Brasil

Eleições 2024: as estratégias de Boulos, Marçal e Nunes após as novas pesquisas em SP

Cila Schulman, CEO do Instituto de Pesquisa Ideia, avalia cenário da eleição em São Paulo

Publicado em 7 de setembro de 2024 às 19h09.

Última atualização em 7 de setembro de 2024 às 19h40.

Tudo sobreEleições 2024
Saiba mais
yt thumbnail

Na liderança da última edição do agregador EXAME/IDEIA, o ex-coach Pablo Marçal (PRTB) pode ter estagnado após um crescimento de mais de sete pontos percentuais nas últimas pesquisas de intenção de voto, avalia Cila Schulman, CEO do Instituto de Pesquisa Ideia, no programa Eleições 2024 da EXAME.

"Algumas pesquisas mostram uma estagnação. Não é que ele parou de crescer ou caiu. O que não enxergamos nas pesquisas é Marçal ampliando a faixa de eleitores que pensam em votar nele", diz Schulman.

A presidente do instituto Ideia afirma que, mesmo sem disparar à frente de Nunes e Boulos, o influenciador segue forte na disputa pela prefeitura. Segundo as pesquisas, 70% dos eleitores que afirmam que vão votar nele estão certos de sua escolha.

"Isso demonstra um voto bastante radicalizado. E radicalizado em todos os sentidos. Porque o Marçal é uma espécie de 'engenheiro do caos', que veio para mudar toda a lógica dessa eleição. O ponto é entender qual o tamanho desse eleitorado", completa.

Nas quatro pesquisas divulgadas nesta semana, Marçal aparece numericamente à frente em duas, o mesmo número que o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Em todas, a dupla e o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) estão tecnicamente empatados na liderança.

Desafios e estratégias de Marçal

Segundo Cila, o influenciador tem o desafio de crescer na periferia, tirando votos de Nunes, que tem bom desempenho nesse recorte populacional. Além disso, Marçal deve avaliar o impacto do horário eleitoral, onde seus adversários realizam ataques diretos, o que pode aumentar sua rejeição.

Sobre a viagem do influenciador a El Salvador nesta semana, Schulman vê duas estratégias. A primeira é mostrar que ele tem um plano de governo e propostas mais concretas. A segunda é ocupar o espaço deixado por Bolsonaro, articulando-se com outros líderes globais.

"Esses líderes de direita mais radicais, assim como os de esquerda, têm uma rede. Nos bastidores, a campanha de Marçal já mencionou que tentarão encontrar Milei, na Argentina, e Trump, nos Estados Unidos. A ideia é mostrar que os líderes mundiais o levam a sério", avalia.

A recuperação de Nunes

Schulman afirma que Nunes, com tempo recorde de TV – cerca de 65% do total, com 55 comerciais por dia –, conseguiu uma recuperação ao mostrar em seus programas seus feitos como gestor público.

"Historicamente, o incumbente usa a eleição para melhorar a avaliação de seu governo. Com uma boa avaliação, é possível se reeleger", afirma.

A CEO do instituto de pesquisa também comenta que Nunes tem aumentado seu percentual de votos entre as mulheres e, principalmente, entre os mais pobres, com uma campanha focada nesse eleitorado.

"Ricardo Nunes é o único candidato entre os três que está à frente entre os mais pobres, com capacidade de crescer ainda mais. Toda a sua propaganda eleitoral é voltada para isso. Ele fala que veio da periferia, que trabalha e fez obras na periferia", diz. "Esse público é grande e, historicamente, decide mais tarde em quem votar", acrescenta.

Boulos e o segundo turno

Cila observa que a campanha de Boulos está focada no segundo turno, apostando em apresentar uma figura menos radicalizada para atrair o eleitor de centro.

"Vemos uma postura de quem já está no segundo turno. No geral, os candidatos radicalizam no primeiro turno e moderam no segundo, para captar o eleitor do meio", analisa.

Quanto ao impacto dessa estratégia no percentual de intenção de voto, Schulman avalia que o deputado federal não está em tendência de queda, mas sim em uma acomodação. Boulos aposta no histórico das últimas eleições, nas quais um candidato de esquerda sempre foi ao segundo turno, com exceção de 2016, quando João Doria foi eleito no primeiro turno.

"Vejo uma acomodação nos votos dele, um pequeno declínio. Que eu me lembre, apenas Haddad não foi ao segundo turno nesses anos. Há uma grande probabilidade de Boulos ir para o segundo turno, pois ele é o único candidato da esquerda", explica.

Schulman acrescenta que nas próximas semanas Boulos deve apostar nas entregas de sua candidata a vice, Marta Suplicy, que já foi prefeita da cidade. A petista tem um "enxoval" de programas e políticas públicas que ainda estão no imaginário do eleitorado, como os CEUs, terminais de ônibus, Bilhete Único e etc.

Veja o programa Eleições 2024 completo

yt thumbnail
Acompanhe tudo sobre:Eleições 2024

Mais de Brasil

Justiça suspende operação verão nas praias e proíbe apreensão de menores

Lula reúne ministros do STF em almoço no Palácio da Alvorada após cerimônia de Sete de Setembro

Com Bolsonaro, ato em SP pede impeachment de Moraes e anistia aos condenados em 8 de janeiro

Barroso diz que Silvio Almeida tem direito à ampla defesa

Mais na Exame