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Eleição na PGR reflete tensão entre executivo e judiciário

ÀS SETE — É a 1ª vez que um presidente em exercício é denunciado por crime comum e, ao mesmo tempo, tem nas mãos a escolha de quem o investiga

A convenção é que o presidente escolha o primeiro colocado da lista organizada pela ANPR, mas não há uma obrigação (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A convenção é que o presidente escolha o primeiro colocado da lista organizada pela ANPR, mas não há uma obrigação (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 27 de junho de 2017 às 07h00.

Última atualização em 27 de junho de 2017 às 15h34.

Nesta terça-feira, cerca de 1.200 procuradores da República, aposentados ou na ativa, podem escolher os três favoritos para ocupar o cargo de Rodrigo Janot como chefe do Ministério Público Federal.

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A eleição da lista tríplice para procurador-geral da República, organizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República, vai das 9h às 18h.

O mandato do novo PGR só inicia em setembro, mas o contexto político não poderia ser mais delicado. Também nesta terça, o presidente Michel Temer deve ser denunciado por Janot pelo crime de corrupção passiva.A

Pela primeira vez um presidente em exercício será denunciado por crime comum e, ao mesmo tempo, tem nas mãos a escolha do sucessor de quem lhe investiga.

Desde 2003, a convenção é que o presidente escolha o primeiro colocado da lista organizada pela ANPR, mas não há uma obrigação por lei. O momento é de tamanha tensão entre Executivo e Judiciário que chegou a se cogitar no Planalto indicar um nome favorável ao presidente à revelia da eleição.

Seria o retorno do “engavetador-geral da República”, como ficou conhecido Geraldo Brindeiro, PGR de 1995 a 2003. Afastada essa hipótese, pelo temor de revolta de procuradores, há oito nomes possíveis: os subprocuradores interessados são Carlos Frederico Santos, Eitel Pereira, Ela Wiecko, Franklin Rodrigues da Costa, Mario Luiz Bonsaglia, Nicolao Dino, Raquel Dodge e Sandra Cureau.

Publicamente, todos mostram-se apoiadores da Operação Lava-Jato, da agenda de combate à corrupção e da otimização das investigações. Dois deles, contudo, destacam-se como favoritos. Mario Bonsaglia deve estar bem colocado na lista e agrada ao presidente Michel Temer pelo perfil de diálogo e conciliação.

Outra que nada de braçada é a subprocuradora Raquel Dodge, considerada opositora de Rodrigo Janot, perfil que pode agradar ao governo. Reportagem da revista Istoé vai mais longe e diz que a subprocuradora Dodge seria “inimiga” e estaria “em guerra” com Janot.

Segundo o jornal O Globo, Raquel Dodge conta com apoio de José Sarney, do ex-presidente do Senado Renan Calheiros, do ex e do atual ministros da Justiça Osmar Serraglio e Torquato Jardim, além do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.

Na posição de responsável por processar o presidente da República e um bom punhado dos mais influentes políticos, a posição se torna decisiva.

“Falamos aqui de diálogo puramente institucional. Não é ter reuniões às escuras. Nenhum membro, líder atual ou futuro, vai fazer diálogo não republicano”, diz José Robalinho Cavalcanti, presidente da ANPR e organizador do pleito, em entrevista a EXAME Hoje.

“Isso nunca existiu, nenhum dos PGRs participou de coisa parecida, nem acontecerá no futuro”. É o que esperam todos os brasileiros. O resultado será divulgado 30 minutos depois do fechamento das urnas e os três nomes serão encaminhados à Presidência da República para indicação final.

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