Eduardo Bolsonaro, Boulos e Moro disputam título de campeão de votos
Em 2018, Eduardo Bolsonaro se tornou o deputado federal mais votado da história do Brasil em números absolutos
Estadão Conteúdo
Publicado em 3 de maio de 2022 às 08h41.
As eleições deste ano têm uma peculiaridade em meio ao clima polarizado da campanha presidencial. Uma disputa declarada pelo título de campeão de votos à Câmara dos Deputados ocorre em São Paulo, Rio e Minas. O embate se impôs em 2018, ano em que Eduardo Bolsonaro (PL-SP) rompeu um recorde que já durava 16 anos e se tornou o deputado federal mais votado da história do Brasil em números absolutos, com 1.843.735 votos.
Agora, sem a onda bolsonarista e com novos competidores de peso, a disputa em São Paulo promete se acirrar com a entrada do ex-presidenciável Guilherme Boulos (PSOL) e a possibilidade de candidatura do ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro (União Brasil).
Em 2018, Boulos teve 617 mil votos para presidente e, em 2020, 2 1 milhões de votos no segundo turno para prefeito de São Paulo. Ao desistir de concorrer ao governo paulista, Boulos lançou publicamente o desafio de tirar de Eduardo o posto de mais votado no Estado. Não será fácil. Em 2018, o deputado teve mais de três vezes os votos de todos os deputados do PSOL eleitos em São Paulo.
"Ninguém ganha a eleição de véspera. Até às oito horas da manhã de 2 de outubro, ninguém tem nenhum voto. Então vai ser preciso ralar muito, correr o Estado para conseguir uma votação expressiva e ajudar a eleger uma bancada grande de esquerda no Congresso Nacional", disse Boulos.
A expectativa de políticos da bancada paulista é de que Moro não terá menos que um milhão de votos. Ele e a mulher, Rosângela, transferiram domicílio eleitoral para São Paulo. Pessoas do entorno do ex-juiz sugerem que ele poderá ser candidato ao Senado. Ao Estadão, ele disse que ainda avalia sua participação e admite até não disputar cargo eletivo neste ano.
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No Rio, o mais votado em 2018 foi o subtenente do Exército Hélio Lopes, mais conhecido como Hélio Negão, com 345,2 mil votos. Este ano, porém, o presidente Jair Bolsonaro não o levará a tiracolo em todos os palanques como fez na eleição passada. Bolsonaro considera que Hélio já consegue se eleger sozinho e pretende impulsionar a candidatura do ex-sargento do Bope do Rio Max Guilherme Machado, hoje assessor presidencial.
Outros dois deputados mais votados de 2018 no Rio disputarão novos cargos: Marcelo Freixo (PSB) tentará o governo, e Alessandro Molon (PSB) deve concorrer ao Senado.
‘PUXADOR’
Ter um deputado eleito com muitos votos aumenta as chances do partido de "puxar" outros candidatos - aumentando assim sua participação dos fundos partidário e eleitoral. O "puxador" contribui para elevar o chamado quociente eleitoral da legenda. Quanto maior este quociente mais deputados um partido pode eleger. A regra de cálculo possui, no entanto, uma trava para que evitar que o "puxador" ajude a eleger candidato com poucos votos, como já ocorreu no passado. Hoje, para ser eleito deputado o candidato precisa de ter no mínimo 10% do total de votos para o cargo no Estado.
"O que está acontecendo no Brasil neste momento é um rearranjo partidário muito grande, talvez o maior dos últimos 30 anos, desde a redemocratização", disse o analista político e professor da FGV, Sérgio Praça. "Numa situação dessas, se você tem um candidato com potencial alto para atrair votos, é melhor lançar ele para a Câmara. Você não perde nada. Já o Senado, se ele perder, o partido perdeu um puxador de votos que faria diferença."
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Em Minas, a disputa segue indefinida. Os dois campeões de votos em 2018 se preparam para disputar o Senado: o ex-ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio (PL) e Reginaldo Lopes (PT). Os dois tiveram 230 mil e 194,3 mil votos em 2018, respectivamente. O terceiro daquele ano foi com André Janones (Avante), hoje pré-candidato à Presidência.
Políticos experientes de Minas dizem que também estão cotados para figurar entre os mais votados políticos jovens e com forte presença nas redes sociais, como o vereador bolsonarista de Belo Horizonte Nikolas Ferreira (PL); e o deputado estadual Cleiton Gontijo de Azevedo, o Cleitinho (Cidadania).