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É falsa informação que livro de Haddad incentiva o incesto

Publicação do escritor Olavo de Carvalho sobre uma obra do petista viralizou nesta semana, mas informação não é verdadeira

Haddad: livro do candidato à Presidência traz reflexão sobre so (Agência Brasil/Agência Brasil)

Haddad: livro do candidato à Presidência traz reflexão sobre so (Agência Brasil/Agência Brasil)

CC

Clara Cerioni

Publicado em 17 de outubro de 2018 às 19h06.

Última atualização em 17 de outubro de 2018 às 19h08.

São Paulo – Na semana passada, o escritor Olavo de Carvalho afirmou em seu Facebook que o livro de Fernando Haddad (PT) incentiva o sexo entre pais e filhos. A publicação foi compartilhada inúmeras vezes nos últimos dias. A informação, no entanto, é falsa.

Na postagem, que foi deletada posteriormente, Carvalho escreveu "estou lendo um livrinho do Haddad, onde ele defende a tese encantadora de que para implantar o socialismo é preciso derrubar primeiro o "tabu do incesto". Kit gay é fichinha. O homem quer que os meninos comam suas mães."

Na obra "Em defesa do socialismo – por ocasião dos 150 anos do Manifesto", de 1998, Haddad apresenta uma reflexão ao sistema capitalismo atual, o qual chama de "superindustrial", e discute sobre as relações de trabalho de hoje.

Além disso, questiona as estruturas conservadoras da sociedade e debate sobre a liberdade do pensamento crítico do indivíduo. EXAME teve acesso ao livro e confirmou que em suas 67 páginas não há indução ao incesto.

Após apagar a postagem em que dizia que o livro do petista defendia o incesto, Olavo de Carvalho publicou uma nota de correção afirmando que “em sentido literal e material, não é exato o que escrevi às pressas num post que logo em seguida retirei de circulação, segundo o qual o Haddad 'defende' ou 'prega' a prática do incesto. Ele apenas subscreve integralmente o programa da 'sociedade erótica' pregado pela Escola de Frankfurt, o qual advoga claramente a erotização das relações entre as mães e seus filhos."

O trecho que Carvalho pode estar se referindo está na página 54 do livro:

"A psicanálise viria assim suprir, no seio do marxismo, o degrau faltante entre base econômica e superestrutura ideológica. Além disso, a psicanálise poderia ajudar a explicar a estabilidade da ordem capitalista num momento em que sua necessidade objetiva já havia passado. Numa outra chave, procurou-se extrair dessa teoria sua força crítico-utópica, malgrado o pessimismo expresso pelo seu fundador, enfatizando-se aqueles elementos que efetivamente projetavam-se para lá do sistema presente, na direção de uma civilização erótica. Tanto na versão crítico-resignada como na versão crítico-utópica da recepção marxista da psicanálise, a terapia jamais foi plenamente aceita pois sempre esteve associada à ideia de que seria impossíveis ao indivíduo alcançar a cura numa sociedade irracional como a capitalista."

Até a publicação desta reportagem, a assessoria de imprensa do candidato Fernando Haddad ainda não havia se pronunciado.

 

TSE nega retirada de conteúdo do ar

A coligação de Haddad entrou com um pedido no TSE para remover 21 postagens de Olavo de Carvalho. Segundo a defesa, o escritor "usa as redes sociais para difundir informações infundadas, injuriosas e difamatórias".

Na última segunda-feira (15), o ministro Luís Felipe Salomão, do TSE, negou o pedido do partido e manteve as postagens.

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