Brasil

Edson Fachin vota por derrubar emendas parlamentares impositivas; placar está 3 a 0 no STF

Corte começou a decidir nesta sexta-feira se mantém a liminar concedida até que o Congresso estabeleça novos procedimentos para garantir transparência na liberação dos recursos

Ministro Edson Fachin durante sessão plenária do STF (José Cruz/Agência Brasil/Agência Brasil)

Ministro Edson Fachin durante sessão plenária do STF (José Cruz/Agência Brasil/Agência Brasil)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 16 de agosto de 2024 às 08h23.

Última atualização em 16 de agosto de 2024 às 08h31.

Tudo sobreOrçamento federal
Saiba mais

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou na madrugada desta sexta-feira para acompanhar Flávio Dino na concessão da limitar que suspendeu a execução de emendas impositivas apresentadas por deputados federais e senadores ao Orçamento da União, até que o Congresso estabeleça novos procedimentos para garantir transparência na liberação dos recursos. Até o momento, o placar na Corte está 3 a 0 nesse sentido.

Entenda o julgamento

O julgamento ocorre no plenário virtual, no qual os ministros incluem seus votos em um sistema eletrônico do Supremo. O prazo para inserção dos votos começou à meia-noite e termina às 23h59 desta sexta. Caso algum dos ministros peça destaque ou vista, a análise é interrompida.

Nos primeiros minutos desta sexta, logo após a abertura do plenário virtual, tinham depositado seus votos o relator, Dino, e o ministro André Mendonça, que também o acompanhou, além de Fachin.

Dino depositou um voto mantendo a decisão dada nesta quarta-feira – deflagrando uma animosidade entre a Corte e o Congresso, que chegou a acionar o presidente do Supremo, ministro Luís Roberto Barroso, para que a liminar de Dino fosse suspensa. Senado e Câmara entraram nesta quinta-feira com um pedido de suspensão da decisão.

A determinação de Dino não inclui recursos destinados a obras em andamento ou ações para atendimento de calamidade pública. Em 2024, R$ 49 bilhões ficaram nas mãos do Congresso em emendas. Foram R$ 25 bilhões reservados para as emendas individuais, montante que inclui R$ 8,2 bilhões em emendas Pix; R$ 8,5 bilhões em emendas de bancada; e R$ 15,5 bilhões em emendas de comissão.

As emendas impositivas são aquelas que o governo é obrigado a executar, ou seja, não dependem de barganha com o Executivo. O questionamento sobre as emendas foi levado ao Supremo por uma ação apresentada pelo PSOL que questiona dispositivos de emendas constitucionais que tornaram obrigatória a execução de emendas parlamentares individuais e de bancada.

Dino considerou incompatível com a Constituição a execução de emendas ao Orçamento que não obedeçam a critérios técnicos. O ministro frisou que as emendas parlamentares impositivas devem ser executadas nos termos e “nos limites da ordem jurídica”, e não ficar sob a liberdade absoluta do parlamentar autor da emenda.

“Afinal, é uma grave anomalia que tenhamos um sistema presidencialista, oriundo do voto popular, convivendo com a figura de parlamentares que ordenam despesas discricionárias como se autoridades administrativas fossem. Em outras palavras, o equivocado desenho prático das emendas impositivas gerou a ‘parlamentarização’ das despesas públicas sem que exista um sistema de responsabilidade política e administrativa ínsito ao parlamentarismo”, afirma o ministro na decisão.

Ao final do voto, o ministro fez um adendo para destacar o papel importante, segundo ele, dos diálogos institucionais que vêm ocorrendo entre o Legislativo e o Judiciário sobre a questão das emendas.

"Realço que estão ocorrendo reuniões técnicas entre os órgãos interessados, com o auxílio do Núcleo de Conciliação da Presidência do STF, além de estar prevista reunião institucional com a presidência e demais ministros do Supremo Tribunal Federal, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, bem como do Procurador Geral da República e de representante do Poder Executivo, em busca de solução constitucional e de consenso, que reverencie o princípio da harmonia entre os Poderes", observa.

Segundo ele, havendo a realização de "diálogos institucionais sob a condução do Chefe do Poder Judiciário Nacional", a decisão liminar dada por ele "poderá ser reavaliada".

Ao acompanhar Dino, Mendonça citou os esforços em busca de uma saída acordada entre os Poderes. Ele mencionou a possibilidade de um entendimento a partir de reuniões técnicas com o auxílio do Núcleo de Conciliação da presidência do Supremo.

Outras duas liminares dadas por Dino envolvendo emendas também começaram a ser julgadas na madrugada desta sexta-feira e contam com a expectativa de que sejam validadas: duas das decisões são sobre as emendas de transferências especiais, conhecidas como Emendas Pix.

Elas foram proferidas nas duas últimas semanas e estabeleceram critérios para a realização dos repasses. Essas determinações seriam analisadas em duas sessões normais do plenário virtual, mas na quarta-feira Dino pediu o julgamento extraordinário. Nas duas, Dino manteve seus posicionamentos.

Acompanhe tudo sobre:Supremo Tribunal Federal (STF)CongressoEdson FachinFlávio DinoOrçamento federal

Mais de Brasil

Senado aprova obrigatoriedade de exame toxicológico para 1ª carteira de motorista

Senado aprova projeto para restringir uso de celular em escolas

Linha 11-Coral da CPTM segue com superlotação após descarrilhamento; veja alternativas

Posso tirar o nome do meu pai/mãe da certidão de nascimento?