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El Niño aumentará número de tempestades no Sudeste, diz Inpe

Temporais deverão englobar todo o Sudeste, graças à intensidade extrema do El Niño que teve início em julho


	Chuva em SP: o Sudeste fica em uma região de transição na qual é difícil fazer qualquer previsão
 (Paulo Pinto/ Fotos Públicas)

Chuva em SP: o Sudeste fica em uma região de transição na qual é difícil fazer qualquer previsão (Paulo Pinto/ Fotos Públicas)

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Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2015 às 20h33.

São Paulo - Nos anos em que o fenômeno El Niño ocorre de forma moderada, fortes tempestades atingem a Região Sul do Brasil. Mas, no verão de 2016, esses temporais deverão englobar todo o Sudeste, graças à intensidade extrema do El Niño que teve início em julho.

A conclusão é de uma pesquisa inédita realizada pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgada nesta terça-feira, 17.

O El Niño se caracteriza por um enfraquecimento dos ventos alísios - que sopram na faixa equatorial do planeta, no sentido leste-oeste - e pelo aquecimento anormal do Oceano Pacífico, que provoca mudanças nas correntes atmosféricas, afetando todo o clima global.

Na última segunda-feira, 16, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), ligada à ONU, divulgou que o El Niño de 2015 se fortalecerá antes do fim do ano e poderá se tornar o mais forte já registrado.

Segundo a OMM, este El Niño já é "forte e maduro" e o mais intenso dos últimos 15 anos. As ocorrências mais intensas do El Niño na história foram registradas em 1973, 1983 e 1998.

De acordo com o coordenador do Elat, Osmar Pinto Junior, já se sabia que nos anos de El Niño, a tendência é que a quantidade de raios e tempestades aumente no Sul e diminua no Nordeste e Norte.

Mas o Sudeste fica em uma região de transição na qual é difícil fazer qualquer previsão.

"O nosso estudo mostrou que essa região de transição se moverá para o norte e o aumento de tempestades, que em anos de El Niño fica restrito ao Sul, desta vez ocorrerá em toda a região que vai do Rio Grande do Sul até Brasília e a divisa entre Mato Grosso do Sul e Mato Grosso", disse Pinto Junior ao jornal O Estado de S.Paulo.

O aumento das tempestades - caracterizadas por fortes chuvas convectivas - deverá trazer um pouco de alívio para a situação hídrica do Sudeste em relação aos anos anteriores, segundo Pinto Junior.

"A previsão de chuvas dos modelos do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Inpe aponta para chuvas acima da média histórica em dezembro e janeiro - o que é um resultado coerente com nossas previsões", afirmou.

"Os nossos dados de aumento das tempestades com raios, combinados com os dados demográficos da Região Sudeste, também nos levam a pensar que o número de mortes por raios no próximo verão pode aumentar, se não alertarmos adequadamente a população sobre os efeitos do El Niño", disse Pinto Junior.

O maior número de tempestades também atingirá Minas Gerais, incluindo a região de Mariana, onde o rompimento de duas barragens de rejeitos da mineradora Samarco lançaram 62 milhões de metros cúbicos de lama sobre um sistema de rios de mais de 800 quilômetros.

Chuvas fortes nessa área tendem a dissolver novos volumes de lama, que poderão, segundo especialistas, tornar a provocar desabastecimento de água em cidades mineiras e capixabas, intensificando a contaminação do oceano no litoral do Espírito Santo.

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