dos que saíram já teve as vagas ocupadas por outros profissionais convocados pelo governo.

O Ministério atribuiu o crescimento da deserção em 2015 à maior rotatividade entre os médicos brasileiros contratados pelo programa. Do total de desistentes neste ano, 335 são brasileiros, segundo a pasta.

A aprovação na residência médica ou em concurso público está entre os principais motivos alegados para a saída. Ainda conforme o Ministério, os cubanos representam apenas 0,6% do número total de profissionais que deixaram o programa.

Estados Unidos

Na semana passada, um casal de médicos cubanos abandonou o serviço em Agudos, região central do Estado de São Paulo. Alejandro Gonzales e Amarilis Prieto Carballosa trabalhavam havia um ano no programa de saúde da família da cidade, e tinham até trazido uma filha de 12 anos para o Brasil.

No dia 8 de setembro, após um feriado, eles não apareceram para trabalhar. Conhecidos do casal informaram que tinham viajado com a filha para os Estados Unidos.

De acordo com amigos de Alejandro, ele teria reclamado das condições no Brasil, já que o acordo com Cuba não permite a vinda de filhos dos profissionais. Ele também teria feito referência à retomada das relações diplomáticas entre seu país e os Estados Unidos, o que tornaria a América do Norte mais interessante para os cubanos.

A prefeitura registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil e entrou em contato com a coordenação do programa em São Paulo. No município, há mais cinco profissionais do Mais Médicos, mas a prefeitura vai pedir a reposição dos desistentes.

Os dois médicos eram considerados competentes e tinham agradado à população.

O Ministério informou que, após receber a informação da prefeitura, os médicos serão notificados para retomar as atividades em 48 horas ou justificar a ausência, caso contrário, serão desligados.

Reposição

O crescimento na desistência levou o governo brasileiro a realizar com mais frequência a reposição dos que saem. A primeira chamada para reposição, desde que o programa começou, foi feita em janeiro. Uma nova recolocação de médicos aconteceu em julho. A partir de agora, serão feitas reposições trimestrais - a próxima está marcada para outubro.

No caso dos brasileiros ou intercambistas individuais, a reposição é feita por meio de convocação por edital. Já as vagas dos cubanos são repostas por meio do convênio com a Organização Pan-americana de Saúde (Opas).

Nesse caso, basta o Ministério notificar a Opas para que seja enviado outro cubano para o lugar do desistente.

A saída de cubanos é mais rara: em Sorocaba, por exemplo, entre os 36 médicos de Cuba que se apresentaram à prefeitura, não houve uma desistência sequer. A cidade tem outros dois médicos, um brasileiro e um italiano, que também permaneceram no programa. 

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